O Diário da Causa Operária sempre acompanhou de perto a crise gerada pela ocupação israelense na Palestina. No entanto, desde a deflagração das operações de 07 de outubro, que levou a uma nova intensificação desse conflito, iniciamos uma cobertura diária da evolução dos acontecimentos que se desenrolam na Palestina. Nesse sentido, o atual artigo apresenta um breve resumo da última semana dos confrontos que já ceifaram a vida 1.139 israelenses e mais de 35.000 palestinos (a maioria civis) desde 07 de outubro, em um conflito que se estende por quase 80 anos.
Os últimos acontecimentos
Desde a última sexta-feira (10/05), o Estado israelense assassinou 130 palestinos e feriu outros 241 em Gaza. Ao passo que, apesar do recente posicionamento do presidente Biden, o embaixador dos EUA em Telavive declarou que a “assistência dos EUA a ‘Israel” não será interrompida” e que nada de estratégico mudou na relação EUA-“Israel”. Nesse sentido, o ministro da Guerra israelense declarou que a guerra continuará até “desmantelar o Hamas”, um objetivo cada vez mais distante.
Com a intensificação dos bombardeios em Rafá, milhares deixam a cidade, sem qualquer outro local para serem acolhidos. Na Cisjordânia, local onde a máquina de guerra sionista já matou cerca de 500 palestinos desde o 7 de outubro, “Israel” matou mais um e feriu outros 11 palestinos numa incursão em Nablus. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (em inglês abreviado como UNRWA) diz que 300.000 palestinos fugiram de Rafá desde a semana passada e anunciou que permanecerá acompanhando a situação em Rafá até quando for possível, alertando sobre o “colapso social” que acomete o campo de refugiados e a ilegalidade da operação israelense, que ataca alvos civis.
O Ministério da Saúde palestino, sediado em Gaza, anunciou que os hospitais remanescentes na Faixa de Gaza receberam 130 palestinos que foram mortos em ataques israelenses desde quinta-feira, 9 de maio, enquanto outros 241 chegaram feridos. Enquanto isso, veículos de mídia palestinos informaram que, nas últimas 24 horas, as forças israelenses iniciaram uma nova ofensiva no bairro de Zeitoun, no sul da Cidade de Gaza, pelo quinto dia consecutivo. As incursões israelenses foram acompanhadas por intensos ataques aéreos nos bairros de Zeitoun, Sabra e Shuja’iyya, bem como no campo de refugiados de Jabalia, local onde além dos bombardeios aéreos, também foi cenário de uma invasão por terra pelas forças sionistas.
Os constantes ataques aéreos israelenses, nesta última semana, mataram um número inconclusivo de pessoas na cidade de Gaza. Dentre os mortos identificados, haviam 17 membros de uma única família. Além disso, entre os mortos estava Tala Abu Zarifeh, uma liderança conhecida da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, organização política secular que reivindica o marxismo como doutrina política.
Conflito entre agência da ONU e o Estado Israelense
Nesta semana, foram registrados intensos combates entre as forças sionistas e os grupos de resistência palestinos na Cidade de Gaza e em Rafá. Neste final de semana, o exército israelense anunciou que cinco soldados foram mortos e mais de 50 ficaram feridos em combate contra insurgentes palestinos no bairro de Zeitoun (Gaza), demonstrando que apesar dos esforços da máquina de guerra sionista, a situação na Palestina está longe de estar “sob controle”.
É nesse sentido que se consolida o entendimento da agência da ONU responsável pelo auxílio aos refugiados palestinos, a UNRWA. O organismo da Organização das Nações Unidas declarou no sábado (11/05), que não há mais locais seguros na Faixa de Gaza. O Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse em um post no X, antigo “twitter”, que “a alegação de zonas seguras é falsa e enganosa”.
Também no X, agora no perfil próprio da agência, foi anunciado que a UNRWA não evacuará Rafá. A situação da cidade é apocalíptica e segundo a agência, mais de 360.000 palestinos já deixaram o local desde que o exército israelense iniciou a invasão da cidade na semana passada. Muitos deles foram até Rafá em busca de refúgio, tendo em vista os incessantes bombardeios israelenses por toda a faixa de Gaza, obrigando milhares de pessoas a se deslocarem pela sexta, ou sétima vez desde outubro. Em Genebra, Lazzarini comentou publicamente que os palestinos em Gaza tiveram que mudar de cidade a uma taxa de uma vez ao mês desde outubro, devido aos bombardeios vindos de “Israel”.
A indisposição dos israelenses perante a UNRWA não é nova, “Israel” defende publicamente o fechamento da agência, que foi criada em 1949, após a Nakba palestina. Vale lembrar que a UNRWA foi vítima de uma série de ilações (logo após o 7 de outubro) vindas do Estado israelense, que acusava a agência de possuir ligações com o Hamas, inclusive afirmando que militantes da organização palestina estavam presentes no seu quadro de funcionários. Após uma investigação independente encomendada pela ONU e pela principal autoridade de ajuda humanitária da União Europeia, as acusações foram reveladas como farsas completas. No entanto, até a investigação ser concluída, 16 países já haviam retirado seu financiamento da UNRWA.
A crise entre a ONU e “Israel” parece ter atingido seu ponto mais alto nesta quinta-feira (09/05), quando o escritório da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo, em Jerusalém, foi forçado a fechar depois que uma multidão de israelenses incendiou o prédio onde seu escritório está localizado. A UNRWA disse que o incêndio foi iniciado enquanto a equipe da agência estava dentro do prédio e que eles mesmos tiveram que apagar o fogo, tendo em vista que o corpo de bombeiros israelense demorou para chegar, levantando a suspeita de que o ataque realizado por civis contava com o apoio institucional do Estado israelense. A multidão tentou, por duas vezes no mesmo dia, atear fogo ao prédio. Tal ataque levou ao fechamento temporário do escritório da agência em Jerusalém, ainda sem previsão para reabrir.