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Coluna

Madonna e as manifestações culturais do século XXI

A praga sionista é uma manifestação cultural do absurdo

A cada dia que passa, fica mais claro como o fascismo está funcionando e impactando nossas vidas no atual momento histórico.

A primeira constatação é a de que o nome foi atualizado: agora, chamamos de sionismo. É a versão 4.0 do nazismo e do fascismo, uma espécie de repaginação dos modelos anteriores, atualizado para as demandas do atual período.

Sabemos a origem do fenômeno no século XIX, de sua colaboração com o nazismo e de sua enorme influência como linha mestra para garantir os interesses dos atuais burocratas e plutocratas. 

Por mais de um século, ele vem se desenvolvendo. Ele é aquilo que se escondeu nas sombras da brutalidade nazista, foi acolhido como o monstro preferido dos imperialistas, maquiou-se de boas intenções midiáticas e instalou-se na Palestina como um posto avançado da crueldade absoluta.

De origem judaica, não podemos restringir seu impacto somente a esta comunidade religiosa. Ao contrário, o sionismo é a manifestação cultural da classe dominante no momento presente. 

Orbitam nesse mundo os Reinfeld, ou seja, servos e capachos dos dráculas, que se espalham como moscas pelo mundo. São eles que fazem com que o sionismo do século XXI seja tão diferente dos seus irmãos anteriores e funcione de fato.

A peste claramente aprendeu com os fracassos passados e evoluiu. Entendeu que pode capturar corações e mentes e o faz com enorme competência. Porém, contradição das contradições, o genocídio em Gaza está colocando um enorme holofote em sua direção, fazendo derreter as suas máscaras. Sobra horror, morte e decadência.

A praga sionista é uma manifestação cultural do absurdo. Seus capachos dividem-se em dois grupos principais. De um lado, temos os trans-nacionalistas de direita com suas formas religiosas e artísticas de quinta que visam controlar comportamentos e discursos. De outro, os trans-intelectuais de esquerda e suas formas dogmáticas e artísticas de quinta que também visam controlar comportamentos e discursos. 

Eles parecem estar de lados opostos. “Polarização”, dizem. Mas são, na verdade, dois lados do mesmo bitcoin forjado no capitalismo tardio. Entrelaçados, eles são o sionismo. Um não pode viver sem o outro. Um não existiria sem o outro.

Nada explicita mais essa união com acuracidade nos dias de hoje do que a entidade sionista chamada Israel. Ela é a professora de todos, a concreta manifestação do genocídio do bem, realizado em nome da democracia. Lá, não há contradição e conflitos. Só há certezas e missão divina.

Se a entidade sinonista é a mãe, não faltam no mundo exemplos de como ele se espalhou e opera.

Veja-se no Brasil, por exemplo. Há poucos dias, em Copacabana, Madonna nos brindou com um espetáculo cultural típico dos tempos atuais. Fotos de Che Guevara, Paulo Freire e Martin Luther King, desprovidas de qualquer contextualização histórica, maquiavam em bondade aquilo que é pura apropriação capitalista. Como bem lembrou Rui Costa Pimenta em sua análise de terça, há décadas Madonna canta que é uma garota materialista. Além de ser uma sionista declarada.

Sua estética pop de Photoshop e seus seguidores entrelaçam as contradições sem qualquer conflito. É uma grande festa da lacração e do bem absoluto. Mas engana-se quem pensa que o fundo não é político. É muito político, sim, como qualquer arte. 

No mesmo dia, um músico de Twitter, do tipo que faz versões “engraçadas” e “criativas” das músicas dos outros, lançou uma versão de “Vogue” nesta rede social. Em meio a citações de Elza Soares, Raoni e, claro, Paulo Freire, há menções aos adoráveis e heroicos políticos do PSOL. Só desse partido. E um abraço emocionado à bandeira nacional.

Um dia antes do show, entrou em cartaz nos cinemas uma pérola da trans-esquerda chamada, olha só, Transe. Da ambígua citação ao filme de Glauber aos diversos significados semânticos do título, é somente uma simplificação vazia do processo histórico recente no país.

Ao mesmo tempo, algumas mídias ditas progressistas, em coro afinado, entraram na campanha da bandeira nacional resgatada pela agente cultural estrangeira Madonna e elevaram o show a um showmício de esquerda. Nesse ponto estão certos, de fato foi um showmício. De esquerda?

Os poucos críticos conseguiram apenas acusar Madonna de indecência. Apelaram para a crítica ao comportamento, claro. Pura tolice, como demonstramos. 

Tudo pareceu bastante articulado. Em sincronicidade perfeita com o genocídio do bem. 

Mas, de concreto mesmo, podemos dizer que foi uma semana gloriosa para o PSOL. Afinal, levar 1,6 milhão de pessoas a um evento político do partido democrata americano em plena Copacabana não é para qualquer um não.  Tudo com as bênçãos do Itaú. (Genocide Joe que chamam, né?) 

Isso tudo depois de semanas gloriosas dos fake-nacionalistas de direita e suas manifestações cheias de explícitas bandeirinhas de Israel e palavras de ordem em língua estranha.

O PT, incapaz de ocupar um dos lados, tenta se enturmar com um e outro sempre sem jeito. Segue envergonhado de empunhar a única bandeira que interessa: a da luta de classes. Única de fato capaz de enfrentar o capitalismo tardio e suas manifestações culturais entrelaçadas.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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