Após dois anos de uma guerra de agressão iniciada contra a Rússia, o imperialismo vem sendo derrotado na Ucrânia.
No último dia 17, o exército russo libertou a cidade de Avdeevka, na província de Donetsk. Conforme já noticiado por este Diário, a cidade era um reduto das forças armadas ucranianas há mais de 10 anos, sendo um dos locais mais fortificados do país. Com o recuo das tropas ucranianas, a bandeira russa foi erguida na cidade, resultando em uma grande derrota para os Estados Unidos.
Alguns dias após este ocorrido, nessa terça-feira (26), o exército russo seguiu em sua ofensiva e obteve controle sobre o vilarejo de Lastochkino, no entorno de Avdeevka. Em declaração, o Ministério da Defesa russo disse que “na direção de Avdeyevka, unidades do agrupamento central de forças libertaram a aldeia de Lastochkino e continuaram a melhorar a situação ao longo da linha de frente”.
No mesmo dia, começaram a ser divulgadas no Telegram imagens de um tanque norte-americano M1 Abrams destruído. Segundo tanto a imprensa russa quanto a imprensa imperialista, trata-se do primeiro tanque norte-americano destruído na guerra da Ucrânia. Segundo informações da RT, o veículo militar foi destruído “perto da vila de Berdychi, localizada a noroeste de Avdeevka, uma importante cidade de Donbass recentemente libertada pelas forças russas”.
Mais um revés para os Estados Unidos, que entregaram diversos desses tanques em outubro de 2022 às forças armadas ucranianas.
À luz desses mais recentes ocorridos, a rede de televisão CNN, do imperialismo norte-americano, entrevistou Victoria Nuland, atual subsecretária de Estado dos Assuntos Políticos e arquiteta do Euromaidan, golpe de Estado perpetrado pelos EUA na Ucrânia, em 2014, que levou ao poder um governo servil ao imperialismo e sustentado por milícias armadas nazistas.
Na entrevista, as declarações de Nuland mostraram claramente que a guerra na Ucrânia se trata de uma guerra de agressão imperialista contra a Rússia. A subsecretária disse, em determinado momento, que a atual Federação Russa, governada pelo governo nacionalista de Vladimir Putin, não é a Rússia que o imperialismo queria:
“Francamente, não é a Rússia que queríamos. Queríamos um parceiro que fosse ocidentalizado, que fosse europeu. Mas não foi isso que Putin fez.”
Em outras palavras, os Estados Unidos não querem que a Rússia seja um país soberano, mas subserviente aos interesses do imperialismo.
Aliás, a declaração de Nuland significa mais do que isto, conforme explicou Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), no programa Análise Internacional, que foi ao ar nessa segunda-feira (26) no canal do Diário Causa Operária no YouTube. Segundo Pimenta, o imperialismo não queria apenas transformar a Rússia em um país subserviente, mas destruí-la em diversos outros países menores para facilitar o domínio imperialista sobre a região do leste europeu e da Ásia:
“Queriam transformar a Rússia, que sempre foi um país independente, em um satélite dos Estados Unidos. Queriam reduzir a Rússia, balcanizar o país.”
Da mesma forma, aponta que essa declaração de Nuland é um lamento do imperialismo diante de sua impotência em subjugar o gigante do leste. Ao mesmo tempo, reitera que “ocidentalizar” a Rússia não era um objetivo do imperialismo:
“É uma choradeira: ‘seria bom de os russos fossem ocidentais’, coisa que não era o projeto, o programa do imperialismo norte-americano. O programa deles era liquidar a Rússia. Eles precisavam neutralizar um inimigo muito poderoso, um país que nunca foi efetivamente dependente do imperialismo. Acredito que isto é um choro de quem já percebeu que o caso ucraniano está perdido.”
Contudo, Rui apontou que, diante dessa situação, o imperialismo pode agir de forma desesperada:
“Nós só temos que ver se não irá ocorrer alguma jogada escatológica do imperialismo diante da derrota.”
Nesse sentido, vale ressaltar que o governo Biden segue tentando fazer com que o Congresso permita o envio de mais dinheiro para a Ucrânia. Na entrevista, ao tentar convencer o público a apoiar que recursos continuem sendo enviados, Nuland acabou mostrando claramente que são os Estados Unidos que sustentam essa guerra e que é um péssimo negócio ser aliado do imperialismo, pois, no caso, “a maior parte deste dinheiro vai voltar diretamente para a economia dos EUA“:
“Temos que lembrar que a maior parte deste dinheiro vai voltar diretamente para a economia dos EUA, para fabricar armas, incluindo empregos bem remunerados em cerca de quarenta estados dos EUA.”
Para ser ter uma ideia, desde 24 de janeiro de 2022, os Estados Unidos já enviaram mais de 73,7 bilhões de dólares para a Ucrânia, segundo informações do Instituto Kiel, da Alemanha. Um negócio rentável para a indústria bélica do imperialismo, conforme a declaração de Nuland.
Confirmando que é um péssimo negócio ser aliado do imperialismo, Rustem Umerov, ministro da Defesa da Ucrânia, declarou recentemente que metade das armas fornecidas pelo imperialismo chegam atrasadas, resultando em baixas nas fileiras ucranianas:
“Neste momento, o compromisso não constitui entrega […] 50% dos compromissos não são entregues no prazo […] Basicamente, qualquer compromisso que não chegue a tempo, perderemos pessoas, perderemos territórios.”
Apesar disto, o governo Zelenski segue pedindo armamento do imperialismo, inclusive requerendo que os países imperialistas comprem munições de outros países e enviem para a Ucrânia. Assim foi a declaração de Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano:
“Há uma solução sobre onde obter as munições. Atualmente, elas estão em outros países. Nossos parceiros devem comprar as munições de outros países e transferi-las para a Ucrânia.”
Como forma de propaganda para que o imperialismo, em especial o norte-americano, consiga direcionar mais dinheiro para a Ucrânia, no dia 25 de fevereiro, Zelenski divulgou, pela primeira vez, o número “oficial” de baixas ucranianas: 31 mil. Uma falsificação grotesca que só serve para fins de propaganda.
Isto veio logo após o presidente golpista da Ucrânia ter afirmado que “é claro que prepararemos uma nova contra-ofensiva, uma nova operação”, após o fracasso retumbante que foi a contraofensiva ucraniana de junho de 2023. A declaração foi dada à rede de televisão norte-americana Fox News.
Apesar das bravatas, a crise do imperialismo na Ucrânia nunca foi tão grande. Segundo noticiado pelo jornal The Times, do imperialismo britânico, Victoria Nuland teria ficado “infeliz com a partida de Zalujni”.
Nesse sentido, matéria publica na RT, em 25 de fevereiro, noticia rupturas entre o governo civil e os militares ucranianos. Segundo diz o artigo, “o governo ucraniano queria que os militares descobrissem como Kiev poderia derrotar a Rússia, mas não forneceu dados sobre os recursos de que dispunha para atingir esse objetivo, disse um conselheiro do ex-comandante-em-chefe ucraniano Valery Zaluzhny“. O conselheiro, no caso, é o general Viktor Nazarov, que disse que o governo Zelenksi queria que os militares elaborassem “um roteiro para a vitória sem lhes dizer a quantidade de homens, munições e reservas que teriam para executar qualquer plano”.
Mostrando que o imperialismo terá que lidar com sua própria população caso queira dar continuidade à guerra, recentemente foi divulgada uma pesquisa constatando que a maioria dos alemães está insatisfeita com as políticas de seu país em relação à Ucrânia e que “o governo está fazendo demasiado pelos ucranianos que chegaram à Alemanha após o início do conflito […], ao mesmo tempo que não faz o suficiente para ajudar a pôr fim aos combates”, segundo noticiou a RT.
No mesmo sentido, a crise nos Estados Unidos, em relação à Ucrânia, é profunda. O governo Biden, representante do imperialismo norte-americano, não consegue obter autorização do Congresso para enviar mais dinheiro para a Ucrânia em razão da oposição feita pelo trumpismo, que tenta apelar para a população. Há duas semanas, o Senado aprovou o envio de 61 bilhões de dólares ao país do leste. Mas, ao que tudo indica, a Câmara dos Representantes irá rejeitá-lo.
Assim, na esteira do aniversário de dois anos da guerra, o governo dos EUA anunciou mais sanções contra a Rússia. Contudo, as sanções impostas logo no começo do conflito não só falharam, mas causaram uma profunda crise econômica no imperialismo europeu.
De forma que os Estados Unidos e demais países imperialistas seguem sendo derrotados pela Rússia, não conseguindo se desvencilhar da crise que eles próprios criaram.