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Brasil

Mobilização da esquerda deve ser pela ‘democracia’?

Valter Pomar, em balanço do ato organizado por Jair Bolsonaro, propõe que a esquerda saia às ruas; mas, com que política?

No artigo Sem anistia! Não aceitamos “passar borracha” nos crimes, publicado no Brasil 247, o historiador Valter Pomar, dirigente da corrente Articulação de Esquerda, do Partido dos Trabalhadores (PT), se propõe a fazer um balanço sobre a manifestação convocada por Jair Bolsonaro (PL) em 25 de fevereiro. No início, Pomar fala o óbvio: “não deve haver dúvida de que o número de pessoas foi muito significativo, demonstrando que a extrema-direita em geral e o cavernícola em particular mantém grande capacidade de mobilização”.

De fato, a manifestação foi grande. Mas Valter Pomar não previu isso, apenas comentou após a manifestação ocorrer. Na verdade, há não muito tempo, Valter Pomar havia escrito um texto para contestar o fato de que Bolsonaro estava sendo perseguido pelas autoridades que representam o Estado.

Ora, mas a grande adesão à manifestação é justamente a prova de que há essa perseguição. Bem como a prova da falência desse tipo de política. Bolsonaro conseguiu organizar o maior ato público desde a posse do presidente Lula, em 2023, justamente porque sua base vê as investigações policiais e as medidas do Supremo Tribunal Federal (STF) como uma grande injustiça. Tanto é assim que o tema do ato, escolhido por Bolsonaro, era a “defesa do Estado democrático de direito”.

Sobre a política da direita “tradicional” de passar por cima dos direitos democráticos dos manifestantes do 8 de janeiro, nenhuma palavra de Valter Pomar. Sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter cassado os direitos políticos de Bolsonaro sem prova alguma, também nenhuma palavra. E, menos ainda, nenhuma palavra sobre o apoio da esquerda a essa política persecutória.

Ainda que não tire as conclusões necessárias sobre a política da esquerda em relação a Bolsonaro, Valter Pomar, ao menos, acerta uma: é preciso, em resposta ao avanço da extrema direita, mobilizar: “por todos estes motivos, levando em consideração também o cenário de recrudescimento da crise internacional, a começar pela vizinha Argentina, é preciso reafirmar: a extrema direita só será derrotada se houver polarização, radicalização programática e mobilização popular”.

A grande questão é: em torno do que essa mobilização deve acontecer? Bolsonaro, no final das contas, encontrou um eixo para a sua mobilização, que foi um sucesso: o combate ao Judiciário, odiado pelo conjunto da população. Qual deveria ser, então, o eixo para a mobilização da esquerda? O que a população mais precisa, o que ela mais reivindica? Como atrair massas tão amplas para as ruas que coloque a extrema direita na defensiva?

Pomar nos explica é: “é fundamental que o presidente Lula, associado ao conjunto das forças políticas democráticas e de esquerda, convoquem um ato público em defesa do povo e da democracia”.

Ora, quem seriam as “forças políticas democráticas”? A fórmula, apresentada por Valter Pomar, já é, em si, uma tentativa de desviar do que seria a fórmula tradicional de uma mobilização da esquerda: os trabalhadores e suas organizações, o movimento operário etc. Não é por acaso.

Como dissemos, Valter Pomar não faz uma única crítica à atuação da direita “tradicional”, que foi a responsável por impulsionar a mobilização de Bolsonaro, tornando-o uma vítima para seus apoiadores. Implicitamente, trata-se de um acordo com o que Alexandre de Moraes e companhia vêm fazendo. Só podemos chegar à conclusão, portanto, que o STF e a Rede Globo comporiam as tais “forças políticas democráticas”, visto que, para Pomar, estaria no mesmo campo que a esquerda.

Mas o final da frase é ainda mais revelador. Para uma população em que parte significativa vive do auxílio do Estado para sobreviver, para uma população que não tem emprego porque os Estados Unidos destroem a sua economia, a grande prioridade seria a defesa da… democracia!

Na atual circunstância, defender a “democracia”, ainda mais associando isso a um combate ao bolsonarismo, é defender as medidas tomadas pelo STF para perseguir Bolsonaro. É um erro, portanto, catastrófico. Bolsonaro, por meio de sua mobilização, provou o quanto o STF é impopular. Se a esquerda continuar prestando apoio a esse setor da burguesia, falhará inevitavelmente.

A mobilização da esquerda não deve ser por coisas abstratas como “democracia”, ainda mais neste momento, em que ela é utilizada para atacar os direitos democráticos do povo. A mobilização deve se colocar contra os inimigos da população, entre os quais está não apenas Bolsonaro, mas o próprio STF, a imprensa golpista e todos aqueles que hoje se revelam como cúmplices do genocídio na Faixa de Gaza.

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