Na terça-feira (30), na cidade de Jenin na Cisjordânia ocupada, soldados israelenses invadiram um hospital disfarçados de trabalhadores da saúde e mataram 3 palestinos. O Estado de “Isarel” afirmou que os palestinos era de uma “célula terrorista do Hamas”. Já o Ministério da Saúde emitiu uma nota: “Esta manhã, três jovens foram martirizados pelas balas das forças de ocupação [israelenses] que invadiram o Hospital Ibn Sina em Jenin e os mataram”.
Imagens das câmeras de segurança circularam online, aparentemente mostrando cerca de uma dúzia de agentes disfarçados, incluindo três vestidos como mulheres e dois vestidos como equipe médica, percorrendo um corredor do hospital com rifles de assalto.
⚠️ Soldados israelenses DISFARÇADOS DE MÉDICOS entraram no HOSPITAL Ibn Sina e ASSASSINARAM TRÊS JOVENS PALESTINOS INTERNADOS.
Isso foi ESSA MANHÃ em Jenin, Cisjordânia Ocupada.
Parece terrorismo pra você? pic.twitter.com/ERTMhFtPkJ
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) January 30, 2024
O exército israelense identificou um dos homens mortos como Mohamad Jalamné, de 27 anos.Os outros dois mártires, foram os irmãos Basil e Mohamad Ghazaui, que de acordo com “Israel” estavam se escondendo no hospital e envolvidos nos ataques. O Hamas confirmou que Jalamné, uma das vítimas, era um de seus membros.
A Brigada de Jenin, que inclui vários grupos de resistência armada palestinos, afirmou em comunicado que os irmãos Ghazaui eram membros da Jiade Islâmica. Basil foi ferido por fragmentos de mísseis após um ataque de drone israelense em 25 de outubro e estava recebendo tratamento no hospital por três meses, segundo fontes da Al Jazeera.
O Ministério das Relações Exteriores da Palestina condenou “nos termos mais fortes o assassinato dos três jovens pelas forças de ocupação”. Pocuo depois uma multidão encheu as ruas de Jenin durante a velório dos três homens.
O Hamas afirmou em um comunicado que os “crimes do exército israelense não ficarão sem resposta”, acrescentando que os assassinatos são uma “continuação dos crimes em curso da ocupação contra nosso povo de Gaza a Jenin”. O partido palestino também afirmou que uma das vítimas estava ferida e na cama quando foi morta.
A mãe dos irmãos Ghazauii disse que seus dois filhos eram amados por todos. “A última vez que os vi foi ontem à noite … Eu estava no hospital”, disse ela em um vídeo gravado pela imprensa local, acrescentando que foi para casa enquanto Mohamad disse que ficaria com Basil. “Ainda estava acordando esta manhã quando ouvi dizer que as forças especiais invadiram o hospital … Eles foram mortos enquanto dormiam.”
De acordo com a equipe médica, um dos três palestinos mortos no hospital estava sendo tratado por uma lesão sofrida durante uma incursão militar anterior meses atrás. “O exército israelense muitas vezes cerca e, em alguns casos, ataca os três hospitais palestinos em Jenin durante incursões noturnas na cidade”, disse o correspondente da Al Jazeera.
A cidade de Jenin é uma das principais cidades onde se concentra a resistência palestina na Cisjordânia. Ela ficou famosa durante os anos da Segunda Intifada como um foco da resistência. No ano de 2023 ela também realizou uma das operações de maior sucesso das últimas décadas na Cisjordânia. Os jornais israelenses compararam a emboscada realizada no mês de junho, antes da guerra atual, com as operações do Hesbolá no sul do Líbano que levaram a retirada de “Israel” do país.
Jenin posteriormente foi atacada pela incursão mais brutal da Cisjordânia também das últimas décadas. Tanto a emboscada quanto a incursão ficaram ofuscadas pelos eventos que aconteceram depois do 7 de outubro. No entanto, naquele momento foram extremamente relevantes. Junto a Jenin as cidades de Tulcareme e Nablus são consideradas o triangulo do fogo na Cisjordânia, isto é, o principal foco da resistência armada palestina. As brigadas de Jenin, junto as brigadas de Tulcarem e as Brigadas dos Mártires de al-Aqsa e o Covil dos Leões estavam já aterrorizando “Israel” antes do 7 de outubro.
A Cisjordânia inclusive era todo o foco de tensão antes do Hamas agir na Faixa de Gaza. Grande parte das tropas israelenses estavam reforçando a ocupação da Cisjordânia por medo do fortalecimento das organizações armadas dos palestinos. A crise permitiu uma maior repressão em todas as cidades palestinas, mas, ao mesmo tempo, a resistência tende a se fortalecer. A luta armada se torna cada vez mais popular na Cisjordânia. O Hamas, que possuia uma presença mais fraca, tende a se fortalecer a pode até unificar todos os grupos armados da mesma forma que o fez na Faixa de Gaza.
O assassinato de membros da resistência dentro de um hospital mostra, na verdade, a fraqueza do Estado de “Israel”. Eles precisam reprimir cada vez mais as organizações da resistência e tem muita dificuldade de encontrar os combatentes palestinos enquanto estão atuando de forma clandestina. As próprias organizações armadas dizem que o Estado de “Israel” em suas incursões assassinam palestinos e destroem a infraestrutura, mas não consegue afetar a resistência. É uma versão em menor escala do que acontece na Faixa de Gaza.
Os ataques de “Israel” na Cisjordânia não parecem que impedirão o crescimento da resistência. A tendência é que no futuro próximo a resistência palestina na Cisjordânia se torne um problema tão grande para o sionismo quanto aquela na Faixa de Gaza.