O deputado Afonso Motta (PDT-RS) expressou para a colunista da Folha de São Paulo sua desaprovação em relação à fala de Lula que comparava, corretamente, o genocídio dos palestinos na Faixa de Gaza com o holocausto de judeus na Segunda Guerra Mundial, promovido por Hitler.
Segundo Motta, “se o presidente tem uma avaliação com o Itamaraty no sentido de que se fazia necessário para um tipo de protagonismo, para um tipo de reconhecimento, eu não consigo alcançar“. Uma colocação tipicamente oportunista, indicando alguém que prefere não se envolver e não se posicionar sobre um dos principais eventos da política mundial por calcular que a sua opinião verdadeira é indefensável.
Ele continua, dizendo que, no Congresso, a fala de Lula alimentou um “tensionamento maior e aparentemente desnecessário”. É natural porque a polarização é o pavor de todo político carreirista que vê sua existência ameaçada com a tomada de posição política da população.
A conclusão dele é que tudo isso vai servir para trazer mais pessoas para o ato bolsonarista do dia 25. Segundo ele, “tem um evento de mobilização da oposição pró-Bolsonaro, deve ser um evento robusto. Então, até aí, não tem o que atenuar. [A fala de Lula] vai servir de munição, vai tensionar mais ainda”. A preocupação de Motta, no entanto, não é com o ato bolsonarista, mas sim com o fato de que a colocação de Lula faz com que a esquerda se mobilize e também saia às ruas, o que irá acontecer no dia anterior (sábado, 24) ao ato de Bolsonaro.
Afonso Motta é deputado do PDT, um partido que, ao longo dos anos, tem procurado se apresentar como de esquerda, com características progressistas e “desenvolvimentista”. No entanto, a sua fala demonstra a verdadeira natureza de sua política. Para Motta, a polarização gerada pela crítica de Lula é negativa, apenas serve para criar “tensão”. A situação melhor era quando apenas “Israel” bombardeava a Palestina, causando um morticínio inacreditável, e ninguém falava nada.
Motta acredita que o bom é que os bolsonaristas possam fazer propaganda de “Israel” à vontade, defendendo que a matança de mulheres e crianças seria fruto de uma política democrática.
O deputado nada falou sobre “tensionar” quando a Confederação Israelita do Brasil (Conib) – organização que defende os interesses de “Israel” no Brasil – propôs a cassação do registro do Partido da Causa Operária (PCO) por sua denúncia do genocídio em Gaza. Nada falou quando a Conib levou adiante uma perseguição policial contra Breno Altman e José Genoíno, ambos quadros importantes do PT, também por suas posições antissionistas.
O douto deputado não franziu nem as rugas de sua testa quando brasileiros foram presos injustamente pela Polícia Federal, sob o comando do Mossad, apenas por terem ido para o Líbano, sob a acusação de serem “terroristas do Hesbolá”.
E nem falar da própria matança promovida pelo governo sionista de Netaniahu.
Contra tudo isso, Motta não teceu um comentário sequer. Para ele, não há nenhum problema em um genocídio que já resulta em mais de 30 mil mortos, contanto que isso não prejudique sua situação com a burguesia que o apoia e que possibilita que ele seja eleito para seu cargo e possa manter sua carreira de sanguessuga do povo brasileiro na Câmara dos Deputados.
Em suma, nenhuma das atrocidades cometidas pelo Estado nazista de “Israel” abala Motta. Sua fala é apenas a prova cabal de que o PDT é um partido de direita, oportunista, que está a favor do genocídio dos palestinos. Inclusive, é tão a favor que considera que estes crimes deveriam ser acobertados e não denunciados por ninguém. Se, no passado, o PDT já foi um partido de esquerda, isso não se aplica mais à situação atual. Tomado por Ciro Gomes e seus cupinchas, já se configura como uma legenda de aluguel para todo tipo de oportunista e vigarista fazer sua carreira política às custas do povo brasileiro.
A fala de Lula, dada durante uma entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, local onde ele estava para participar da 37ª Cúpula da União Africana, cumpriu uma importante função política no Brasil e no mundo, devido à sua grande repercussão. Bastou a colocação de Lula e também a retirada do embaixador brasileiro de “Israel” para cair as máscaras de uma série de apoiadores do assassinato de crianças no Brasil.
Tanto a imprensa burguesa quanto a direita tradicional e os bolsonaristas se uniram em uma frente única para atacar Lula, que agora tem contra si um pedido de impeachment assinado por mais de 100 deputados, entre eles dezenas de deputados de sua suposta base aliada. Trata-se de algo muito pedagógico para a população brasileira. Agora é possível apontar com clareza todos que concordam com o genocídio de um povo indefeso e martirizado.
Nesse sentido, é preciso mobilizar a população e a esquerda para denunciar o genocídio na Faixa de Gaza e para combater a ofensiva da direita contra Lula. Os Comitês de Luta e o PCO já deram a partida, realizando um ato nacional no Rio de Janeiro em frente ao local onde se dava a reunião dos chanceleres do G20. No próximo sábado (24), será feito um grande ato nacional, com participação do PT e da CUT, denunciando a matança na Palestina. Todos devem participar.
