Nesta sexta-feira, 5 de janeiro, o portal iNews, denunciou que o governo britânico está preparando um dossiê contrario ao ex-presidente norte-americano Donald Trump. O veículo publicou a matéria em tela, intitulada “UK preparing secret dossier on Trump 2.0 amid security fears”, assinada por Hugo Gye.
O que diz a matéria?
O texto deixa evidente a objeção do regime britânico ao desenvolvimento da candidatura de Trump. Mais do que isso, coloca haver uma política ativa nesse sentido no Reino Unido, evidenciada pela elaboração de um dossiê contrário ao ex-presidente norte-americano.
A matéria ainda cita a embaixadora da Grã-Bretanha em Washington, Dame Karen Pierce, como uma pessoa essencial na ação. Segundo a fonte anônima do jornal “Karen fará muito uso das informações sobre o que está captando”. Trabalhariam em conjunto nessa empreitada enviados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da Organização das Nações Unidas (ONU).
O texto sugere que os principais setores políticos do Reino Unido estariam em acordo com essa política. Em relação ao silêncio dos políticos britânicos sobre Trump, a reportagem afirma que Rishi Sunak, atual primeiro-ministro e líder do Partido Conservador, e Keir Starmer, líder Partido Trabalhista, “procuram evitar falar publicamente sobre as eleições presidenciais norte-americanas por medo de parecerem tomar partido na política de outro país”.
O texto lembrar que “Liz Truss apoiou publicamente os Republicanos antes das eleições de 5 de novembro — que poderão ocorrer alguns dias antes das eleições gerais do Reino Unido — mas a maioria dos outros conservadores mais experientes recusaram-se a tomar posição.”
A matéria conclui reconhecendo que Trump é “o grande favorito para ganhar” a indicação republicana.
Trump 1.0
Para os setores principais do imperialismo, a eleição de Trump em 2016, foi no mínimo um contratempo aos seus interesses. O candidato republicano tem uma política contrária em diversos pontos a orientação do setor principal do imperialismo, principalmente nos eixos econômicos e de política internacional. Ele atende aos interesses de uma burguesia menor, ainda imperialista, mas que atua mais no mercado interno norte-americano.
Como lembrado por três ex-diplomatas britânicos essa semana, que apontaram a necessidade do governo de planos de contingência para se proteger contra os riscos de segurança, Trump ameaçou retirar os EUA da OTAN e menosprezou o apoio norte-americano à Ucrânia.
Nas palavras de uma fonte do iNews: “Haverá muitas pessoas interessantes nisso no Ministério das Relações Exteriores, e eu suspeito que dirão “nós estragamos tudo da última vez, não levamos suficientemente a sério a perspectiva de Trump ser eleito em 2016”. Acho que há uma atividade intensa, construção de contato e tentativa de estar presente.”
“Enorme granada na geopolítica global”
O governo Trump 2.0 nitidamente interviria nos planos do imperialismo, inviabilizando suas ações para mitigar a já difícil crise em que se encontra. Esse cenário de potencialização da fragilidade imperialista é expresso no trecho seguinte da matéria.
“Uma fonte de Whitehall disse: “Faz absolutamente uma enorme diferença, porque desde o Brexit a nossa política externa tornou-se ainda mais centrada nos EUA e na direção que eles estão escolhendo tomar.”
Para essa fonte do jornal, a reeleição do Trump, por diversos motivos, é bastante inconveniente: “Trump entrará e escolherá uma linha mais agressiva em relação, por exemplo, ao Irã. Seremos forçados a mais situações com as quais nos sentiremos instintivamente desconfortáveis.”
O jornal deixa claro a diferença políticas entres os setores em disputa ao governo norte-americano. Além de explicitar que a releição de Trump afetará a política praticada pelo setor prioritário do imperialismo.
“Tal como a Ucrânia e o conflito atual no Médio Oriente, o regresso de Trump poderá afetar a política dos EUA sobre o futuro de Taiwan, num contexto de agressão crescente por parte de Pequim, e sobre os esforços do Ocidente para defender as cadeias de abastecimento globais de perturbações.”
Mais adiante, o texto aponta essa diferença na orientação geopolítica, tendo por exemplo a Rússia: “Um veterano conservador da política externa disse: ‘Uma vitória de Trump lançaria uma enorme granada na geopolítica global. Não me surpreenderia se houvesse alguns sucessos — melhores linhas de comunicação com Putin, por exemplo — e alguns fracassos espetaculares.’”
Projeto imperialista
Fica evidente a existência de preparativos do setor principal do imperialismo para tentar contornar a crise política nos EUA. As revelações do iNews demonstram que a iniciativa ultrapassa as fronteiras dos Estados Unidos. Há uma campanha direta para evitar a releição de Trump que pode colocar o imperialismo numa situação ainda mais delicada do que a que se encontra com um guerra contra a Rússia, rebeliões no continente africano e a iminente debacle sionista.
No próprio portal iNews outras matérias apontam nessa direação como “UK must prepare for security risks of Trump 2.0 now, says ex-defence minister” e “Why Trump’s 2024 re-election bid will probably fail”. Há um clamor imperialista pela agregação do maior número de agentes políticos em torno de suas posições buscando preservar seu sistema de dominação mundial.