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Universidades federais

Direito de greve é como o direito à expressão: deve ser pleno

Os sindicatos podem e devem fazer política; jogar a greve dos professores contra os alunos é uma típica estratégia patronal

O Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu ele próprio que criticar o STF é um ataque às instituições democráticas, e isso dá até cadeia. O que dizer do ataque constante feito pela imprensa golpista contra outra previsão constitucional, no caso, o direito à greve? Como não raspa a toga dos ministros biônicos, o direito de greve é um dos mais atacados pelo regime de conjunto. 

É o que faz a imprensa capitalista no caso da greve dos professores e servidores das universidades federais, que, ao contrário do que, diz a família Marinho, deveria ser expandida. O Globo, porta voz dos interesses internacionais no Brasil, afirmou em editorial recente que “não bastassem as perdas significativas durante a pandemia com as escolas fechadas, agora sofrem o baque da greve”, como se o Globo alguma vez em sua existência tivesse se preocupado com as condições dos alunos e professores das universidades.

Diz, ainda, que a greve é “oportunista, organizada por sindicatos mais preocupados em fazer política que em melhorar a qualidade do ensino”, e que “não é por acaso que a pauta de reivindicações inclui bandeiras políticas como a rejeição à reforma do ensino médio”. Por fim, arremata: “certo é que os maiores prejudicados são os alunos, com quem os grevistas não estão nem um pouco preocupados”. 

O argumento rasteiro exposto por O Globo é um muito utilizado em tempos de greve. O movimento paredista atrapalha o andamento do trabalho a ser desenvolvido, atrapalha quem quer estudar, atrapalha quem quer trabalhar, etc. É o argumento histórico de um fura-greve. Fato é que greve não é para agradar, é para atrapalhar mesmo. É um recurso do movimento de trabalhadores ou mesmo estudantil para exigir determinadas reformas, reivindicações sociais, econômicas e políticas. Se os professores ou os alunos, por exemplo, resolvem fazer uma greve em defesa da Palestina, para que o governo federal rompa relações com os sionistas de “Israel”, possuem todo esse direito.

Afirma a matéria: “na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das maiores do país, docentes continuam dando aulas, enquanto servidores estão em greve. A situação se repete noutros lugares. Paralisações atingem pelo menos 52 universidades, 79 institutos federais e 14 instalações do Colégio Pedro II. A cada dia surgem novas adesões à greve”.

O correto de uma greve, de fato, é se expandir. Em uma universidade, é preciso ter ampla campanha em todos os setores, para que, assim, as chances de vitória do movimento aumentem. Mas a polêmica aqui não é com setores da esquerda, mas com O Globo, que jamais esteve preocupado com estudantes ou professores. Basta ver o banho de sangue que defendem sempre que existe alguma manifestação estudantil. Toda a repressão contra estudantes em 2013, quando milhares de estudantes tomaram as ruas do Brasil, foi apoiada e defendida por O Globo. Essa é a “preocupação” da imprensa capitalista, que também não sai em defesa dos estudantes que estão sendo reprimidos nos Estados Unidos.

“As perdas não se restringem ao aprendizado”, disse o órgão de imprensa que defendeu absolutamente todos os golpes de Estado, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. “A greve atinge as universidades depois de um período de esvaziamento orçamentário. Algumas mal têm recursos para pagar as contas básicas. Como a greve afeta também setores administrativos, serviços oferecidos aos estudantes foram interrompidos. Há casos de universitários sem acesso ao bandejão que não têm dinheiro para comer fora do campus”. Em último caso, uma greve só deveria acabar quando todos os problemas crônicos da universidade fossem resolvidos, especialmente a falta de recursos. Aliás, para isso mesmo que existe o direito de greve.

“A greve oportunista, organizada por sindicatos mais preocupados em fazer política que em melhorar a qualidade do ensino, acaba se voltando contra os alunos, as universidades e os próprios professores, uma vez que contribui para esvaziar e desprestigiar as instituições ainda mais. Quem vai querer estudar em universidades que sistematicamente passam parte do ano paradas por greves sem razão de ser?”

Seria natural que o PSOL, partido que contribuiu para o golpe de 2016, aproveite a greve para abrir uma campanha contra o governo PT. No entanto, isso nada diz respeito à greve. A greve tem reivindicações legítimas. O direito de greve deve ser garantido, e deve ser irrestrito. Na realidade, a única forma da greve não se tornar um instrumento de ataque direitista contra o PT é ampliando o movimento para todos os setores.

Por outro lado, se os sindicatos quisessem organizar uma greve política, eles têm todo o direito. Não é só O Globo que pode fazer política. Os sindicatos podem e devem fazer política. Jogar a greve dos professores contra os alunos é uma típica estratégia patronal. Visa defender que as coisas fiquem exatamente como estão. Ou seja, que o que ensejou a greve não seja resolvido, e, neste caso, todo mundo deve continuar sofrendo, do funcionário ao professor. 

Todos sabem que qualquer avanço dos direitos sociais e políticos dentro das universidades foi resultado da luta estudantil, em primeiro lugar, e dos professores, em seguida. Não há nada que seja benéfico ao estudante que seja fruto das posições políticas da Rede Globo ou que tenham sido dádivas de um governo. Tudo foi resultado da luta. 

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