São mais de 90 dias passados desde a bem-sucedida Operação Dilúvio de Al-Aqsa, levada adiante pelas forças de resistência armada palestinas, lideradas pelo Hamas. Desde então, o que se pode ver é o desespero das forças de ocupação sionistas que, embora tenham causado o genocídio de dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, não conseguiram uma vitória militar importante sequer no campo de batalha.
A própria imprensa sionista não esconde esse fato e uma matéria do jornal Haaretz dá conta de que “nenhum dos objetivos militares de Israel foi realizado”. Segundo a publicação, as principais metas dos sionistas eram “destruir as capacidades do Hamas, desarmá-los, conseguir o controle de segurança da Faixa de Gaza, estabelecer uma instituição civil semelhante ao modelo da Autoridade Palestiniana na Área B e garantir as contribuições dos estados árabes moderados para reconstruir a Faixa de Gaza”. Nada disso está nem perto de ser realizado.
A dificuldade militar vem acompanhada de um saldo político extremamente negativo para os sionistas. O mundo inteiro está vendo, graças às redes sociais e à internet, o genocídio covarde realizado por “Israel”, com apoio do imperialismo mundial. A matança covarde de civis, a devastação de casas, hospitais e escolas, tudo isso está sendo transmitido ao vivo para a população assistir.
A superioridade militar do Hamas é absoluta. Não se deve confundir o fato de “Israel” ter covardemente assassinato Saleh al-Arouri, uma liderança do Hamas no Líbano, com algum tipo de vitória militar. Trata-se de uma ação desesperada de alguém que não está tendo capacidade de realizar nada na zona de combate. É, acima de tudo, uma grande demonstração de fraqueza dos israelenses.
É também o caso do atentado terrorista realizado no Irã, um ataque covarde contra civis fora da zona de combate. O atentado foi supostamente reivindicado pelo Estado Islâmico, mas evidentemente atende aos interesses de “Israel”. Com relação a ele, pode-se inferir duas possíveis intenções: uma é a preparação para a derrubada de Netanyahu em Israel e a outra é a tentativa de trazer os EUA para o conflito, escalando, assim, a guerra.
Toda essa crise se manifestou em uma polêmica entre oficiais do topo da cadeia de comando israelense, a respeito de uma investigação para esclarecer possíveis falhas de segurança nos acontecimentos do dia 7 de outubro. O jornal Times of Israel revelou que oficiais do partido Likud se opuseram à escolha de Shaul Mofaz para integrar a equipe que faria a investigação.
Mofaz havia sido um importante realizador de decisões durante o período que o levou à saída das forças de ocupação israelenses da Faixa de Gaza em 2005. A discordância trouxe à luz tensões de longa data entre o sistema militar israelense e a coligação de Netanyahu sobre as políticas em relação a Gaza e aos palestinos, informou o The Times of Israel.
Todas as tensões se dão em meio ao crescente número de mortos entre os soldados de Israel. Segundo a resistência armada da Palestina, já são mais de 5 mil soldados israelenses mortos, número que não é admitido pelo governo Netanyahu, mas que é um indicativo do tamanho da dificuldade encontrada pelos soldados.
Acima disso tudo, é conveniente relembrar a denúncia da própria ONU a respeito das condições de vida enfrentadas pelos palestinos em meio aos bombardeios israelenses. Segundo o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, “Gaza se tornou um lugar de desespero e morte”. A avaliação da ONU é que não há meios de se realizar uma missão humanitária em Gaza porque o local se tornou inabitável.
O sistema de saúde está em frangalhos, com quase nenhum centro de saúde plenamente funcional para atender os enfermos e feridos pelos ataques. Além disso, também há uma situação de fome nunca antes vista.
Os casos de diarreia entre crianças também são alarmantes entre crianças abaixo de cinco anos. Os números vão de 480 mil a 71 mil novos casos por semana, equivalendo a 3.200 casos diários, representando um crescimento de 2.000% em um tempo tão curto.
Tudo isso, além de ressaltar a ação covarde dos sionistas que são incapazes de alcançar seus objetivos militares, mas procuram causar terror na população civil da Faixa de Gaza, também demonstra a incapacidade e falta de vontade da ONU de intervir no conflito. Apesar de toda a demagogia e da suposta denúncia da situação, as Nações Unidas demonstram que não são nada mais do que um órgão que acoberta as ações do imperialismo. Haja visto que, mesmo diante de tudo isso, não se emite uma condenação sequer aos governantes de “Israel” e dos países que fornecem armamentos a eles.
A resistência armada dos palestinos é o principal trunfo de seu povo, que estaria totalmente esquecido pelo planeta não fosse a vitoriosa ação do dia 7 de outubro. A deterioração política de “Israel” e também sua incapacidade de alcançar seus objetivos militarem colocam em xeque a ocupação sionista e indicam uma derrota mais decisiva no próximo período.