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Governo federal

Lula é criticado por defender que trabalhadores estudem mais

Presidente defende que a classe trabalhadora se especialize, ganhe mais e sofre ataques identitários do PSTU

Lula discursando

O artigo “Lula, menos preconceito, machismo e meritocracia, e mais respeito à luta de classes!”, publicado no sítio Opinião Socialista neste 8 de fevereiro, mostra o quanto o identitarismo e a incompreensão do que seja o próprio sindicalismo estão enraizados em determinados setores da esquerda. Isso fica evidente no olho do texto que diz: “Lula, sou ajudante geral, casado com metalúrgica e também ajudante geral no ABC, pai de três filhas, todas na universidade. Nosso mérito é nossa luta contra a exploração e a opressão capitalista. Sem vacilações e com respeito à nossa classe!”

Cláudio Donizete, que assina o artigo, critica a fala de Lula em sua visita ao Complexo da Alemão, nesta quarta-feira, a qual considera lamentável. Segundo o autor, “infelizmente, não é mais novidade a fala preconceituosa, machista, desequilibrada e sem compromisso com a classe trabalhadora de Lula em grandes eventos populares junto à direita e à burguesia”.

Donizete se incomodou com a “pérola” de Lula, que deu importância à formação profissional, como destacou no seguinte trecho: “Se a gente não tiver profissão, a gente vai ser ajudante geral e ajudante geral não ganha nada”. (…) “Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra carteira profissional, ‘qual é a sua profissão?’ Ajudante geral.

Sobre o trecho acima temos que concordar que o ajudante geral ganha mesmo pouco, é um fato. O próprio Donizete fez questão de enfatizar que tem três filhas e todas são universitárias, ou seja, são mão de obra qualificada, vão ganhar mais que ajudantes gerais.

Mesmo que não admita, Cláudio Donizete concorda quando Lula diz “A mulher fala: ‘Pô cara, nem uma profissão você tem, para levar o feijão e o arroz para casa no final do mês, e as crianças que vão nascer, como é que a gente vai cuidar?’ Então, tem que estudar.” Concorda, pois tratou de colocar as filhas no ensino superior. A vida é prática, não adianta querer tratar a realidade com moralismos.

Tudo virou ‘machismo’

Para criticar a fala de Lua, Donizete lança mão do velho truque de considerar a fala como machista, como se lê aqui: “Toda problemática dessa declaração não está apenas em torno do argumento da meritocracia, mas está revestida do mais puro machismo, ao inferiorizar o papel da mulher colocando-a como economicamente dependente dos homens, e que acaba legitimando o papel de subordinação intelectual e financeira das companheiras nas relações afetivas.”

A fala de Lula não coloca necessariamente em posição inferior, ou como economicamente dependente dos homens. Como todos sabemos, a inferiorização da mulher já se dá no simples fato de elas receberem em média menos que os homens para realizarem a mesma tarefa, sendo uma questão social. No mundo real, o capitalismo rebaixou a tal ponto os salários que, hoje, é preciso somar os salários do homem, da mulher e até dos filhos para as contas fecharem no final do mês. Se uma das partes ganhar pouco, as dificuldades serão muitas, qualquer pessoa sabe disso. Não adianta ficar romantizando as relações. Faz parte da vida pesar a afetividade com a dureza da realidade.

Na matéria, Donizete considera que Lula disse tais coisas porque “sua prática de conciliação de classes e compromissos com a direita e a burguesia, que, necessariamente, atinge sua consciência e produz declarações lastimáveis como essa.” No entanto, basta observar o mundo real para se verificar que os problemas econômicos afetam todos os aspectos da vida dos trabalhadores.

Falsificação golpista

Precisamos lembrar que o PSTU e outros setores da esquerda apoiaram o golpe contra o PT. O golpe, como se pôde verificar, liquidou com os direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores. No entanto, esses setores querem colocar tudo na conta do PT, como no trecho seguinte:

“É preciso localizar outras contradições e incoerência em sua declaração [de Lula]. E afirmar, obviamente, que a formação profissional é um objetivo comum em nossa classe, porém, inacessível a uma parcela considerável da população em geral. E, ao mesmo tempo, encarar essa realidade objetivamente com a precarização em geral da remuneração, qualificação e direitos trabalhistas e previdenciários nos últimos 20 anos em nosso país. E que coincide com medidas apoiadas amplamente pelos governos petistas de Lula e Dilma através das reformas trabalhistas e da Previdência em seus governos e nos demais (grifo nosso).”

A esquerda golpista, que ajudou a tirar Dilma da presidência e empossar Michel Temer, quer agora esconder a mão e dizer que não tem nada a ver com isso.

Da mesma maneira que a esquerda golpista busca desculpas para a derrubada de Dilma Rousseff, usa também subterfúgios para justificar seu abandono da CUT. Por isso dizem que “essa compreensão meritocrática, preconceituosa e machista só serve para justificar a inoperância das burocracias sindicais e políticas na necessidade de avançar na luta de classes contra o imperialismo, a burguesia e todos seus ataques aos nossos direitos e conquistas das lutas históricas da classe trabalhadora”. Em vez de lutar com a “inoperância das burocracias”, cria centrais sindicais fictícias, fracas, que mal conseguem defender os interesses imediatos da classe trabalhadora.

É importante denunciar o identitarismo e outras ‘bandeiras’ levantadas no movimento operário. Atrás delas, sempre se escondem posições reacionárias pintadas de progressistas. O identitarismo é uma ideologia de direita, serve apenas para dividir a classe trabalhadora e com isso fortalece a dominação capitalista.

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