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Brasil

Um governo que não pode ser criticado?

Acusar aqueles que defendem a mobilização contra as Forças Armadas de “palhaçada” é contribuir para acelerar a queda de Lula

No artigo Respeitem a história de Lula, o blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, critica aqueles que se revoltaram contra a posição de Lula frente aos 60 anos do golpe militar de 1964. Incapaz de discernir as críticas honestas dos setores que querem defender os interesses do povo brasileiro das críticas cínicas de setores da imprensa burguesa e golpista, que querem apenas “tirar uma casquinha” do governo Lula, Guimarães dispara:

“Agora, os lacradores estão fazendo uma palhaçada de proporções titânicas porque Lula fez um acordo com militares para evitar acirrar a polarização com atos no governo e nos quartéis in memoriam do infame 31 de março de 1964.”

Qual seria a “palhaçada” em si, o blogueiro não deixa claro. Tudo o que faz é, com razão, assinalar o cinismo de figuras como Hélio Schwartsman, da Folha de S. Paulo. Mas por que o blogueiro não diz que o próprio Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu uma nota convocando atos contra a ditadura militar? Porque não debate com os argumentos daqueles que estiveram envolvidos desde o primeiro momento na campanha por Lula presidente em 2022, como o Partido da Causa Operária?

A ideia de Eduardo Guimarães é classificar toda crítica ao governo como ilegítima – isto é, toda crítica viria da direita ou estaria a serviço dela. É uma posição absurda e que, finalmente, só favorece a direita, uma vez que torna o governo ainda mais pressionado pelos setores que lhe são inimigos.

Para Guimarães, se a direita critica Lula, é canalhice. Correto. No entanto, se a esquerda o critica, seria “voluntarismo”. Em outras palavras, para ele, o papel da esquerda se resumiria a “confiar” em tudo o que o governo faz. Guimarães deixa isso claro no trecho abaixo:

“Que estratégia tem Lula? Aquela que o fez ganhar CINCO eleições presidenciais (porque as duas que Dilma ganhou foram baseadas na estratégia dele). Lula foi preso pela ditadura por enfrentá-la como ninguém jamais havia enfrentado e com resultados que ninguém jamais havia obtido. E venceu. Sua estratégia é vencedora há muito mais tempo do que boa parte dos seus críticos tem de vida.”

Eduardo Guimarães esquece que, no meio de toda essa história, Lula também perdeu três eleições presidenciais – quatro, se considerarmos também 2018. Que o seu partido foi vítima de um golpe de Estado em 2016 e que o próprio presidente foi preso – e poderia ainda estar, não fosse a crise política que se instaurou no País.

Em sua tentativa de mostrar que Lula estaria sempre certo, Guimarães ainda diz que:

“Ele acertou quase todas as vezes em que disseram que estava errando. Por exemplo, quando escolheu Geraldo Alckmin para vice — sem o qual talvez não tivesse conseguido formar a frente ampla que o elegeu.”

Trata-se justamente do oposto. A infiltração de elementos como Geraldo Alckmin e Simone Tebet foram o que quase fizeram a candidatura de Lula, apoiada por amplas massas, fracassar. Tanto é assim que, diante da baixíssima mobilização no primeiro turno, o próprio Lula, no segundo turno, praticamente escondeu as figuras da “frente ampla” e apelou para o povo para conseguir derrotar Jair Bolsonaro.

Por fim, é preciso destacar que o próprio blogueiro não entra no mérito. Ele é incapaz de argumentar por que seria sábio não repudiar o golpe de 1964 – tanto que seu único argumento é uma “carteirada”. Se a ideia é diminuir a polarização, trata-se de um enorme erro. Afinal, o que o governo irá fazer ao evitar a polarização é desperdiçar mais uma oportunidade de denunciar os seus inimigos e, assim, de mobilizar a população a seu favor.

O caso do golpe de 1964 mostra justamente por que o governo não pode ser blindado de críticas. O governo Lula está visivelmente emparedado pelos militares e pela direita. Ao mesmo tempo em que vetou cerimônias oficiais contra o golpe de 1964, também se alinhou ao imperialismo na crítica ao processo eleitoral na Venezuela. Neste sentido, o que o governo precisa é de ser pressionado pela mobilização popular. Pelo contrário, acabará cedendo ainda mais terreno para os seus inimigos.

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