Os atentados realizados nesta quarta-feira no Irã ocorreram durante uma marcha realizada para relembrar o assassinato do general Qasem Soleimani. A versão divulgada pela imprensa burguesa é que o Estado Islâmico teria sido responsável pela ação que levou a morte de mais de 80 pessoas no país, esta possibilidade soa estranho diante da situação de crise entre Irã e “Israel” desde a operação do Hamas em outubro. No entanto, o governo iraniano rapidamente declarou que a ação terrorista foi realizada pelo Estado sionista de “Israel”, como uma resposta ao apoio do Irã à resistência palestina.
O órgão de imprensa Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária do Irã, citou fontes que afirmaram que “dois sacos contendo bombas” foram acionados “por controle remoto”.
“Estávamos caminhando em direção ao cemitério quando de repente um carro parou atrás de nós e uma lata de lixo contendo uma bomba explodiu”, afirmou o jornal.
O atentado pode estar ligado diretamente aos interesses de Netanyahu. Caso este dado se confirme, mostraria que a situação de “Israel” chegou a um ponto de ebulição, sendo o atentado uma provocação muito forte ao governo iraniano. O que “Israel” quer é que o governo iraniano reaja, faça algo que justifique uma de duas possibilidades, ambas graves e que podem ocorrer de forma paralela:
1. A menos grave seria que o imperialismo está trabalhando para acabar com o governo Netanyahu, pois já havia previsto o que ia acontecer, apesar de não ter noção da magnitude da crise, e já estaria trabalhando para tirar do poder o primeiro-ministro israelense. O fato pode ser notado nas manifestações anteriores à crise com a Palestina, em que milhares de manifestantes tomaram as ruas de “Israel” contra o governo em crise. Nestes eventos foi inclusive denunciado, pelo próprio governo de “Israel”, a participação de serviços de inteligência imperialista.
Isso é grave, mostraria que o imperialismo está buscando uma alternativa a Netanyahu e que não conseguiria manter o controle da forma com que ocorre hoje na Palestina. Representaria também uma desestabilização política muito grande em “Israel” diante da crescente revolta nos países vizinhos contra o Estado sionista.
Contudo, a segunda possibilidade é ainda mais grave. A segunda hipótese, que pode ocorrer inclusive em paralelo com a primeira, seria a de que o governo sionista quer forçar uma reação violenta do Irã aos atentados, obrigando os Estados Unidos a entrarem no conflito. O fato é que a situação de “Israel” é péssima, eles não têm conseguido conquistar resultados militares na Faixa de Gaza apesar de todo o morticínio de inocentes e, segundo o porta-voz do Hamas, milhares de soldados israelenses teriam ficado feridos, e eles não conseguem dominar a região, a qual afirmavam que iam destruir.
“Israel” forçar a entrada dos Estados Unidos no conflito tornaria a guerra de características internacionais, envolvendo diversos países na região. Uma eventual ação dos Estados Unidos colocaria diretamente no conflito o Irã, assim como possivelmente países como Iraque, Síria e demais povos árabes da região.
O líder do Irã, Ali Khamenei, declarou em sua conta oficial no X (ex-Twitter):
“Os inimigos malignos e criminosos da nação iraniana criaram mais uma vez uma tragédia e martirizaram um grande número do nosso querido povo em Kerman, na atmosfera perfumada dos túmulos dos mártires em Kerman.”
Uma expansão da guerra, algo que já se mostra eminente, abrirá um enorme potencial revolucionário na região, sendo um fator de crise de suma importância para o enfraquecimento do domínio imperialista.