Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Juventude do PCB

Os ‘comunistas’ incapazes de criticar o imperialismo

Desorientação da UJC se torna evidente em sua tentativa de caracterizar o governo Lula

Nos últimos dias de 2023, em 28 de dezembro, a coordenação nacional da juventude do PCB, a UJC, publicou no sítio do partido uma nota chamada Os jovens comunistas frente ao governo Lula, em que se tem a nítida impressão de se tratar de um grupo que não vive no Brasil, talvez nem mesmo nesse planeta. A nota revela a falta de uma política clara da esquerda pequeno-burguesa sobre a situação nacional e internacional. É uma repetição de temas impostos pelo imperialismo e colocações confusas sobre o governo Lula.

O primeiro ponto que aparece na nota é a questão ambiental: “se a época ‘progressista’ do capital já passara e estamos vivendo a desagregação contínua das sociedades, um novo fator vem à tona: o colapso ambiental e os impactos desproporcionais aos países da periferia do sistema. Isso resulta da natureza própria do capitalismo, que não encontra limites em si mesmo na sua reprodução ampliada, sendo sempre capaz de revolucionar as forças produtivas e aumentar o padrão de acumulação. Mas o que ele não é capaz de fazer é respeitar os limites estabelecidos pela moral humana e pelos recursos naturais, sendo capaz de levar adiante massacres e destruição, como se estivesse se livrando de empecilhos pelo caminho”.

A UJC parece acreditar que a questão ambiental é um ponto realmente essencial para o mundo. Guerra na Ucrânia? Genocídio em Gaza? Crise do imperialismo? Avanço da direita e golpe na Argentina? Avanço da direita no Brasil? Nada disso parece ser importante de acordo com os critérios da UJC, critérios baseados naquilo que o imperialismo diz serem importantes nos seus jornais.

Por trás do discurso “anticapitalista” está uma adaptação total ao imperialismo. Não apenas pelo fato de dar prioridade a um tema imposto pela propaganda imperialista, mas pelo próprio conteúdo. Se é verdade que os desastres ambientais são causados pelas grandes empresas capitalistas e que os países pobres sofrem mais com isso, a colocação da nota da UJC tem um conteúdo reacionário. Denunciar o “capitalismo” de maneira abstrata é apenas uma forma diferente de falar aquilo que os falsos ambientalistas e demagogos dos países imperialistas falam.

O capitalismo não seria ruim porque é um sistema de exploração da maioria da humanidade, mas porque não “tem limites”. Quais seriam esses limites? Para a UJC, o capitalismo seria capaz de “revolucionar as forças produtivas”, mas então o capitalismo ainda é revolucionário? Ele deveria ter “limites”, ou seja, deveríamos pedir um capitalismo que não revolucione as forças produtivas. A colocação da nota é totalmente antimarxista. O capitalismo é reacionário na época imperialista, ou seja, a nossa época, justamente porque ele é um freio ao desenvolvimento das forças produtivas.

O imperialismo está lançando mão da demagogia ambiental para impedir o desenvolvimento das forças produtivas nos países atrasados. Esses países não podem explorar o petróleo, já o imperialismo sim. Eles não podem industrializar-se, os países imperialistas podem e devem.

Se for verdade o que diz a imprensa imperialista sobre o meio ambiente, os principais responsáveis por isso são os países imperialistas, porque a emissão de carbono deles é muito maior. Assim, se de fato for um problema, a política correta seria exigir que os países desenvolvidos o resolvam, e não cobrar uma solução do Brasil e dos países atrasados, que nada têm a ver com isso. Ao levar adiante tal política, eles estão encobrindo a responsabilidade do imperialismo e encobrindo o fato de que a política do imperialismo é fazer os países atrasados pagarem pelo suposto problema ambiental.

A UJC repete, argumentos pseudomarxista, a política imperialista para a questão ambiental.

A posição diante do governo Lula

Passando do tema imperialista da preocupação ambiental, a UJC pula para uma caracterização totalmente desorientada do governo Lula, que a nota chama de “governo para os ricos”.

“Mesmo que já fosse do entendimento dos comunistas que o governo Lula não representaria nenhum avanço estrutural, dado seu compromisso histórico com a burguesia, não deixa de ser revoltante seu rebaixamento.”

Para um desavisado, a críticas parecem ser corretas, afinal, o governo Lula não teve nenhuma condição de realizar mudanças significativas, ou, segundo a linguagem da UJC, “estruturais”. O governo Lula foi eleito como um governo de conciliação, de acordo com a natureza do próprio Lula e do PT. Não deveria ser novidade que a política do governo seria a de buscar essa conciliação.

A crítica ao governo do PT deve ser feita de acordo com essa caracterização. Em relação aos governos golpistas de Temer e Bolsonaro, por maiores que sejam as debilidades do PT e de Lula, houve um avanço. Abre-se uma possibilidade de atuação das massas, que participaram da eleição de Lula, derrotando o golpe. A burguesia, por mais moderada que seja a política do governo, tem mais dificuldades de impor sua política de ataques ao povo.

A leitura da nota da UJC, no entanto, nos passa a impressão de que o governo Lula é igual aos governos golpistas, afinal todos seriam governos burgueses.

“Conforma-se, então, um governo burguês operado pela coalizão petista, comprometido com os padrões estruturais do capitalismo brasileiro e fadado a falhar na sua aposta pelo mercado. A burguesia brasileira já demonstrou até onde está disposta a ir para aumentar suas taxas de lucro, e a insatisfação geral gerada pela política econômica, junto à sede desenfreada de lucro da burguesia, abre o caminho para uma nova ofensiva do fascismo.”

O PT é apenas um “operador” desse governo. Novamente a nota da UJC demostra seu antimarxismo, confundindo o governo com o Estado.

Qualquer governo no Estado burguês é, no fundo, um operador dos negócios da burguesia. Mas o caráter do governo, ou seja, desse operador, faz diferença para os trabalhadores.

O PT de fato é um operador da Estado burguês, mas esse governo, por mais conciliador, tem contradições com a burguesia, o que é uma vantagem para os trabalhadores. As contradições do governo Temer, por exemplo, eram mínimas, se podemos dizer que existia alguma.

A caraterização da UJC acaba por confundir o caráter do governo Lula e do próprio Estado.

O problema não é acusar o PT de ser um governo burguês, mas identificar qual o nível de força que a direita tem nesse momento. A UJC ignora a direita e ataca o PT como se fossem a mesma entidade. Ao invés de denunciar a pressão da direita e a capitulação do governo diante dessas pressões, a UJC iguala tudo. Dessa maneira, desorienta os trabalhadores diante do governo, da luta contra a direita.

A crítica que a UJC tenta fazer a Lula, no entanto, é invalidada por sua própria caracterização da questão ambiental. O principal defeito do governo Lula é que ele é incapaz de romper com o imperialismo, e, por isso, acaba sendo incapaz de levara adiante uma política social mais audaciosa. O problema do governo Lula, portanto, é o mesmo que o da UJC: os “jovens comunistas” são incapazes de compreender o que é o imperialismo.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.