Previous slide
Next slide

Brasil

Trabalho, comida, casa! Não! O negro precisa de novas palavras

Esconder o racismo com novo vocabulário não vai mudar uma vírgula da vida do negro

Texto recente do site O Vermelho expõe como o identitarismo se infiltrou na esquerda brasileira e, agora, determina quais políticas devem ser levadas adiante, por exemplo, na questão dos direitos do povo negro.

Em um texto chamado Como os dicionários retratam os negros – nos EUA e no Brasil, o texto resolve brigar contra as “visões racistas ou discriminatórias – que tratam o negro como ‘escravo’, ‘indivíduo sem alma’ ou ‘indivíduo comercializável'” que estariam disponíveis em dicionários.
Para retratar essa questão, o texto começa com a descrição de uma cena do filme “Malcolm X”, de 1992, que mostraria “a natureza ideológica das palavras e das representações. A cena é ambientada no pátio da prisão norte-americana de Charleston. Baines (Albert Hall) tenta atrair Malcolm (Denzel Washington) para a Nação do Islã. Mas, antes do convite, há uma série de perorações sobre a relação entre brancos e negros”.

Já na biblioteca da cadeia, os personagens Malcolm X e Baines conversam: “Você aceitou tudo o que o homem branco lhe disse. Ele disse que você era um pagão negro – e você acreditou nele”, diz Baines. “Ele disse para você idolatrar um Jesus loiro, de olhos azuis, de pele branca – e você acreditou. Ele disse que o preto era uma maldição – e você acreditou. Você já procurou a palavra ‘preto’ no dicionário?”.

Segundo O Vermelho, foi ao ler as definições de negro no dicionário, como “destituído de luz”; “desprovido de cor”; “envolto na escuridão – logo, muito sombrio e obscuro, como em ‘futuro negro’” (…); “coberto de sujeira”; “imundo”; “lúgubre”; “hostil”; “proibido, como ‘um dia negro’”; “insensato ou extremamente perverso, como em ‘magia negra’”; “indica desgraça, desonra ou culpa”, que Malcolm X resolve militar em defesa dos direitos civis dos negros norte-americanos, o que é forçar muito a barra e mesmo mentir sobre os reais motivos que levaram Malcolm X a organizar a luta do negro. 

Malcolm X resolve organizar a luta do negro, especialmente de armas na mão, por meio do Partido dos Panteras Negras em especial, porque viu que só desta forma, e não com o pacifismo de Luther King Jr., é que o negro teria algum direito, no que ele estava certo. Não tem nada a ver com as definições de negro no dicionário.

Mesmo assim, citando o caso da secundarista Franciele de Souza Meira, de 17 anos, o texto de O Vermelho, afirma que a pesquisa da moça revelou algo muito parecido no Brasil sobre a definição de negro nos dicionários. 

Franciele selecionou 17 dicionários diversos, de épocas diferentes, e achou este resultado: “escravo”, “indivíduo sem alma” ou “indivíduo comercializável”, o que deve ter sido localizado em épocas durante ou logo após a escravidão. Seria realmente impossível aparecer outra resposta, o pessoal da época era menos farsante que os de hoje.

“As definições encontradas em dicionários mais antigos eram esperadas de certa forma, pois esses dicionários foram publicados quando circulava, à época, um discurso pró-escravidão”, afirmou Franciele. “Em relação aos dicionários mais recentes, realmente fiquei surpresa por ver que havia continuidade desse discurso, relacionando os indivíduos negros ao período escravocrata.”

De qualquer maneira, o que chama atenção, de fato, é a tentativa de mudar a situação do negro, a situação real, do dia a dia, através de truques como a alteração das palavras, significados e formas de dizer as coisas. Recentemente até advogaram o crime político de se falar “buraco negro”, ou a situação está preta, posto que denotaria alguma coisa ruim, no que, na cabeça de alguns, quer dizer, também, que o negro é ruim.

As representações do negro, e o dicionário é uma delas, é apenas o resultado de uma situação social que o negro vive. Não adianta maquiar a realidade com palavrinhas novas, com acrobacias linguísticas. Adianta menos ainda a grande luta por mulheres ou homens negros em postos de poder. Para fazer atrocidades é melhor não ter negros nestes postos.

O que realmente precisa ser feito é mudar radicalmente a situação social do negro na sociedade, o que implica em todos os negros e pobres ter emprego com salário que dê para viver; ter casas para morar, atendimento de saúde gratuito e de qualidade; o fim da PM, o acesso à universidade sem vestibular, enfim, todas as coisas que serviriam, de fato, para mobilizar o negro. Mudar palavras não mobiliza ninguém para nada, só serve para agradar determinado setor da classe média negra e fazer comercial supostamente progressista de um sistema que mantém o negro na fome e na escravidão.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.