Foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (29), que o presidente do Brasil, Lula, removeu o embaixador Frederico Salomão Duque Estrada Meyer da Embaixada do Brasil em Telavive para exercer o cargo de representante especial do Brasil junto à Conferência do Desarmamento em Genebra, Suíça.
O governo brasileiro não indicou substituto e a embaixada será liderada pelo chefe de negócios. A decisão do presidente brasileiro ocorre em meio ao aumento da pressão internacional contra a ofensiva militar de “Israel” em Rafá. A substituição gerou retaliação da imprensa burguesa sionista.
A crise diplomática entre o governo brasileiro e o de governo israelense começou quando o presidente comparou as mortes de civis palestinos na guerra na Faixa de Gaza ao Holocausto. Em resposta, o chanceler israelense, Israel Katz, levou Meyer ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, e, em hebraico, deu declarações críticas ao governo brasileiro. O diplomata, que não fala a língua, ficou constrangido com o episódio, segundo fontes do Itamaraty, o que irritou a diplomacia brasileira.
Através de suas redes sociais, o presidente Lula considerou histórica a decisão de alguns países entrarem para o grupo de mais outros 140 que reconhecem o Estado palestino. Lula também lembrou que o Brasil foi um dos primeiros países da América Latina a reconhecer o Estado palestino ainda em 2010 durante seu 2º mandato.
“A decisão conjunta de Espanha, Noruega e Irlanda de reconhecer a Palestina como um Estado é histórica por duas razões. Faz justiça em relação ao pleito de todo um povo, reconhecido por mais de 140 países, por seu direito à autodeterminação”, escreveu Lula no X. “Além disso, essa decisão terá efeito positivo em apoio aos esforços por paz e estabilidade na região. Isso só ocorrerá quando for garantida a existência de um Estado Palestino independente”, acrescentou.
A medida, apesar de não ser muito radical, é positiva e sua grande repercussão internacional pode fazer com que outros países do mundo também façam o mesmo. Vários meios de comunicação internacionais deram a notícia, alguns elogiando a decisão brasileira e outros meios ligados ao imperialismo e o sionismo não muito satisfeitos. A atitude do presidente Lula isola ainda mais o Estado fictício de “Israel” e seus apoiadores como os Estados Unidos.
A situação de “Israel” está ficando cada dia pior. Fora o isolamento político e as manifestações em todo o mundo contra o genocídio orquestrado na Faixa de Gaza, a resistência armada está derrotando o exército sionista, apesar de todos os crimes contra a população palestina em Rafá no sul de Gaza. No norte, o Hesbolá criou uma enorme crise política.
Até mesmo dentro de “Israel”, a situação está cada vez mais delicada. Há várias mobilizações de rua contra o governo do primeiro-ministro Netaniahu. Mobilizações essas que estão sendo brutalmente reprimidas como vemos acontecendo também em atos pela Palestina pelo mundo afora.
No final de semana passado, o episódio que chocou o mundo foi o bombardeio israelense em um acampamento de refugiados palestinos em Rafá. Até mesmo a imprensa imperialista que defende incessantemente o sionismo foi obrigada a noticiar que aquela situação, de barracas da ONU, crianças, mulheres e civis sendo queimados vivos, teria passado dos limites. No entanto, o genocídio continua, o exército israelense, incapaz de lutar contra a resistência, segue massacrando civis.
Um ponto que mostra o acerto da decisão do Lula foi que a organização sionista no Brasil, Conib, através de nota pública lamentou a retirada do embaixador brasileiro. A medida do governo brasileiro é positiva e estimula outros governos a fazerem o mesmo, no entanto, é preciso radicalizar ainda mais. O Brasil não deve manter nenhum tipo de relação com “Israel”, o governo deve romper as relações imediatamente.