O sítio institucional da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) publicou, no último dia 10, uma nota anunciando a criação de um escritório na Jordânia. Segundo a nota, a decisão foi tomada “com base em quase três décadas de relações bilaterais profundamente enraizadas, particularmente por meio do Diálogo Mediterrâneo, a abertura de um Escritório de Ligação da OTAN em Amã é uma progressão natural do relacionamento de longa data entre a OTAN e a Jordânia, que só continuará a crescer”.
“Essa decisão, seguindo a intenção expressa no Comunicado da Cúpula da OTAN em Vilnius, em julho de 2023, marca claramente um marco significativo na profunda parceria estratégica entre a Jordânia e a Aliança. Ela reconhece o papel significativo da Jordânia como um farol de estabilidade nos contextos regional e global, e como um defensor de longa data no combate às ameaças transnacionais, incluindo o terrorismo e o extremismo violento.”
Ao mesmo tempo, em outra frente de expansão da OTAN, a Casa Branca (sede do governo norte-americano) anunciou, no último dia 10, a decisão de instalar mísseis de longo alcance na Alemanha, com previsão de ter as instalações funcionais a partir de 2026. O anúncio foi feito durante uma reunião de cúpula da OTAN em Washington (capital dos EUA), sob o argumento de que a instalação de armas de longo alcance, incluindo mísseis de cruzeiro Tomahawk, serviria para dar segurança aos países imperialistas da Europa. A medida foi saudada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, que a defendeu, dizendo se tratar de “algo de dissuasão e de garantia da paz, e é uma decisão necessária e importante no momento certo”.
Entre os correligionários do Partido Social Democrata (SPD, na sigla em alemão), no entanto, a reação foi diferente:
O parlamentar social-democrata Ralf Stegner disse que a decisão sobre os mísseis poderia sinalizar o início de uma nova “corrida armamentista”. “Isso não tornará o mundo mais seguro. Pelo contrário, estamos entrando em uma espiral na qual o mundo está se tornando cada vez mais perigoso”, alertou Stegner. A parlamentar do partido A Esquerda Sahra Wagenknecht disse ao semanário germânico Spiegel que a instalação de mísseis dos EUA “aumenta o perigo de que a própria Alemanha se torne um teatro de guerra”.
Na mesma linha, o porta-voz do Crêmlin (sede do governo russo), Dmitry Peskov, disse a uma TV estatal russa, no dia seguinte (11), que o governo do seu país considerava que em ação dissuasória, “estamos dando passos firmes em direção à Guerra Fria”, ao que acrescentou: “todos os atributos da Guerra Fria com o confronto direto estão voltando”.
Finalmente, no extremo oriente, o Japão protagonizou a defesa de outra frente de expansão do braço armado do imperialismo, para além das fronteiras iniciais da Europa. Alegando a cooperação entre Rússia e a Coreia do Norte, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse à agência de notícias Reuters que “as seguranças do Euro-Atlântico e do Indo-Pacífico são inseparáveis, e a agressão da Rússia contra a Ucrânia e o aprofundamento da cooperação militar com a Coreia do Norte são fortes lembretes disso”. “O Japão está determinado a fortalecer sua cooperação com a OTAN e seus parceiros”, acrescentou.
A matéria da agência de notícias destaca ainda que “sem citar o nome da China, Kishida”, escreveu Reuters, “’alguns países’ supostamente transferiram bens civis-militares de uso duplo para a Rússia, o que serviu ‘como uma tábua de salvação’ para sua guerra na Ucrânia”.
“É necessário lidar com essas situações de maneira multifacetada e estratégica, adotando uma visão panorâmica que considere toda a gama de atores internacionais que estão alimentando a tentativa da Rússia de mudar o status quo pela força”, disse o primeiro-ministro acrescentando por fim que “a fronteira geográfica do ‘Euro-Atlântico’ ou do ‘Indo-Pacífico’ não é mais relevante para salvaguardar a paz e a segurança globais. O Japão e os parceiros do Indo-Pacífico podem desempenhar um grande papel para os aliados da OTAN a partir dessa perspectiva.”
As declarações e, sobretudo, a posição geográfica das novas frentes de expansão da aliança militar do imperialismo, Alemanha (para cercar a Rússia), Jordânia (para ameaçar árabes e iranianos) e Japão (próximo à China, Coreia do Norte e também do extremo-leste russo), reforçam os sinais de que a ditadura dos monopólios se prepara para um conflito de grandes proporções. Com a sequência de derrotas das forças imperialistas, a única tendência era o incremento da ferocidade da ditadura mundial, o que de fato está acontecendo, colocando uma nova situação para a esquerda brasileira e internacional, onde o enfrentamento será o único meio dos trabalhadores evitarem uma deterioração ainda maior de suas condições de vida.