No dia 25 de fevereiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu dezenas de milhares de apoiadores em um ato supostamente em defesa do “Estado Democrático de Direito”. O ato, no final das contas, foi uma demonstração de força, na qual Bolsonaro teve grande êxito. Afinal, mesmo com vários processos contra ele, alguns dos quais poderão lhe render uma pena de prisão, e mesmo já tendo sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro conseguiu reunir dezenas de milhares de pessoas.
O número de presentes já é, em si, um fator importante. Trata-se, afinal, do maior ato público realizado no Brasil desde a posse de Lula, ocorrida em primeiro de janeiro de 2023. No entanto, outros aspectos também merecem ser levados em conta.
Pelos discursos dos oradores e pelas palavras de ordem do ato, já está claro que os bolsonaristas se preparam para uma campanha política. Isto é, não irão ficar apenas no ato de 25 de fevereiro, mas irão continuar em campanha em torno de seus objetivos. Já está claro que os bolsonaristas irão apresentar o ex-presidente como uma espécie de mártir, uma figura que está sendo punida por desafiar o “sistema”. Alguém que está sendo combatido pelos “maus”.
Essa campanha só está sendo possível por causa da política da direita brasileira, em especial do Supremo Tribunal Federal (STF), que partiu para uma perseguição contra o ex-presidente, atropelando seus direitos políticos e os de seus aliados. Essa política tem sido apoiada por vários setores da esquerda e do governo, o que só reforça a acusação, levantada pelos apoiadores de Bolsonaro, de que haveria uma conspiração do governo e do STF contra seu líder.
O sucesso do ato de Bolsonaro mostrou, de maneira incontestável, que a política do STF não está, em nenhum aspecto, combatendo o bolsonarismo ou o “fascismo”. Pelo contrário, está fazendo o mesmo que o Judiciário nos Estados Unidos, que, ao tentar diminuir a influência de Donald Trump no regime, está adotando uma série de medidas antidemocráticas.