Neste domingo (25), o Hesbolá, finalmente começou sua operação de retaliação após o assassinato do comandante Fuad Shukr, no dia 30 de julho. A resistência do Líbano lançou uma operação em proporções nunca antes feitas contra 11 bases militares de “Israel”. Os alvos eram claros e o Hesbolá já anunciou que, caso seus objetivos não tenham sido alcançados, essa será apenas a 1ª fase da operação. “Israel”, desmoralizado, ainda espera mais ataques do Líbano, do Iêmen, do Iraque, e principalmente do Irã.
O dia amanheceu no norte de “Israel” com os sistemas de defesa Domo de Ferro tentando impedir os mais de 320 foguetes e drones do Hesbolá de atingirem diversas bases militares. Os alvos foram: a Base Meron, Naftali Ze’ev, a Base Zaitoun, Zaoura, a Base Al-Sahel, a Base Ein Zivitim, a Base Ramot Naftali, os quartéis Kila, os quartéis U.F, a Base Nafá e a Base Iardan, estes últimos 4 bases militares nas Colinas de Golã, um território sírio ocupado pelos sionistas. Os sionistas afirmam que a operação foi um fracasso, mas ao menos um soldado foi morto e a imprensa divulga o mínimo sobre os ataques.
A operação aconteceu em um dos dias mais importantes para os muçulmanos xiitas, o dia de Arbain. No Iraque, uma peregrinação de mais de 21 milhões de muçulmanos, o maior evento do mundo, está acontecendo em celebração ao Arbain. Pela tradição xiita, este é um dia de luta contra opressão, como afirmou o aiatolá Khamenei em seu discurso de celebração: “a batalha entre a frente do Imam Hussein (que a paz esteja com ele) e a frente de pessoas como Iazid, opressores, é uma batalha contínua e interminável”. Os seguidores de Hussein são os xiitas.
Ele não foi o único líder político e religioso que discursou no Arbain, o homem mais importante do Líbano também se pronunciou, Hassan Nasseralá, o secretário-geral do Hesbolá. Ele deixou muito claro os objetivos da operação realizada:
“Os alvos militares específicos foram a base de inteligência militar ‘Aman’ e a Unidade 8200 em ‘Glilot’, e o outro alvo foi a base de defesa aérea em ‘Ein Shemer’.
Acompanharemos o resultado do silêncio do inimigo em relação ao que aconteceu nas duas bases alvo, especialmente em ‘Glilot’. Se o resultado for satisfatório e atingir o objetivo pretendido, consideraremos que a operação de resposta está concluída. Se o resultado não for suficiente, reservamos o direito de responder até novo aviso.
Não abandonaremos Gaza e seu povo, a Palestina e as santidades da nação na Palestina, independentemente das circunstâncias, desafios e sacrifícios. Qualquer esperança de silenciar as frentes de apoio é fútil. O que começamos há 11 meses, continuaremos, não importam as intimidações e sacrifícios.
O Líbano não é mais fraco a ponto de você poder ocupá-lo com uma banda de música, mas pode chegar o dia em que nós o invadiremos com uma banda de música.”
Nasseralá deixa claro que a retaliação do Hesbolá tem um objetivo militar que deve ser alcançado. Duas bases que possuem um importante aparto de inteligência de “Israel”. Caso ele não tenha sido atingido, então haverá mais operações no futuro. Todas às vezes que “Israel” realiza um assassinato de liderança no Líbano, o Hesbolá retaliou destruindo importantes ativos militares. O caso mais importante antes desse foi após o dirigente do Hamas, Salé al-Arouri, ter sido assassinado por “Israel”. O Hesbolá naquele momento atacou pela primeira vez a importantíssima base de Meron.
Ou seja, a retaliação é uma necessidade para a resistência. Enquanto ela não tiver um impacto real, o Hesbolá seguirá atacando “Israel”. E ainda mais importante. Dado que se espera ainda uma retaliação do Iêmen, devido ao bombardeio israelense do porto de Hodeida, e a retaliação do Irã, devido ao assassinato de Ismail Hanié em Teerã, esse primeiro ataque do Hesbolá certamente está coordenado com os próximos ataques. A importância desse aparato e inteligência deve ser grande.
O caos em “Israel”
A imprensa sionista rapidamente começou sua propaganda afirmando que nada tinha acontecido e que o ataque não havia sido bem-sucedido. A realidade, no entanto, não condiz com a propaganda. O primeiro-ministro Netaniahu ordenou seus ministros que não comentasse sobre o ataque, o mesmo foi feito em relação à imprensa. Ninguém pode cobrir o ataque nos locais que foram alvos do Hesbolá. O aeroporto de Ben Gurion também ficou desativa por muitas horas no clima de pânico em Telavive.
Mas a grande crise foi no norte de “Israel”. Os chefes de três câmaras municipais do norte disseram afirmaram que cortaram contato com todos os funcionários do governo até que haja uma “solução completa e total” para sua situação. “Não interessamos a vocês por dez meses e meio, e a partir de agora, vocês não nos interessam. Não liguem, não venham, não mandem mensagens. Nós conseguimos sozinhos até agora, vamos continuar assim“, diz a declaração conjunta.
Giora Zaltz, da Alta Galileia, afirmou: “mesmo se destruíssemos 6.000 mísseis, isso é apenas 3% das capacidades deles [do Hesbolá]. A ameaça só está crescendo. A realidade hoje é que a fronteira de Israel se moveu 40 km para o sul. Continuamos a perder cada vez mais partes do norte a cada semana que passa. O primeiro-ministro fez os residentes do norte se sentirem mal esta manhã. Em uma semana, devemos começar o ano letivo. Precisamos encontrar uma maneira de restaurar a segurança aos residentes do norte“.
Ou seja, no mínimo o ataque do Hesbolá ampliou ainda mais a crise de “Israel” na região norte, uma das maiores do Estado sionista. E ainda é preciso descobrir qual foi o impacto militar nas bases que foram alvo da resistência. O ministro da Defesa Joabe Galante declarou estado de emergência para as próximas 48 horas, o que permite ao exército limitar aglomerações.
Após a operação as forças armadas dos EUA se pronunciaram: “o secretário [de Defesa] reiterou o direito de Israel de se defender e a firme determinação dos Estados Unidos em apoiar a defesa de Israel contra ameaças do Irã e seus parceiros e forças de procuração regionais. Como parte desse apoio, o secretário ordenou que a presença de dois Grupos de Ataque de Porta-Aviões permaneça na região“. Isso deixa claro que a preocupação do imperialismo é gigantesca.
Além da crise em “Israel”, todas as organizações de resistência se pronunciaram parabenizando a operação do Hesbolá. Desde a Palestina até o Iêmen. Isso deixa claro que há uma enorme coesão no Eixo da Resistência. A operação Arbain apenas começou. Os xiitas do Líbano honraram o nome de Hussein e lançaram sua operação contra os opressores. Agora a principal potência xiita do mundo, o Irã, espera 20 milhões de peregrinos retornarem as suas casas para realizar a principal etapa da retaliação contra “Israel”.
O Estado sionista está completamente desarmado diante desse avanço da resistência. A própria espera se torna uma punição. Mas certamente quando a retaliação chegar ela será ainda mais dolorosa para o sionismo.