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Sayid Tenório

Historiador, especialista em Relações Internacionais e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal). Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal). Twitter/X: @soupalestina

Coluna

Nakba, um crime permanente contra a humanidade

"Na Palestina, o sionismo e seu projeto colonial supremacista criado pela Nakba há 76 anos será derrotado pelas armas da resistência"

Neste 15 de maio, quero me referir mais uma vez ao problema crucial na vida palestina e um dos pontos de partida para o que aconteceu no 7 de outubro de 2023. Me refiro ao processo nefasto que ficou conhecido como NAKBA, palavra árabe que significa catástrofe e é utilizada pelos palestinos para designar os eventos que se sucederam após a proclamação de “Israel”, em 14 de maio de 1948, e as ações terroristas desencadeadas pelas gangues terroristas sionistas, como a Haganah, que viria a se constituir na base do exército israelense.

Após o Plano de Partilha ilegal e injusto ser aprovado pela ONU em novembro de 1947, o Estado judeu ficou com aproximadamente 55% das melhores terras da Palestina Histórica, embora os sionistas possuíssem apenas 7% das terras privadas na Palestina. Os judeus que viviam na Palestina representavam cerca de 33% da população, sendo uma grande porcentagem deles imigrantes transferidos em levas da Europa desde o início de Século XX e sobretudo após a Segundo Guerra.

Os vilarejos palestinos foram ocupados, destruídos e saqueados e seus moradores expulsos ou mortos pelas das forças judaicas muito bem armadas, depois de um acordo realizado entre o representante sionista em Nova Iorque, Moshe Sherlak, e o chanceler soviético Andrei Gromyko, que permitiu o envio de moderno armamento entregue às milícias sionistas pela Checoslováquia, que estava sob ocupação do exército soviético. 

O que se viu daquele processo foi a destruição de mais de 400 aldeias e a expulsão deliberada de cerca de 800 mil palestinos – mais do que toda população judaica existente naquela época -, que perderam suas casas e seus bens e tornaram-se refugiados dentro do seu próprio território e nos países vizinhos, submetidos a um processo de anexação de terras, limpeza étnica, discriminação racial e da judaização de Jerusalém e do roubo de bens nacionais.

A colonização começou logo em seguida e não parou mais e tem como objetivo final a completa desenraização e destruição da Palestina. Quando a primeira fase da Nakba foi concluída pelas forças ocupantes sionistas, o novo Estado de “Israel” compreendia 78% da Palestina Histórica, restando apenas a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, que estavam sob o controle da Jordânia e do Egito, respectivamente.

Ao atacar brutalmente um povo originário através da limpeza étnica, assassinatos, deslocamento e cerco, “Israel” tenta impor um fato consumado que contradiz a história, a realidade, o Direito Internacional e as resoluções das Nações Unidas, em flagrante desafio aos humanistas e progressistas do mundo.

Nesta situação de permanentes agressões, o povo palestino não tem outra escolha a não ser resistir à ocupação e às investidas opressivas contra a terra palestina, seu povo, recursos e lugares sagrados.

A Nakba é a origem histórica desse mal que afeta a Nação e o povo palestino há 76 anos, num cenário de crimes contra a humanidade e apartheid, que levou o Movimento de Resistência Islâmica – HAMAS e outras forças da resistência palestina a realizar a operação heroica e legítima de 7 de outubro, com o objetivo de romper o cerco ilegal e mortal a Gaza, que dura mais de 17 anos, e libertar a Palestina.

A gloriosa operação “Inundação de Al-Aqsa” é o divisor de águas neste momento histórico que estamos vivendo, desencadeando uma avalanche revolucionária que proporcionou o ressurgimento de poderosos movimentos de solidariedade em todos os continentes, e está produzindo transformações locais que podem afetar os regimes que se puseram de joelhos perante os sionistas, sobretudo os regimes colaboracionistas árabes.

É visível a simetria dos acontecimentos de 1948 com o que estamos assistindo atualmente em Gaza e na Cisjordânia, com o estado terrorista de “Israel” massacrando Gaza há sete meses, tentando exterminar um povo originário e apoderar-se das suas terras para a expansão do seu projeto colonial de supremacia judaica na Palestina.

Mesmo diante do elevado preço em vidas e destruição, as forças da Resistência palestina puseram fim ao mito da invencibilidade militar do Estado sionista. A guerra genocida contra o povo palestino na Faixa de Gaza, com o apoio dos EUA, do Reino Unido, países europeus e a cumplicidade dos governos árabes, não conseguiu nem será capaz de alcançar nenhum dos seus objetivos agressivos, principalmente o de aniquilar a resistência palestina e resgatar os reféns da guerra em Gaza.

Os protestos estudantis que se espalharam rapidamente pelos Estados Unidos e chegando a outros lugares mundo têm assumido o importante papel de denúncia do genocídio e massacre de magnitude que a história nunca testemunhou. Além disso, o movimento ostenta um caráter marcadamente antissionista, que é uma benção da abnegada resistência palestina, com seu espírito de coragem e de martírio, o que lhes permite manter a sua vantagem como combatentes jihadistas nesta guerra.

Muitos manifestantes nas Universidades americanas são judeus e sabem que “Israel” é inimigo dos judeus, que estão sob pressão dos sionistas e oprimidos por causa de suas crenças religiosas e por não apoiarem o apartheid e o genocídio sionista em Gaza, que usa o judaísmo como escudo para suas práticas criminosas contra a humanidade.

O nazismo, que inspira o sionismo israelense, durou seis anos na Europa e foi derrotado. A noite tenebrosa do apartheid na África do Sul começou em 1948 e foi derrotada pelo alvorecer da resistência em 1994, graças a luta abnegada do seu povo e do heroísmo e resiliência dos seus líderes, como o grande irmão Nelson Mandela.

Na Palestina, o sionismo e seu projeto colonial supremacista criado pela Nakba há 76 anos será derrotado pelas armas da resistência, porque o apartheid e o holocausto de palestinos não podem virar um modelo nefasto de colonialismo, opressão e extermínio de um povo originário.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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