André Mendonça, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu colocar em seu perfil na rede social X a frase “homens, mulheres, bebês e pessoas idosas ainda sequestrados pelo Hamas”. A mensagem está escrita em hebraico, em uma clara demonstração de apoio ao Estado de “Israel”.
E isso não é tudo. A demonstração de apoio acontece no momento em que o próprio ministro visita Telavive, a capital da ocupação sionista. Mendonça, junto com outros sete juízes, aceitaram um convite da Conib e da StandWithUs Brasil para conhecer o território onde foi estabelecido o Estado de “Israel”.
Por muito menos, o Estado de S. Paulo, a Rede Globo e a revista Veja acusariam o atual presidente Lula ou algum dirigente do PT de relações “pouco republicanas”. Quem não lembra, por exemplo, de toda a choradeira porque, no início do seu novo mandato, Lula indicou Aloizio Mercadante, dirigente antigo do PT, para a presidência do BNDES?
Dessa vez, não há choradeira, não há gritaria. No entanto, se as acusações que a imprensa faz ao PT eram tão somente parte de uma campanha sórdida para defender a entrega do Estado brasileiro a vampiros do capital financeiro, a viagem paga pela Conib e pela StandWithUs Brasil são um escândalo que deveria causar revolta a qualquer brasileiro.
O que os juízes brasileiros estão fazendo, ao viajar para “Israel” e apresentar o Estado sionista como uma “vítima do Hamas” é, no final das contas, uma defesa explícita do genocídio do povo palestino. Diante de mais de 33 mil mortos, incluindo os oito mil desaparecidos, o que representa mais de 1% de toda a população da Faixa de Gaza, sendo 70% mulheres e crianças, André Mendonça e seus colegas saem na defesa do Estado sionista.
André Mendonça pode ser uma pessoa religiosa, como diz ser, pode até ser conservador. Mas ele é também um representante do Estado brasileiro. Ainda que não tenha sido eleito por ninguém, suas ações deveriam estar voltadas única e exclusivamente para o interesse do povo brasileiro.
No que interessa ao povo brasileiro a defesa de “Israel”? No que interessa esse povo, já tão castigado, que é assassinado pelos esquadrões da morte da Polícia Militar, que passa fome por causa dos banqueiros e que é maltratado de todas as formas possíveis pela direita, apoiar um dos piores crimes que a humanidade, em toda a sua existência, já testemunhou?
Os juízes que aceitaram o convite das entidades sionistas não estão a serviço do povo brasileiro. Nem tampouco estão somente a serviço do Estado de “Israel”. Estão a serviço de uma das operações mais criminosas já vistas. Estão a serviço de um genocídio.