Palestina

‘Israel’ jogou equivalente a três bombas de Hiroxima em Gaza

Crise é tamanha que representante da ONU declarou ser "impossível" manter uma ação humanitária na região

A secretaria de imprensa do governo de Gaza divulgou na última sexta-feira (5) detalhes avassaladores da operação genocida promovida pelo exército israelense na região: mais de 65 mil toneladas de explosivos foram despejados na pequena faixa de 365 km2 desde o dia 7 de outubro. Isso equivale a três bombas nucleares como a que os Estados Unidos empregaram contra o Japão na Segunda Guerra Mundial, na cidade de Hiroxima. A trágica notícia chega pouco mais de dois meses após reportagem do jornal libanês Al Mayadeen que estimava que Gaza já era vítima de duas bombas de Hiroxima.

Se no início de novembro Al Mayadeen falava em mais de 10 mil bombas despejadas sobre Gaza, agora, o balanço das autoridades locais estima que 45 mil explosivos tenham sido utilizados, entre mísseis e bombas.

“Aeronaves das forças de ocupação lançaram mais de 45 mil mísseis e bombas gigantes, algumas delas carregadas com duas mil libras [~907kg] de explosivos, durante a abrangente guerra genocida na Faixa de Gaza, visando deliberadamente áreas residenciais inteiras”, diz trecho do documento divulgado pela secretaria de imprensa do governo de Gaza.

A comparação com Hiroxima é apropriada não apenas pela brutalidade do ataque, que não discrimina alvos militares de alvos civis, mas pelo número de vítimas. Segundo relatório publicado pela organização Euro-Mediterranean Human Rights Monitor no último dia 4, quando a ofensiva sionista completava 90 dias, mais de 30 mil palestinos foram mortos na operação, se incluídos pessoas consideradas mortas sob os escombros, mas cujos corpos ainda não foram encontrados. Dentre os mortos, mais de 12 mil são crianças e mais de 6 mil são mulheres. Apenas 8% das vítimas não eram civis.

São quase 60 mil feridos, situação que se agrava com a destruição de quase toda a infraestrutura de saúde pública de Gaza. Foram 23 hospitais, 57 clínicas e 89 ambulâncias destruídas até o momento do relatório. Dentro os mortos e feridos ainda há 524 profissionais de saúde. Estima-se que 90% da população de Gaza, cerca de 1,9 milhão de pessoas, tenha sido deslocada de seus lares. Soma-se a isso os 67.946 lares palestinos que foram completamente destruídos e os 179.750 que encontram-se parcialmente destruídos e inabitáveis. Cerca de 70% da infraestrutura civil de Gaza já foi danificada ou destruída, em número comparável aos 69% resultantes do bombardeio atômico em Hiroxima há 79 anos. Em Hiroxima, à época, poucas construções eram reforçadas, de concreto; havia ainda muitas moradias japonesas tradicionais, de madeira, facilmente varridas pelo calor da explosão e por sua onda de impacto, o que apenas reforça a ferocidade dos bombardeios sionistas contra Gaza.

O rastro de destruição é tamanho que a Organização das Nações Unidos (ONU) declarou que missão humanitária em Gaza seria “impossível”.

“A comunidade humanitária ficou com a missão impossível de apoiar mais de 2 milhões de pessoas, mesmo quando o seu próprio pessoal está sendo morto e deslocado, enquanto os cortes de comunicação continuam, enquanto as estradas são danificadas e os comboios são alvejados, e enquanto os fornecimentos comerciais são vitais para sobrevivência são quase inexistentes”, diz nota publicada por Martin Griffiths, o chefe para assuntos humanitários da ONU, em seu perfil na rede social X, antigo Twitter.

“Um desastre de saúde pública está se desenrolando. As doenças infecciosas estão se espalhando em abrigos superlotados à medida que os esgotos transbordam. Cerca de 180 mulheres palestinianas dão à luz diariamente no meio deste caos. As pessoas enfrentam os níveis mais elevados de insegurança alimentar alguma vez registados. A fome é iminente”, continua a nota, que conclui: “Gaza simplesmente tornou-se inabitável”.

Naturalmente, os que mais sofrem com a situação não são os combatentes do Hamas, que inclusive impõem sucessivas derrotas militares a “Israel”, mas os mais frágeis. Com a chegada do inverno, temperaturas mais baixas e num ambiente altamente infeccioso, cerca 180 mulheres palestinas dão à luz todos os dias. Como se não bastassem as condições já existentes, que dão pouca chance a essas grávidas e recém-nascidos, os bombardeios sistemáticos de “Israel” não param. Casos de diarréia entre menores de cinco anos também não param de aumentar. De acordo com relatório da UNICEF, na semana do dia 17 de dezembro o número de crianças doentes subiu de 48 para 71 mil.

Os dados deixam claro que as vítimas civis, a vasta maioria, não são dano colateral do bravo combate sionista aos guerrilheiros palestinos, mas o real objetivo da ação de “Israel”. As Forças Armadas israelenses sequer usam seu arsenal inteligente, guiado automaticamente para seus alvos. Segundo reportagem da emissora norte-americana CNN, de dezembro do ano passado, mais da metade dos bombardeios é realizada com “bombas burras”. Não que bombardeios guiados fossem menos criminosos, mas para “Israel” não há alvos específicos: seu objetivo final é a limpeza étnica da região, é livrar-se da população palestina que lá resiste há mais de 75 anos sob um regime fascista.

O bombardeio de Hiroxima aconteceu no dia 6 de agosto de 1945. O rastro de destruição não pode ser mensurado imediatamente, em meio aos escombros e ao esforço para socorrer a população local numa cidade completamente destruída. Hiroxima tinha uma área três vezes maior que Gaza, que foi bombardeada com 3 vezes mais capacidade destrutiva ao longo dos últimos três meses. Em dezembro, as autoridades japonesas estimaram que houvesse cerca de 70 mil civis mortos – há estudos que apontam 126 mil – contra apenas 7 mil soldados do exército japonês mortos. A razão entre mortes civis e militares é similar à de Gaza, reflexo natural de bombardeios indiscriminados contra localidades civis.

O imperialismo norte-americano conseguiu manipular a história para colocar-se como o responsável pela derrota do fascismo na Segunda Guerra Mundial e para apresentar a bomba atômica como uma necessidade para impor uma derrota ao Japão.Seu objetivo, porém, era enviar um recado ao mundo e, em especial, à União Soviética, do tamanho de seu poderio militar, num ato que impôs um clima de terror ao mundo. De forma análoga, “Israel” não busca destruir seus inimigos com bombardeios indiscriminados a hospitais e escolas. Querem apagar a chama da resistência palestina através de sua punição coletiva – mais um crime de guerra para a coleção sionista -, mas a incapacidade de obter resultados militares práticos, a brava luta das brigadas Al-Qassam, mantém acesa uma labareda que logo se transformará num incêndio que consumirá a entidade sionista.

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