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Eleições 2024

Luta contra o bolsonarismo com Marta, amiga do bolsonarista Nunes

Como tornar a chapa oportunista Boulos-Marta em "resistência"

O portal na internet do grupo Resistência, o Esquerda Online, corrente interna do PSOL, publicou uma extensa nota para explicar para sua militância porque eles devem apoiar a candidatura de Guilherme Boulos e Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo. Vejamos alguns pontos desse complicado exercício de contorcionismo do grupo que se autointitula “revolucionário” e “trotskista” para justificar o apoio de uma chapa eleitoral hiper oportunista e direitista.

Antes de entrar nos argumentos em si, só a presença de uma figura com Marta Suplicy na chapa já deveria ser mais do que o suficiente para desqualificar qualquer tentativa de apresentá-la como combativa. Falaremos um pouco mais sobre isso à frente.

“As eleições municipais – afirma o Resistência – serão mais um capítulo na disputa contra o Bolsonarismo, consequentemente, decisiva na luta contra o avanço da extrema direita e o neo-fascismo no Brasil. O próprio Bolsonaro disse publicamente que seu objetivo é vencer em 1500 municípios, demonstrando a centralidade que irão dar a essa disputa.”

Bolsonaro e o bolsonarismo cumprem um importante papel para a esquerda oportunista. Eles servem como desculpa e pretexto para um verdadeiro vale-tudo político. Qualquer crime político é justificável, ainda que ele, normalmente, sirva ao objetivo oposto, que é fortalecer o bolsonarismo.

Segundo os malabaristas do Resistência, Ricardo Nunes é a expressão do bolsonarismo nessa eleição. Não negamos essa afirmação, mas se é assim, como explicar que uma pessoa tirada de dentro desse governo bolsonarista possa ser apresentada como grande solução anti-bolsonarismo?

Marta Suplicy foi tirada de uma secretaria da prefeitura de Ricardo Nunes para voltar ao PT e ser a vice de Boulos.

Se Nunes é bolsonarista, Marta é uma bolsonarista na chapa de Boulos. Se ela entrou no PT e agora finge arrependimento, não muda o fato. O “arrependimento” de Marta foi motivado por algo que é capaz de mover até político aleijado: a possibilidade de um cargo.

O mesmo objetivo rasteiro e corrupto fez Marta abandonar o PT nas vésperas do golpe: se filiar no MDB golpista e votar a favor do golpe.

Esse é o caminho da luta contra Bolsonaro?

Dizer que o bolsonarismo é o principal inimigo a ser combatido é uma enorme falácia e não é fácil de saber por quê. Não há dúvida que o bolsonarismo é um perigo, mas isso não o torna mais perigoso do que outros setores da direita que são ainda mais poderosos.

Ricardo Nunes, por exemplo, é herdeiro da prefeitura de Bruno Covas, do PSDB. A atual prefeitura, portanto, não é cria do bolsonarismo propriamente dito, mas da direita dita “civilizada”. No final das contas, temos um fato indubitável: a chapa Nunes e a chapa Boulos tem muitos pontos em comum.

É a política de frente ampla, que desde o governo Bolsonaro tenta juntar setores da esquerda com a direita tradicional. O mais correto é dizer que tenta colocar a esquerda a reboque da direita. Serve para limpar a imagem da direita golpista e, ao mesmo tempo, frear qualquer luta séria contra a direita e o bolsonarismo.

O Resistência quer convencer seus militantes de que uma chapa oportunista Boulos-Marta será um avanço na luta dos trabalhadores: “Faz diferença se esse aparato monstruoso [da cidade de São Paulo] vai servir para organizar o neo-fascismo no Brasil ou se vai servir para impulsionar a resistência dos trabalhadores.” E mais adiante: “A eleição de Boulos pode nos possibilitar avanços estratégicos consideráveis na tarefa da auto-organização dos trabalhadores e na sua mobilização, no avanço da consciência e na melhora de vida dos explorados e oprimidos. Os meios, portanto, devem corresponder a este fim.”

Como exatamente isso servirá para impulsionar a resistência dos trabalhadores? A única resistência que pode resultar dessa chapa é a resistência do povo em apoiá-la. Quanto mais a esquerda aparece como uma via extremamente adaptada ao regime político, mais avança a extrema-direita. A vexatória manobra em torno de Marta Suplicy, a propaganda pró-Boulos por parte da imprensa golpista, tudo isso qualifica Boulos como um candidato do status quo da política, e é mesmo.

Na verdade, a chapa Boulos-Marta serve como um fator de desmoralização e desmobilização dos setores mais ativos dos trabalhadores. Os “trotskistas” do Resistência/PSOL esqueceram que uma frente programática com a burguesia serve para desarmar os trabalhadores, não o contrário. A afirmação do texto de que a chapa Boulos-Marta será um avanço para a “auto-organização dos trabalhadores” é feita simplesmente para que não se tenha que discutir o óbvio: que o resultado será o exato oposto do que está dito.

“Um governo que não seja apenas ‘participativo’, mas apoiado na mobilização e auto-organização. Que acabe com a farra do mercado imobiliário que devora a nossa cidade e se proponha a governar para os milhões de sem-teto, negros em sua maioria, que pagam aluguel, moram de favor e precariamente nos mananciais e áreas de risco e interrompa esse fluxo da desigualdade que leva todos os dias pessoas a viverem em barracas pelas ruas, quando essas não são destruídas pela própria ação higienista do Estado.  Um programa que interrompa a degradação ambiental que leva a tragédias diárias com as enchentes que revelam o racismo ambiental em São Paulo. Um programa que escancare o racismo que sustenta os privilégios da elite que mata e encarcera e impede a negritude de sonhar com outra realidade. Um programa que proteja as mulheres e as pessoas LGBTQIA + da violência e desamparo.”

Esse é o programa que o Resistência deseja para uma eventual prefeitura Boulos. Um reformismo de baixíssima intensidade e limitado ao município de São Paulo. Como bons políticos eleitoreiros, o Resistência promete o mundo para seus eleitores. Só não explica como realizar “grandes mudanças” sem um programa que pelo menos enfrente a política direitista que se impõe no país. Boulos enfrentará as privatizações, por exemplo? Parece que não.

Guilherme Boulos, apresentado como “grande representante dos sem-teto” vai expropriar os terrenos e imóveis vazios? Nenhuma palavra sobre isso.

Quem apresenta esse esboço de programa são os “trotskistas” do Resistência, logicamente que Boulos e Marta estão dispostos e muito menos do que isso. Ou talvez muito mais do que isso… muito mais direitista.

E o que o Resistência tem a dizer sobre Marta Suplicy, golpista reciclada para ser a grande companheira de luta de Guilherme Boulos? “A culpa é do PT”:

“compreendemos o descontentamento de muitos desses militantes com a escolha do PT para a vice de Boulos. Essa foi uma decisão que coube exclusivamente ao PT, a medida que ficou definido, corretamente, que a vice deveria ser desse partido.”

O PT entregou a candidatura da principal capital do País para um partido sem base como o PSOL e o PSOL retribui dizendo: tudo de ruim que acontecer, é culpa do PT. Isso é que é aliado bom!

A afirmação do Resistência é de um cinismo inacreditável. Obviamente que Boulos e o PSOL são agentes da mesma manobra desmoralizante que o PT fez ao trazer Marta. Mas consideremos que seja verdadeira a afirmação de que só coube ao PT a decisão de trazer a traidora de volta. Obviamente que isso não muda em nada o fato de que o PSOL está numa chapa oportunista e de frente com a direita.

Mas na dúvida, afinal colocar a culpa só no PT provavelmente não vai colar, o Resistência também passa um pano para Marta que tem “pontos importantes”:

“Compreendemos o desapontamento com a decisão porque há fatos inúmeros que desabonam Marta Suplicy. Embora seja preciso reconhecer importantes projetos em seu governo para os mais pobres e periféricos, como o Bilhete Único e os CEUs, Marta não passou à prova da história. Embarcou no impeachment, na Lava Jato. É muito importante, no entanto, que frente a consolidação da aliança de Nunes com Bolsonaro, Marta tenha pulado fora deste barco. Da mesma forma, seria também muito importante que Marta revisse publicamente sua posição em relação ao golpe e suas escolhas políticas recentes.”

Vejam só, militância, “Marta é ruim, mas é bom”. Não fiquem tão descontentes assim! Marta saiu da prefeitura de Nunes para ser candidata a vice, isso certamente mostra uma firmeza de caráter.

A colocação é verdadeiramente uma aberração política.

Que o caráter da política do PT é oportunista, ninguém tem dúvida. Que Boulos e o PSOL há muito não enganam com falso radicalismo, também não há dúvida. Mas é interessante que um grupo pseudo-revolucionário como o Resistência ainda tente explicar a lama oportunista em que está metido. Melhor é sair do armário e abraçar de vez Marta e cia.

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