De acordo com informações veiculadas pela Folha de S. Paulo, o Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) enviou uma representação junto ao Ministério Público Eleitoral do estado em que solicita uma série de medidas acerca da manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para o dia 25 de março. Ainda que o PT não peça propriamente a proibição do ato, o partido pede que a Promotoria previna e investigue “eventuais crimes contra o Estado democrático de Direito, de financiamento irregular do ato e de propaganda eleitoral antecipada”.
Diante da má repercussão que poderia levar um processo que visasse a proibição de um ato público, o que feriria um princípio constitucional, representantes do PT logo correram para se explicar. “Não se nega o direito de livre manifestação de pensamento e a possibilidade de realização de manifestações públicas. Tais direitos, todavia, não podem afrontar o Estado Democrático de Direito”, diz a representação, assinada pelo deputado federal Kiko Celeguim, presidente do Diretório.
Ainda que o Diretório do PT tente se explicar, uma coisa é inegável: o partido pretende combater o bolsonarismo com a polícia, não com a política. Não importa o quanto seus dirigentes afirmem respeitar as liberdades democráticas, fazer de uma manifestação de rua uma oportunidade para investigar seus desafetos é, necessariamente, apelar para que o Estado intervenha na manifestação. Afinal, investigar aqueles que estão promovendo um ato público simplesmente porque estão promovendo um ato público é uma tentativa de intimidar a sua realização. É o tipo de atitude que se espera de um governo como o de Javier Milei, na Argentina, que está tentando liquidar por completo o direito à manifestação.
Ao fazer disso o centro de sua política, o PT está convidando o Estado para intervir naquilo que não lhe cabe. Já há uma ingerência absurda e ilegal do Estado na vida dos partidos políticos, afastando dirigentes e reprovando suas contas. Há, da mesma forma, uma ingerência no movimento operário, determinando como as greves devem ser feitas e se são “legais”. Tornar uma manifestação objeto de investigação levará ao mesmo problema.
A política do PT neste caso também é problemática porque deposita suas esperanças em um inimigo político. A polícia e o Judiciário, no final das contas, não são aliados da esquerda, nem são anti-bolsonaristas. São instituições, conforme a perseguição ao PCO e a Breno Altman vem mostrando, completamente infiltradas pelo bolsonarismo, pelo sionismo e pelo imperialismo.
Substituir uma luta política contra o bolsonarismo pela polícia é inevitavelmente o caminho da derrota. Ao avanço da extrema direita, é preciso responder com a mobilização dos trabalhadores e de suas organizações.