Em artigo intitulado A raposa no galinheiro, publicado pela Folha de S.Paulo, a jornalista Lygia Maria decidiu criticar a posição hoje ocupada pelo Irã no Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Diz ela:
“A relação da ONU com o Irã causa no mínimo espanto e, no limite, indignação por aqueles que foram alvo das atrocidades cometidas pelo regime teocrático e por quem luta contra ele”.
É de um cinismo inacreditável. Estivessem os Estados Unidos na presidência do órgão, não haveria espanto por parte da jornalista. Afinal, para ela, no mundo, praticamente todos os governos seriam democráticos e justos, à exceção de meia dúzia de países do “eixo do mal”: Rússia, China, Cuba, Venezuela, Nicarágua etc.
E qual seria o grande argumento para protestar contra a posição do Irã na ONU? Ora, a de que a “Polícia da Moralidade” teria matado Mahsa Amini “por não usar o véu como deveria, em setembro de 2022”.
Independentemente do fato de que a moça tenha sido morta por uma questão moral ou não, sugerimos ao leitor que pare um momento para refletir. O que é pior: a morte de uma moça em circunstâncias obscuras ou a morte de milhares de mulheres palestinas por “Israel” e pelos Estados Unidos? É mais que óbvio que, se a direita pretende acusar países como o Irã de serem “autoritários”, ela antes precisaria reconhecer que não há nada mais autoritário, reacionário e monstruoso que os crimes praticados pelos países imperialistas.