A crise em que o imperialismo se encontra é, possivelmente, a mais profunda de sua história. Os Estados Unidos precisarão lidar neste ano de 2024 com contradições não apenas decorrentes das eleições presidenciais norte-americanas, russas e venezuelanas, mas também das eleições gerais na Índia, nas quais será decidida a composição do parlamento e eleito o primeiro-ministro.
País vizinho da China, o mais populoso do mundo, a Índia caminha para tomar esse posto em poucos anos. O imperialismo se detém sobre o país asiático para tentar aplicar a mesma política que fez com os vizinhos chineses nos anos 80, utilizando-se da mão de obra extremamente barata para adiar a falência de seus monopólios.
Nesse sentido, as eleições gerais indianas são também um evento de grande importância.
Em recente matéria publicada em sua página na internet, o jornal golpista Folha de S.Paulo explica o papel dos influenciadores nas eleições indianas, destacando especialmente a figura de Sharvan Patel, quem produz vídeos para o Partido do Congresso Nacional da Índia, a principal legenda de oposição ao partido governista BJP. Segundo a matéria, “com mais de 400 mil seguidores, Patel cobra cerca de 200 dólares por postagem, que pode ser um bate-papo ou um reel, sendo que o influenciador encontra um terreno fértil para atuar “nas regiões mais remotas da Índia, jovens e idosos passam horas a fio nas mídias sociais, o que influencia suas intenções de voto”.
Em suma, a Folha dá o tom de como o imperialismo pode interferir no resultado das eleições indianas.
De forma semelhante, reportagem da CNN aponta a importância das eleições para os Estados Unidos. Cita especificamente a importância da Índia como sendo um “baluarte estratégico contra a expansão desenfreada chinesa no Pacífico”. Contudo, demonstra preocupação com tendências nacionalistas e centralizadoras do atual primeiro-ministro, Narendra Modi, que estaria “cimentando um nacionalismo hindu inflexível”. Nesse sentido, a CNN, como imprensa porta-voz do imperialismo norte-americano diz que “há receios de que uma esperada vitória de Modi permita que ele complete o que considera um elemento central da sua missão”. Uma referência aos planos nacionalistas de Modi. E então questiona como os EUA podem lidar com um indivíduo assim, que também demonstra inclinações de alinhamento com a Rússia.
Contudo, apesar das preocupações, Narenda Modi e seu partido vêm obtendo importantes vitórias eleitorais.
No dia 3 de dezembro, em eleições que antecipam as eleições gerais deste ano, o Bharatiya Janata (BJP), partido de Modi, venceu 3 das 4 eleições estaduais, tomando controle dos Estados de Chhattisgarh e Rajasthan do Congresso Nacional Indiano sendo reeleito em Madhya Pradesh para um quinto mandato consecutivo.
Já no dia 7 de janeiro, houve eleições gerais em Bangladesh, país localizado ao sul da Ásia, que faz fronteira com a Índia, e que Modi e seu partido consideram como sendo um parceiro fundamental para a segurança dos estados do nordeste indiano. E quando se fala em segurança, refere-se não apenas à intromissão do imperialismo, mas também à guerra de guerrilhas que ocorre na região do chamado corredor vermelho, que ocorre desde 18 de maio de 1967.
Nas eleições saiu vencedor o partido governante, isto é, a Liga Awami, que conquistou 233 cargos no parlamento. O governo da primeira-ministra Sheikh Hasina, aliado ao governo do primeiro-ministro Modi, é retratado pelo imperialismo e sua imprensa como autoritário, o que revela que as contradições se acirram na região, na iminência das eleições gerais indianas de 2024.
Além disto, pesquisas que vêm sendo realizadas desde o segundo semestre de 2023 apontam que a Aliança Democrática Nacional, coalizão liderada pelo Bharatiya Janata, mostra o mesmo como favorito para as eleições vindouras. Da mesma forma, mostra Narendra Modi como favorito para ser reeleito como primeiro-ministro
Assim, mesmo após uma década governando o país, tudo indica que Modi e o BJP serão reeleitos e governarão a Índia por um terceiro mandato consecutivo. O quadro tende a aprofundar o caráter nacionalista do primeiro-ministro, de seu governo e do partido, agravando a crise do imperialismo, tanto no continente asiático quanto mundialmente.