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100 anos de Nahuel Moreno

Um legado para o oportunismo e o revisionismo do trotskismo

O morenismo se caracterizou como um movimento pequeno-burguês que se adaptava sua política às modas de cada período

O PSTU publicou em seu sítio na internet, Opinião Socialista, no último dia 17 de abril, um artigo em homenagem aos 100 anos de Nahuel Moreno, argentino fundador do próprio PSTU e de organizações aliadas na Argentina e outros países. O artigo, chamado Os 100 anos Nahuel Moreno e a luta por um marxismo vivo e alicerçado na classe operária é assinado por Jerônimo Castro.

O morenismo foi um corrente dentro do trotskismo caracterizada por uma capacidade de adaptação oportunista à situação política do momento. Um revisionismo do trotskismo e do marxismo, como explica artigo publicado em dezembro de 2014 no sítio da Revista Textos, assinado por Natália Pimenta, chamado O que é o morenismo?: “Trata-se de um percurso bastante acidentado o que levou o PSTU de formulações absolutamente cretinas como a de que Trótski não havia dado suficiente atenção à questão das revoluções democráticas (Atualização do Programa de Transição, Nahuel Moreno, 1980) à formulação de um programa “democrático-imperialista” como o que vem expondo recentemente em sua imprensa e intervenções públicas.”

Esse percurso acidentado, o artigo do PSTU tenta justificar como uma busca por uma “atualização permanente” do marxismo. “Moreno, diz o artigo do PSTU, sempre teve uma atitude aberta diante dos novos acontecimentos no mundo” e ainda que “essa atitude também esteve presente em cada novo acontecimento da luta de classes durante um período no qual o processo de descolonização dos países periféricos da África, da Ásia e das Américas”. Tal atitude, apresentada pelo autor do artigo como uma virtude de Moreno, eram, na realidade, zigue-zagues teóricos, ao estilo da burocracia para se adaptar a algum modismo. Foi assim, por exemplo, que Moreno adotou a teoria do Foco Revolucionário após o sucesso da Revolução Chinesa e Cubana. Tal ideia é estranha ao marxismo e foi bem sucedida nas situações específicas dos dois países. Em que pese o heroísmo dos revolucionários cubanos e chineses, é um erro extrapolar tais experiências para uma nova teoria do marxismo.

O autor do texto do sítio do PSTU assim explica esse zigue-zague: “Como exemplo, basta citar que ao ver a Revolução Chinesa em curso, Moreno chegou à conclusão de que a teoria militar de Mao Tsé-Tung era uma contribuição ao marxismo revolucionário. Uma conclusão que, contudo, não deveria nos isentar do combate estratégico ao maoismo, enquanto uma variação do stalinismo”.

Na realidade, o que temos aqui não é nenhuma “explicação dialética”, como diz o texto do PSTU. Trata-se de mero revisionismo, como bem explica o texto de Natália Pimenta: “Para se adaptar à moda, era preciso revisar o marxismo, ou seja, adaptá-lo de modo a agradar a classe média simpatizante dos métodos guerrilheiros. Assim, a política de estar sempre a reboque das tendências pequeno-burguesas se combinava com a total ignorância do marxismo. Moreno acaba por ostentar uma teoria completamente idealista onde a vontade modifica as condições objetivas para a revolução.”

É possível verificar ainda hoje essa adaptação revisionista na própria política atual do PSTU. O partido, hoje, adota uma versão pró-imperialista da política, influenciado pela moda do identitarismo e usando-o como cobertura para uma política reacionária. Tanto é assim que o PSTU é o grupo mais hostil a Cuba e à China, já que defender ambos deixou de ser moda entre pelo menos parte da classe média.

Como fica claro, apenas com poucos exemplos, Nahuel Moreno é um típico representante da esquerda pequeno-burguesa e sua política revisionista surte efeitos até hoje na política do PSTU e seus partidos satélites, muitos deles vindos do morenismo. Nesse sentido, se há algum legado de Moreno, é o oportunismo pequeno-burguês e o revisionismo do trotskismo.

O que é o morenismo?

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