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União Soviética

Stalinismo, doutrina de falsificação e de sustentação do sionismo

Grupo stalinista busca esconder a história de ataques aos trabalhadores e à revolução de seu ídolo, mas sequer é capaz de apresentar um único argumento para contrapor a realidade

No dia 29 de fevereiro, o jornal A Verdade, ligado ao coletivo UP, ou Unidade Policial, publicou artigo intitulado “Stálin, a ‘questão judaica’ e a 3ª Internacional”, assinado por Natanael Sarmento. A peça se propõe a defender o contrarrevolucionário que afogou a maior revolução já vista pela humanidade em sangue. Vejamos o que diz a UP:

Stalinismo, uma base para o sionismo

“A má-fé da imprensa capitalista não espanta, nem as posições anticomunistas dos inimigos históricos da Revolução Bolchevique. De traidores e renegados, críticos de Stálin, ora acusado de perseguir judeus, ora de incentivar a fundação do Estado de Israel”.

“Os fracassados serviçais do capital, historicamente, tentam reduzir o papel de Stálin, maior estadista do século. Para tanto, manipulam e distorcem os fatos. Nos dias correntes do genocídio do povo palestino pelo Estado terrorista sionista de Israel, os oportunistas renegados aproveitam espaços midiáticos para destilar anticomunismo fantasiado de críticas a Stálin.”

Bom, vamos aos fatos. Na ONU, em 14 de maio de 1947, debatendo a situação da Palestina, o representante da URSS, Andrei Gromico, afirmou: “A experiência do passado e especialmente da Segunda Guerra Mundial provou que nenhum dos países da Europa Ocidental tem sido capaz de dar ao povo judeu a ajuda necessária para a defesa de seus direitos e nem mesmo para o proteção de sua existência. Isso explica a aspiração dos judeus pela criação de um Estado para eles”, colocando a posição do governo soviético como favoravel à criação de “um Estado judeu-árabe unificado”.

Porém, seguiu: “Se se vir que as relações entre judeus e árabes na Palestina são tão tensas que é impossível assegurar a coexistência pacífica”, Moscou apoiaria a “partilha da Palestina em dois Estados, um Estado judeu e um Estado árabe”. Frente ao rápido aumento das tensões na região, Gromico diria: “O único meio de reduzir o banho de sangue, é a criação rápida e eficaz de dois Estados na Palestina”.

Prova cabal do alinhamento stalinista ao sionismo, acima dos pronunciamentos, foi a votação nas Nações Unidas que aprovou a colonização sionista da Palestina, em 29 de novembro de 1947, em que a Rússia, Bielorrússia e Ucrânia, ambas as últimas alinhadas a Moscou, votaram favoráveis ao plano. Ou seja, José Stálin (e o stalinismo como um todo) apoiou a criação do Estado de “Israel”. Tal fato, inclusive, não é contraposto no artigo. Após a menção inicial, o autor não retoma a questão, se trata de uma confissão. Curiosamente, mais adiante o articulista afirma que Stálin levou à frente uma “luta hercúlea pela autodeterminação dos povos”, uma farsa total.

Vale ainda ressaltar neste ponto o armamento da milícia fascista-sionista Haganá pelo stalinismo, que o fez indiretamente, através do governo da Checoslováquia, que vendeu e enviou armamentos aos sionistas entre 1947 e 1949, data da fundação de “Israel” e da Naqba, a limpeza étnica, a catástrofe palestina.

Trotskismo, a oposição à burocracia

Sobre o controle do Partido Bolchevique, arrancado dos trabalhadores pela burocracia soviética, afirma o artigo: 

“Derrotados, Trotsky e seguidores passam a atacar o socialismo, a URSS e a 3ª Internacional sob vários pretextos. Ao cabo, servindo, objetivamente, aos capitalistas do mundo. Registre-se o momento histórico dessa oposição oportunista trotskista: na difícil conjuntura externa e interna da Rússia.”

Ainda sobre a questão nacional, e sobre os “vários pretextos” não especificados no texto, que dirá o stalinista de A Verdade sobre o acordo com Hitler para a invasão e divisão da Polônia? E logo após, a fracassada invasão da Finlândia? Seria esse o arauto da autodeterminação?

Que dirão os stalinistas sobre o recuo no direito das mulheres, e o banimento do direito ao aborto em 1933, após ter sido colocado em vigor em 1920? Seria esse um dos pretextos para os “ataques ao socialismo”, como dizem os stalinistas? Fato é que existem motivos de sobra para atacar o stalinismo e sua política contrarrevolucionária que enterrou a União Soviética. E segue o autor:

“Sobre essa luta hercúlea pela autodeterminação dos povos, que Stálin efetivou como Comissário do Partido responsável em 1919, Trotsky escrevia em ‘O Que Foi a Revolução de Outubro?’: ‘O Partido Bolchevique lutou, durante anos, pelo direito de autodeterminação das nacionalidades, isto é, pelo direito completo à separação estatal. Foi precisamente por causa dessa exata posição na questão nacional que o proletariado russo pôde ganhar, pouco a pouco, a confiança das populações oprimidas’.

“Não mudou Stálin. Nem os Bolcheviques. Mudou Trotsky.”

A soberba exaltação de Stálin e de sua política errada dá contorno cômico ao que se tratou da maior sabotagem à revolução proletária já operada na história, precisamente por este caracterizado como “heróico” e “hercúleo” sem, no entanto, dar motivo algum para tais adjetivos.

A revolução mundial

Se debruçando sobre pontos mais centrais, nosso articulista chega à revolução:

“As grandes tarefas da maior organização internacional de trabalhadores revolucionários, da 3ª Internacional Comunista, portanto, a ‘questão’ premente dizia respeito aos rumos da revolução em escala global. A revolução proletária mundial que na conjuntura histórica passava pela consolidação do poder popular dos sovietes e da solidariedade na criação e desenvolvimento de partidos comunistas e movimentos revolucionários em todo mundo. Foi a temática das pautas dos debates dos sucessivos congressos da 3ª IC. […] Entre os graves e prementes desafios dos comunistas de todas as partes do mundo, por exemplo, estava em como garantir a paz contra a guerra imperialista e deter o avanço do nazifascismo.”

Sobre a tal “consolidação do poder popular”, vejamos uma informação simples, mas demonstrativa. A Terceira Internacional realizou congressos anualmente antes da subida de Stálin, em 1919, 1920, 1921, 1922. A partir de Stálin, o congresso seguinte se deu após dois anos (1924), o sexto depois de quatro anos (1928) e o sétimo depois de seis anos (1935). Seria essa a consolidação do “poder popular” nos “sucessivos congressos da 3ª IC”? Uma falsificação total.

E da luta operária contra o nazifascismo, voltamos ao pacto com a Alemanha hitlerista, à submissão dos trabalhadores poloneses, e então à invasão da Finlândia! Uma argumentação desconexa de fatos minimamente coerentes. Sem sequer entrar na sucessão de erros políticos do stalinismo, que permitiu a chegada de Hitler ao poder.

Um outro ponto ainda do mesmo parágrafo se destaca: “da solidariedade na criação e desenvolvimento de partidos comunistas e movimentos revolucionários em todo mundo”. Por si, faz sentido a afirmação. Contudo, é de Stálin a formulação da doutrina do “socialismo num só país”, aberração antimarxista que viu a Terceira Internacional sacrificar revoluções por todo o planeta em nome do pacto com o imperialismo, para supostamente salvaguardar a União Soviética. Vemos que o stalinismo, de lá até seus órfãos, se mantém uma doutrina de falsificação por sua base.

O “grande herói” que nada fez

Ao fim, o autor fala no papel de Stálin no desenvolvimento da URSS, no entanto, não aponta para as políticas econômicas do mesmo, em especial com relação à indústria, que por fim permitiram o colapso do Estado operário. Façamos uma observação, enfim, do último ponto da peça, típico do stalinismo e conclusão dos demais pontos apresentados no artigo:

“Rendemos homenagens, eternamente, aos trabalhadores e ao glorioso Exército Vermelho, principais responsáveis pela derrota da hidra nazifascista na 2ª Guerra Mundial, sob o comando do Marechal Stálin, maior estadista mundial do século XX.”

Os trabalhadores e o Exército Vermelho de fato derrotaram o nazismo, mas não sob o comando de Stálin. Pelo contrário, o pacto com a Alemanha hitlerista permitiu um ataque surpresa do fascismo sobre o Estado operário, o que custou milhões de mortes numa das maiores carnificinas da história. O despreparo militar da União Soviética, provocado por Stálin, que desorganizou as forças armadas na iminência da guerra, permitiu tal avanço, contido apenas pela insurreição das massas operárias, de fato responsáveis pela revolução e pelo avanço da URSS, apesar de Stálin e do stalinismo.

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