No ano de 2018 a Faixa de Gaza teve uma grande onde de mobilização, contudo muito diferente da atual luta, liderada pelo Hamas. Nos 70 anos da Naqba, a tragédia palestina, os protestos eram pacíficos. Os palestinos realizavam passeatas até as grandes entre Gaza e “Israel” e lá eram alvejados por disparos de fuzil dos soldados sionistas. Foram 254 palestinos assassinados, algo que hoje pode parecer pouco, ofuscado pela campanha de bombardeios genocidas, mas que na época foi muito impactante. Foi por meio da luta desses mártires que entrei de fato na luta em defesa da Palestina.
Naquele momento ainda não era militante do PCO, mal conhecia o Partido. No Brasil Lula estava preso, a principal campanha era a liberdade para Lula, cujo PCO era a vanguarda. Mas em abril, mês que Lula foi preso, o mais me tocava eram as cenas dos palestinos sendo assassinados a luz-do-dia em protestos pacíficos. Por isso eu e um companheiro querido, que já era próximo do Partido, decidimos tomar a ação para nossas mãos. De forma um tanto anarquista saímos para botar a defesa da Palestina nas paredes, se é que o leitor me entende. No dia de 70 anos da Naqba os sionistas do Rio de Janeiro certamente acordaram um tanto irritados.
Foi uma pequena ação, mas eu sentia a necessidade de fazer algo em defesa daquele povo massacrado. A classe operária de fato é internacional, é tão material que sentimos em nosso sangue. Passados 5 anos muito mudou, tanto no Brasil quanto na Palestina. Ambas as nossas lutas evoluíram. Lá o Hamas impôs a maior derrotada da história ao sionismo com a Operação Dilúvio de al-Aqsa. Os palestinos, que agiam quase como mártires do início dos princípios do cristianismo, perceberam que isso não leva a nada. Perceberam que armas só se vencem com armas. E assim o Hamas cresceu e se organizou cada vez mais.
No Brasil os trabalhadores também se organizaram. Os jovens que tomavam ações individuais em 2018 se agruparam em torno de uma organização revolucionária. Por meio dessa organização a defesa da Palestina se tornou uma gigantesca campanha. O PCO na realidade garantiu que no Brasil houvesse uma luta em defesa da Palestina dada a capitulação ante o sionismo de quase a totalidade da esquerda. Só o PCO levou essa luta a centenas de milhares de trabalhadores, algo mais do que necessário em meio a um dos eventos mais importantes do século XXI. A luta contra o imperialismo na Palestina fortaleceu a luta contra o imperialismo no Brasil.
O que o desenvolvimento da luta nesses 5 anos é a importância de uma vanguarda revolucionária. Na Palestina a vanguarda é o Movimento de Resistência Islâmica, um partido revolucionário que conquistou as massas. Aqui a vanguarda é o PCO, o Partido revolucionário, que se torna cada vez mais popular e que já tem um enorme impacto na política nacional. Desde outubro isso ficou ainda mais claro. A polarização no Brasil se formou na direita com o Bolsonarismo e na esquerda com o PCO. É uma demonstração clara de que conforme a crise avança, conforme a situação brasileira tende a se tornar cada vez mais como a Palestina, o caminho do PCO é o mesmo do Hamas. O caminho da vitória! O caminho da derrota do sionismo! O caminho da derrota do imperialismo!
Pode parecer um exagerei para que não acompanha a luta política. Mas certamente no dia 6 de outubro muitos, inclusive eu, falariam que o Hamas não teria sucesso. Mas o Hamas mostrou ao mundo inteiro que é possível lutar. E se é possível lutar até na Faixa de Gaza, é uma obrigação que se lute no Brasil. O Hamas é a vanguarda da luta política no mundo hoje. No Brasil a nossa hora vai chegar.