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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Coluna

O bromance, os sádicos e os masoquistas

Conjuntura histórica não admite aqueles que não tomam partido

Tenho certa aversão à análise de conjuntura baseada em conceitos da psicanálise.

Recentemente, assisti a um debate em um canal progressista no YouTube sobre massacres em Gaza e um internauta mandou o seguinte comentário: “é o gozo do outro”.

E daí? Pensei comigo mesma. O que isso ajuda a mudar a questão? O diagnóstico intelectualizado parece completamente fora de lugar e fora de propósito.

A bolha psicanalítica é um mundo em si mesmo e vive à espera do mais horrendo para confirmar a nomenclatura de seus conceitos.

Mas a realidade é muito concreta para ser respaldada apenas por artifícios linguísticos. 

Um genocídio é um crime de tal envergadura que simplesmente desnuda tudo que fica escondido por trás dos véus da ideologia burguesa, revelando as abstrações vazias pelo que elas são de verdade.

No atual momento de barbárie extrema, vejo o termo sádico ser usado para classificar o abominável comportamento dos genocidas e de seus seguidores.

O termo sádico define o perverso no senso comum, mas não redime seu autor. Sade foi um transgressor de seu tempo e expôs a hipocrisia da igreja, do estado e da classe dominante, a nobreza francesa na época da revolução, com uma crueza impossível de imitar.

Atualmente, enquanto os sádicos se revelam aos milhares, faltam Sades para enfrentá-los com o fervor que a luta demanda.

E os masoquistas? O termo também tem origem no século XIX, quando pseudo acadêmicos usaram o sobrenome do escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch, autor do livro A Vênus das Peles, para categorizar os submissos por vontade e criar uma doença mental.

Em ambos os caso, o cientificismo burguês usou o sobrenome de autores de livros – obras de ficção – como fontes para catalogar comportamentos humanos em situações sociais reais. Disfarce.

Mas o senso comum ganha em certas conjunturas e é fato que os masoquistas também estão a se reproduzir aos milhares no atual momento histórico. E de maneira abominável como os sádicos.

Porém, o grande problema dessa dicotomia está no fato de que ela esconde, como sempre, o capitalismo por trás do diagnóstico. E daí? Poderíamos perguntar. Como isso resolve o problema?

Podemos dizer que o genocídio atual mostra que o capitalismo exige, para sobreviver, a existência de uma subjetividade sádica. Isso reconhecemos na classe dominante: todos os entes dessa classe são sádicos. Como também são os indivíduos que se identificam com essa classe, mas não pertencem a ela.

Mas e os masoquistas? Isso é mais difícil. É erro conceitual chamar a classe operária de masoquista. Ela não é. Quando se tem a ameaça do chicote e da fome ou a arma de um policial sempre apontada para a cabeça, não é possível fazer muita coisa. A luta começa na organização coletiva.

Além disso, o masoquismo é um comportamento por convicção, um desejo. No último sábado, dia 23 de março, tivemos um belo exemplo, de alcance nacional, do comportamento masoquista. Foi um espetáculo histórico da classe média progressista, ou masoquista, ou esquerda pequeno-burguesa, como queiram nomear. 

Chamamos de capachos do imperialismo, não chamamos? Por convicção e desejo, tenhamos essa certeza. Só a classe média pode ser masoquista ou sadomasoquista, dependendo do indivíduo a quem se quer dedicar linchamento moral.

Fica a lição que os tempos de genocídio nos ensinam.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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