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Editorial

O aviso de Mourão

Discurso do senador mostra como perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro está radicalizando a extrema direita

Nessa quinta-feira (8), a Polícia Federal deflagrou mais uma operação contra pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contra ele próprio. O passaporte do líder da extrema direita brasileira foi apreendido, ao mesmo tempo em que o presidente de seu partido, Valdemar Costa Neto, foi preso em flagrante após um mandado de busca e apreensão em sua residência. Outras dezenas de pessoas, incluindo comandantes militares, foram alvo do que está sendo chamado de Operação Tempus Veritatis.

No Senado Federal, o senador Hamilton Mourão, general reformista que foi vice-presidente da República entre 2019 e 2022, reagiu à operação, classificando-a como uma perseguição, resultado de uma situação “de não normalidade”. Mourão, então, declarou que: “se as pessoas responsáveis e sérias não se reunirem para avaliar, diagnosticar e denunciar o que está acontecendo, não tenho a mínima dúvida que estamos nos encaminhando para a implantação de um regime autoritário de fato no País“.

Mourão, que passou a grande parte de sua vida no anonimato, se tornou uma figura conhecida na política nacional justamente por ter defendido a possibilidade de uma intervenção das Forças Armadas no regime político. Isto é, um golpe militar. A primeira vez que Mourão proferiu um discurso de grande repercussão foi em 2017, durante o governo de Michel Temer, quando falou que o Exército poderia ter de “impor” uma “solução” para a crise política instaurada.

Não, Mourão nada tem de democrata. Mas é justamente por isso que sua fala é sintomática. Seu discurso é a prova de que a política persecutória contra a extrema direita é tão desastrosa que permite os inimigos da esquerda e do movimento operário a se apresentarem como grandes defensores dos direitos da população. Os mesmos que defendem o genocídio de “Israel” na Palestina, os mesmos que participaram do golpe de Estado de 2016, os mesmos que participaram de crimes políticos como a privatização da Eletrobrás, aparecem aos olhos da população, na medida em que são perseguidos, como mártires na luta contra os poderosos.

O discurso de Mourão só é efetivo porque, de fato, há uma perseguição. As operações contra Bolsonaro e seus aliados estão recheadas de ilegalidades. Um ex-presidente da República acaba de ter seu passaporte apreendido simplesmente porque um delator, sob a custódia da Polícia Federal, disse que ele teria ordenado um golpe de Estado! Essa situação é semelhante ao que aconteceu com o presidente Lula em 2018, quando um juiz federal ordenou a apreensão de seu passaporte. Na época, o Partido dos Trabalhadores emitiu uma nota em que dizia se tratar de “mais um episódio da odiosa perseguição judicial”.

A perseguição por parte dos representantes do regime político – Supremo Tribunal Federal, Polícia Federal, grande imprensa etc. – já é suficiente para que haja um sentimento de perseguição. Tudo fica ainda muito pior, contudo, quando a esquerda apoia essa perseguição. Assim, justamente aqueles que mais são vítimas da opressão dos grandes capitalistas, acabam sendo apresentados como sócios da opressão à extrema direita. Mourão, espertamente, utiliza isso em seu discurso: “tudo está sendo misturado para alcançar indistintamente opositores políticos; inclusive, o principal partido de oposição“. Mourão ainda diz que o “objeto final” da perseguição seria a “supressão da oposição política no País”.

O recado de Mourão, vindo de uma figura da extrema direita, já é preocupante em si porque demonstra que os bolsonaristas não estão se sentindo acuados pela perseguição, mas sim que pretendem denunciá-la como tal, apelando, assim, para a sua base. No entanto, Mourão é, também, porta-voz de um setor importante da cúpula militar. Um setor extremamente perigoso e que, caso se radicalize, tem muito mais que um mandato parlamentar na mão para brigar por seus interesses.

Disse então Mourão: “no caso das Forças Armadas, os seus comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem os seus integrantes ao largo da Justiça Militar“. O senador não poderia ser mais explícito: está convocando todo um setor das Forças Armadas a se insurgir contra o regime político. E não apenas contra ele, mas também contra a esquerda e o governo, que são vistos como cúmplices das arbitrariedades.

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