No último 7 de julho ocorreu o segundo turno das eleições para a Assembleia Nacional Francesa. A Nova Frente Popular (NFP), coalizão formada pelo Partido Socialista, pela França Insubmissa (LFI), pelo Partido Comunista Francês e outros, foi vitoriosa.
Apesar disto, passados 50 dias das eleições, não foi formado um novo governo. Emmanuel Macron se recusa a nomear novo chefe de governo, indicado pela NFP. O primeiro-ministro da França continua sendo o macronista Gabriel Attal, de forma que a coalizão Ensemble, liderada por Macron, continua governando França.
A princípio, o presidente francês havia alegado que a mudança de governo, da Ensemble para a NFP, não poderia ser feita durante as Olimpíadas. Contudo, o evento esportivo já acabou há duas semanas, e a Ensemble e os macronistas continuam governando a França. Dessa forma, Emmanuel Macron e sua coalizão está ignorando o resultado das eleições parlamentares francesas, em que a coalizão de esquerda foi vitoriosa.
Macron está se segurando ao poder em razão da presença da França Insubmissa na coalizão Nova Frente Popular. Em declaração recente, o presidente francês utilizou o pretexto da estabilidade institucional para rejeitar a nomeação de um governo da esquerda. Segundo Macron “um governo baseado apenas no programa e os partidos propostos pela aliança com maior número de deputados, a Nova Frente Popular, seria imediatamente censurado“, e “minha responsabilidade é que o país não seja bloqueado nem enfraquecido“.
Manuel Bompard, coordenador nacional da LFI denunciou a conduta do presidente francês como um “golpe antidemocrático inaceitável”. Por sua vez, Jean-Luc Mélenchon, líder da LFI, pediu uma “resposta firme e forte” do público e dos políticos, incluindo uma “moção de impeachment” contra o presidente.
Recentemente, a NFP indicou Lucie Castets, uma servidora francesa ligada ao direitista Partido Socialista, para o cargo de primeira-ministra. Ainda assim, essa indicação foi rejeitada, pois a Ensemble ficaria de fora do governo.
Após quase dois meses em que o bloco de Macron foi derrotado, o presidente francês se recusa a perder o governo. Não coincidentemente, neste contexto o fundador do Telegram, Pavel Durov, foi preso arbitrariamente pelo aparato de repressão francês.