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Brasil

Se não polarizar, governo corre risco de nem terminar o mandato

Articulista apresenta tese de que radicalização só serviria para as disputas eleitorais

Em um curto artigo intitulado Polarização faz mal ao governo e publicado pelo Brasil 247, o jornalista Alex Solnik procura apresentar a tese de que a pior coisa que Lula, na condição de presidente da República, poderia fazer é polarizar. Isto é, enfrentar os seus inimigos, denunciá-los e mobilizar a população contra eles.

Seu argumento se resume à ideia de que “polarizar é muito bom para o candidato em campanha eleitoral. Mobiliza os simpatizantes. Conquista adeptos. Movimenta as redes sociais. Empurra o adversário para o seu respectivo canto do ringue. Separa o joio do trigo. Dá manchete nos telejornais”. Ou seja, para Solnik, a polarização não seria mais que um recurso eleitoral, quase que um recurso de marketing.

A ideia de que um político deveria ter uma política para as eleições e uma política para quando se torna governante já é, em si, estranha. Essa é, afinal, a concepção que os políticos burgueses têm do processo eleitoral. Na hora de concorrer com seus adversários, vale todo tipo de promessa. Na hora de governar, é a hora de mostrar a sua verdadeira face.

Mas vejamos, então, qual é o argumento de Solnik para que alguém abandone a polarização uma vez tendo chegado ao governo.

“Uma vez no governo, a polarização traz mais malefícios que benefícios. Uma vez no governo, aquele candidato, que venceu as eleições, não ganha nada com isso. Ao contrário, só perde. Porque, ao polarizar, ele afasta automaticamente quem votou no seu adversário, em vez de atrair. Em outras palavras, ao insistir no “ou eu ou ele”, o presidente nunca terá mais de 50% de aprovação. Esse é o seu teto”.

Ora, mas o que Alex Solnik propõe como política é que todo aquele que aspire se eleger seja um verdadeiro estelionatário eleitoral. Isto é, durante as eleições, defenda os pobres contra os ricos, os trabalhadores contra os patrões, os sem terra contra os latifundiários. Mas, uma vez no governo, governe para “todos”. É absurdo.

Não há como interpretar a tese de Solnik de outra forma. A polarização política não é o resultado da mera tática eleitoral de um outro candidato. Ela é um fenômeno que ultrapassa as eleições: diz respeito à luta entre as classes sociais. A polarização é o resultado direto do acirramento da luta entre essas classes.

A polarização entre Lula e Bolsonaro nada tem a ver com o fato de que Lula é um sujeito mais “diplomático”, enquanto Bolsonaro é um sujeito mais “bocudo”. Nem tampouco porque Lula gosta de falar em “democracia”, enquanto Bolsonaro elogia as ditaduras militares latino-americanas. A polarização está no fato de que Lula expressa uma radicalização dos trabalhadores contra a política nefasta dos banqueiros, que resultou no golpe de Estado de 2016, enquanto Bolsonaro é um filhote desse golpe.

Ainda que tenha evitado bastante a polarização, trazendo para a sua campanha vampiros políticos como Geraldo Alckmin e Simone Tebet, Lula foi eleito justamente por causa da polarização entre os trabalhadores e os representantes do golpe de Estado. Não fosse a experiência dos trabalhadores com o golpe de Estado, Lula jamais teria sido vitorioso em uma eleição como aquela, em que Bolsonaro contava não apenas com a máquina pública, mas com o apoio de todo um setor da burguesia nacional.

Acontece que a guerra que foi travada nos dois turnos da eleição de 2022 não terminou. Pelo contrário: a briga entre o povo brasileiro, sufocado, que anseia por mudanças concretas em suas condições de vida, e a burguesia brasileira, que quer aumentar ainda mais a sua exploração sobre a população e fazer do Brasil uma colônia norte-americana, continua. E é justamente ela que está impedindo Lula de levar adiante o programa pelo qual foi eleito.

É a sabotagem do Banco Central, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) que impedem Lula de cumprir com o que se dispôs a fazer. Neste sentido, não há saída que não seja a polarização. A polarização, inclusive, na medida em que permitirá ao governo passar por cima dos entraves impostos pela direita, pode ser capaz de conquistar o apoio de muitas pessoas que não votaram em Lula. A geração de empregos por meio de uma política “desenvolvimentista” na Petrobrás, por exemplo, pode fazer com que muitos trabalhadores que votaram em Bolsonaro superem os seus preconceitos.

A ausência de polarização, por sua vez, é a condenação ao fracasso. Sem polarizar, Lula não será capaz de realizar qualquer medida efetiva. E, com isso, poderá perder a sua maior arma na luta contra a direita: o apoio popular. Uma vez que perca o apoio popular, o caminho estará aberto para que seus inimigos partam para cima do governo.

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