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Ato da Democracia Inabalada

O golpe do 8 de janeiro aconteceu em 2024, não em 2023

Esquerda pequeno-burguesa insiste na tese da tentiva de golpe do 8 de janeiro, mas só consegue enaltecer as arbitrariedades do STF em nome da “democracia”

O rato que ruge

O artigo de Aldo Fornazieri “O 8/1 e a democracia abalada”, publicada no Brasil 247 neste de 10 de janeiro, só consegue provar que, ao contrário do que pretende o autor, não houve tentativa de golpe. A tese de Fornazieri é de que houve uma sucessão de incompetências, do governo, suas instituições, e dos golpistas bolsonaristas: “A democracia foi abalada e continua. O 8/1 de 2023 só ocorreu por conta da incompetência e ingenuidade do governo, do Congresso e do STF”.

A tese de Aldo Fornazieri é curiosa, pois o Congresso e o STF deram um golpe em Dilma Rousseff. As Forças Armadas, as mesmas que atuavam nos bastidores em 2016, mandaram um “recado”, em rede nacional, para prenderem Lula, o que abriu caminho para a eleição de Bolsonaro. Mesmo assim, seriam ingênuos ou incompetentes. Só acredita nisso quem quer.

Nas palavras de Fornazieri “A chamada para o ato de repúdio à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, organizado pelos três poderes no 8 de janeiro de 2024, tinha como mote “A democracia Inabalada”. Trata-se de um grave equívoco: a democracia foi abalada e continua abalada. O 8/1 de 2023 só ocorreu por conta da incompetência e ingenuidade do governo, do Congresso e do STF. E a tentativa de golpe do 8/1 só não foi vitoriosa por conta da incompetência dos bolsonaristas”.

Todos sabiam

Segundo o artigo, “Qualquer estudante de jornalismo ou de sociologia que acompanhasse as redes sociais e algumas notícias na imprensa antes nos dias que antecederam a tentativa do golpe, saberia que os bolsonaristas estavam se preparando para partir para o golpe. Na sexta, dia 6 de janeiro, era possível ver em várias fontes que se falava abertamente de 100 ônibus que iriam para Brasília fazer a revolução”. No entanto, não se vê no texto o nome de Flávio Dino, ministro da Justiça, que poderia ter utilizado a Força Nacional para coibir distúrbios em Brasília. Se foi incompetência, Dino deveria ter sido demitido. Em vez disso, foi poupado pela maioria da esquerda pequeno-burguesa, bem como passará a integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), órgão que, depois do que foi dito, estaria necessitando de integrantes menos ingênuos e incompetentes.

Fornazieri acusa o governo, e chefe de poderes, de confiarem no “no governo e na PM de Brasília que estavam comprometidos com os golpistas. A própria segurança do Planalto estava comprometida. O comando do Exército abrigava e protegia os golpistas há semanas”. Quando, na verdade, a polícia não está apenas comprometida, ela é majoritariamente bolsonarista. O mesmo devemos dizer do comando do Exército, que fez muito mais do que ‘abrigar’ e ‘proteger’ golpistas. – grifo nosso.

Na cabeça de Fornazieri, “bastava que uma unidade militar se sublevasse para que o golpe triunfasse”, o que lembra a tese de Eduardo Bolsonaro, que afirmou que seriam suficientes um soldado e um cabo para se fechar o STF. O autor diz ainda que “bastava que as hordas bolsonaristas se entrincheirassem nos palácios depredados para que um impasse com desfecho imprevisível também se viabilizasse. Nesse sentido, o golpismo dos bolsonaristas foi extremamente incompetente”.

Com o que lemos acima, e que Fornazieri não ousa confessar, fica claro que não se tratava de um golpe, mas de uma invasão de prédio público. Os manifestantes não estavam armados. Caso se entrincheirassem, seria impossível resistir à ação da polícia ou do Exército. Pois, como ele próprio afirma no parágrafo seguinte: “Existem várias formas de golpe. Hoje está na moda o golpe perpetrado por presidentes eleitos que passam a dominar os parlamentos e as Cortes de Constitucionais. Mas um golpe de deposição de governo, como era o caso do 8/1, requer a participação militar. – grifo nosso.

Como é impossível sustentar que houve tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, surgem as explicações mais estapafúrdias: “A tese mais difundida hoje é de que o roteiro do golpe consistia em criar o tumulto para que o presidente Lula decretasse uma GLO. Os militares assumiriam o poder, afastariam o governo e ministros do STF e do TSE e poderiam chamar de volta Bolsonaro e convocar novas eleições”. E mesmo Aldo Fornazieri é obrigado a reconhecer o absurdo de se “preparar um golpe cujo ato principal caberia a uma decisão do presidente que seria deposto”.

Acreditam em pacto?

Para Fornazieri, “O 8/1 significou também o fim do pacto da anistia articulado em 1979. Para além dos vários artigos da Lei da Anistia, existia um pacto tácito de que as forças políticas brasileiras não recorreriam mais à força para se apossar do poder político. O bolsonarismo rompeu esse pacto”. Que pacto foi esse se na conversa grampeada, Romero Jucá, em 2016, muito antes de Bolsonaro assumir, confessava que estava “conversando com os generais, comandantes militares. [E estava] tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir”? O que devemos dizer, mais uma vez, da postagem no Twitter do general Villas-Boas, em 3 abril de 2108, ameaçando o golpe?

Para piorar, Aldo Fornazieri falsifica a realidade e diz que “O STF e, particularmente, o ministro Alexandre de Moraes, entenderam o significado desse rompimento. As prisões, os julgamentos e as condenações de golpistas são fruto desse entendimento. A prisão de alguns militares de alta patente, a exemplo do coronel Cid, se enquadram na mesma linha”. Alexandre de Moraes, nunca é demais lembrar, votou pela prisão ilegal de Lula, o que ajudou a eleger Bolsonaro. O STF nada fez para impedir a distribuição de dinheiro por Jair Bolsonaro em ano eleitoral. E o próprio Moraes disse que não via irregularidades na ação da Polícia Rodoviária Federal que tentou impedir eleitores de Lula a irem votar no segundo turno.

A prisão do coronel Cid não passa de uma cortina de fumaça, o alto escalão das Forças Armadas não estão sendo investigado e ninguém será punido. As prisões, foram efetuadas apenas contra manifestantes, e o julgamento e as condenações são completamente arbitrárias. O texto de Fornazieri serve apenas para livrar a cara do STF, aquele que acusou de ser ‘ingênuo’ e ‘incompetente’. O máximo que o autor do artigo faz é pedir a cabeça do general [Júlio César de] Arruda.

A crença na “democracia”

O abalo na democracia, segundo o autor, se deve ao fato de essa não conseguir “superar a desigualdade, a pobreza, a falta de direitos, a violência, o crime organizado, o racismo, as desigualdades de gênero, a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável”. Como se a democracia burguesa tivesse esses propósitos.

No final das contas, Fornazieri acredita que o Brasil seja uma democracia. O que é estranho, pois o golpe de 2013, a prisão de Lula, a perseguição à liberdade de expressão, a censura escancarada, são uma prova de que estamos muito longe de sermos um país democrático. Aliás, o regime se fecha cada vez mais, e o autoritarismo é apoiado e aplaudido por boa parte da esquerda.

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