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STF

Uma esquerda que não entende nada de luta contra o fascismo

A esquerda pequeno-burguesa segue endeusando o ministro do STF indicado por Temer que votou a favor da prisão de Lula

A disputa política entre a direita tradicional, chamada de “democrática”, e a extrema direita se expressa no atual momento na disputa entre Alexandre de Moraes e os bolsonaristas. A esquerda pequeno burguesa, incapaz de entender que as vitórias políticas dos trabalhadores só podem se dar por meio da luta destes trabalhadores, segue endeusando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). É uma política totalmente absurda, mas que é repetida todos os dias na imprensa da esquerda, como no caso do artigo de Arnôbio Rocha no Brasil 247 Alexandre de Moraes e o enfrentamento ao Bolsonarismo.

O artigo começa com a premissa errada: “goste-se ou não, a mim, parece muito claro que sem Alexandre de Moraes, dificilmente essa direita radical estaria sob pressão”. Aqui, já se vê a inversão da realidade. O que colocou o bolsonarismo sob pressão foi quando ele foi derrotado no cargo mais importante de todos, o governo federal. Naquele momento, a esquerda, os trabalhadores impuseram uma derrota ao bolsonarismo. No entanto, a esmagadora maioria da esquerda não partiu para uma política de combate ao bolsonarismo após a eleição de Lula. Isso deixou um caminho aberto para manobras da burguesia, aí entra Alexandre de Moraes.

Arnóbio logo depois demonstra que a luta dos trabalhadores não está em seu leque de ideias: “a vitória extremamente apertada de Lula no segundo turno, a composição do Congresso Nacional em ampla maioria de políticos ligados à direita, um país em fragalhos, dá pouca margem de ações mais duras frente à ultradireita”.

A vitória de Lula dá uma margem enorme de ação contra a “ultradireita”. A esquerda tem o próprio governo federal. O necessário é mobilizar os trabalhadores para que o governo possa tomar mais medidas. O que não é possível é confiar que o Judiciário, aquele que derrubou Dilma e prendeu Lula, irá de alguma forma ajudar o povo.

Então, como de costume, aparece a análise completamente errada dos eventos do 8 de janeiro: “a inflexão se deu com o 8 de janeiro, o chamado bolsonarismo calculou mal a conjuntura e partiu para o tudo ou nada, talvez pensando que se o governo Lula se estabelecesse teriam mais dificuldades de derrubá-lo, então se precipitaram”. O bolsonarismo passou longe de um “tudo ou nada”. O bolsonarismo é maioria no Exército e em todas as polícias do Brasil. Um “tudo ou nada” envolveria um enorme contingente de bolsonaristas armados nas ruas, até mesmo tanques e outros blindados. O ato do 8 de janeiro não foi precipitado, ele tinha como objetivo desestabilizar o governo Lula, e o governo de fato foi desestabilizado.

Ele então cita que o caso do 8 de janeiro abriu uma oportunidade para processar Bolsonaro, como se seu governo não fosse o suficiente para se abrir processos. Mas o argumento se torna ainda mais baixo, pois tudo recai sobre a responsabilidade de Alexandre de Moraes: “sem o Ministro Alexandre de Moraes como titular dessas ações no Supremo Tribunal Federal, dificilmente se teria essa dimensão dos atos e desdobramentos dos processos, as prisões logo depois do dia 08.01, as condenações e essa nova fase de ir atrás dos financiadores e dos que planejaram, conspiraram, inclusive, o coração da tentativa do Golpe, a Família Bolsonaro”.

O colunista dá todos os louros ao ministro do STF sem nenhuma explicação. Personifica os atos como se não houvesse todo um bloco político envolvendo Moraes. O motivo de esconder isso pode ser um, que em torno do ministro há os maiores inimigos dos trabalhadores: rede Globo, Estadão, Folha de S. Paulo, PSDB e o governo dos Estados Unidos. O bloco político do qual Moraes faz parte é uma denúncia de que ele mesmo é um grande inimigo dos trabalhadores. Vale lembrar que quem o indicou foi Michel Temer e que ele votou a favor da prisão de Lula.

Para além disso, há a análise errada sobre a “tentativa de golpe”, colocando também uma relevância maior do que a real na família Bolsonaro. Que não foi tentativa de golpe, foi descrito acima; agora, é preciso compreender que o pior do bolsonarismo não é o próprio Bolsonaro. O “coração” do movimento até pode ser o ex-presidente, mas o que lhe garante força política é muito mais concreto: as Forças Armadas. Nesse sentido, processar Bolsonaro sem processar a esmagadora maioria dos generais, que são golpistas e bolsonaristas, é apenas uma demagogia. É um engodo, algo que leva os trabalhadores a não combater seus inimigos.

O autor do artigo ainda continua: “a política vai ferver, ontem a noite, talvez de posse de indícios de que haveria essa operação, o clã Bolsonaro fez uma longa live para sacudir a sua horda selvagem, as ordens de ataques ao governo, contra a PF, Supremo e todos os aliados da Democracia, inclusive, a mídia alternativa, em minutos o Brasil 247 estava tomado por eles nos chats dos programas, reação imediata”. A fixação pela família Bolsonaro demonstra também uma imaturidade política. Um movimento que envolve milhares de empresários, governos dos mais importantes estados do Brasil, centenas de parlamentares não pode ser reduzido a uma família.

Aqui, é preciso fazer a comparação com os EUA. Lá, o candidato da extrema direta, Donald Trump, já acumulou mais de 90 processos. Qual foi o resultado dessa política? Sua popularidade aumentou, e muito. Trump agora parece uma força indestrutível no que diz respeito às eleições dos EUA. Biden terá que apelar para alguma manobra para impedir a sua derrota.

O mesmo é valido para Bolsonaro. A perseguição não afeta sua popularidade negativamente. Ele continua sendo respeitado por dezenas de milhões de brasileiros. Além disso, os burgueses que o apoiam, os generais, também não mudam sua posição devido às ações do STF.

No fim, a esquerda pequeno-burguesa que endeusa Alexandre de Moraes não entende nada de luta contra o fascismo. Adolf Hitler tentou dar um golpe de fato em 1923. Em 1933, ele tomou o poder. A estratégia da esquerda naquele momento é muito parecida com da esquerda pequeno-burguesa atualmente. Muita confiança na democracia burguesa, muito pouca luta contra o fascismo.

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