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Judiciário

‘Vai Xandão!’: esquerda aumenta torcida para o STF

Basta que Bolsonaro emita algumas opiniões críticas contra o STF, e setores que se dizem de esquerda saem gritando pelo nome de Alexandre de Moraes

Após os depoimentos à Polícia Federal dos ex-comandantes das Forças Armadas, Carlos de Almeida Baptista Junior (FAB) e Marco Antônio Freire Gomes (Exército), setores da esquerda nacional voltaram a ficar entusiasmados com uma eventual prisão de Jair Bolsonaro, e mais uma camada de verniz de esperança no glorioso Supremo Tribunal Federal (STF) foi adicionada no terreno da luta contra o bolsonarismo no Brasil.

Neste sábado (16), Bolsonaro, em evento político de pré-candidaturas municipais na cidade do Rio de Janeiro, falou sobre os depoimentos. “Não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos”, afirmou o ex-capitão. “Não faltarão pessoas para te perseguir, para tentar te derrubar, para te acusar das coisas mais absurdas”, complementou.

O colunista do portal Brasil 247, Alex Solnik, analisou as declarações de Bolsonaro. Ele escreveu:

“Como é de seu feitio, ele dobrou a aposta. Posou, mais uma vez, de ex-presidente perseguido pelo TSE e pelo STF. E claramente atuou para desmoralizar as duas instituições fundamentais de uma democracia, ou seja, continua atentando contra a democracia, repetindo, em gênero, número e grau, os movimentos denunciados pelos ex-chefes militares. O que ele fez hoje foi incitar a opinião pública contra o TSE e o STF.”

Bolsonaro, no evento em questão, simplesmente emitiu uma opinião. Disse o que pensa sobre os processos judiciais que correm contra ele. Fez críticas às cortes superiores do Poder Judiciário.

O problema é que Bolsonaro criticou instituições sagradas, imaculadas, divinas. Quem critica, vale dizer, emite um conjunto de frases com conteúdo crítico, o TSE e o STF incorre em crime grave. Segundo Solnik, ele “atuou para desmoralizar as duas instituições fundamentais de uma democracia” e, nesse sentido, ele “continua atentando contra a democracia”. Foram-se os tempos em que, para se desferir um golpe de Estado, eram necessários atrair setores militares, pôr os tanques nas ruas, mobilizar os aparatos policiais, cooptar setores do Congresso e impulsionar uma campanha de propaganda contra o alvo. Hoje, basta soltar meio dúzias de palavras críticas contra as instituições sagradas do Poder Judiciário para que se tenha configurado um golpe de Estado. E tudo isso é defendido por setores da esquerda!

Essa esquerda, hoje, deposita todas as suas fichas no Sr. Alexandre de Moraes para combater o bolsonarismo. O chefe da Justiça Eleitoral, instituição abençoada por Deus, foi ungido ao papel de “cavaleiro da democracia”. Um tucano, um golpista indicado por Michel Temer ao STF, detentor de uma ficha corrida de ataques à população, em especial, ligados à violência policial, nos governos estaduais do PSDB, é o homem eleito para derrotar Bolsonaro. É difícil encontrar situações mais absurdas que isso.

O caldeirão de absurdos se incrementa com a tese de que o TSE e o STF seriam os baluartes da “democracia”. Por que essas instituições não eleitas, que não prestam contas ao povo, que não se submetem a nenhum mecanismo de controle popular, governadas única e exclusivamente por uma casta burocrática a serviço das classes dominantes, que são responsáveis, em última instância, com o Poder Judiciário de conjunto, pelo encarceramento de mais de 800 mil pessoas, na sua maioria pobres e negros ― por que essas instituições seriam “duas instituições fundamentais de uma democracia”? Por que criticá-las constituiria atentado à democracia? É difícil entender. Se entendermos por “democracia” o “governo do povo”, a soberania popular, então teremos necessariamente que concluir que o TSE e o STF são instituições incompatíveis com a democracia, já que não guardam nenhuma relação positiva com o povo, não expressam seus interesses, nem o representam de alguma maneira. São, antes, instituições inimigas do povo, que atuam, na sua essência, para esmagá-lo, mantê-lo na condição de oprimido.

Ao se jogar nos braços de Alexandre de Moraes e do STF, a esquerda se coloca totalmente a reboque da direita tradicional, que mantém algumas contradições com o bolsonarismo. A política de perseguição judicial a Bolsonaro é, na verdade, uma política dessa direita. A esquerda, ao assim fazer, carimba seu apoio no manancial de arbitrariedades que Alexandre de Moraes e Cia. põem em marcha na pretensa luta contra o bolsonarismo. Prestam apoio à perseguição dos “pobres coitados”, entre os quais se incluem donas de casa, funcionários da Sabesp, entregadores de aplicativo e até moradores de rua, os quais, até o momento, foram as únicas vítimas da voracidade judicial do STF. Tal apoio cobrará um preço caro: as arbitrariedades do Judiciário, mais cedo ou mais tarde, se voltarão contra os trabalhadores e suas organizações, ou seja, contra a própria esquerda.

Ao final do seu artigo, Solnik endereça uma espécie de “sugestão” ao Ministro Alexandre de Moraes: “Imagino que o ministro Alexandre de Moraes também esteja preocupado com mais essa demonstração de tentativa de golpe continuado. E tome as providências cabíveis. Dentro do devido processo legal.” É como se alguém dissesse: “Cometa um homicídio. Dentro da lei”. A esquerda que se afaga em Alexandre de Moraes não apenas cai no ridículo, mas caminha para a derrota.

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