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Revolução Argelina

Inspiração para Hamas, Argélia iniciava luta armada há 70 anos

Insurgência revolucionária do povo argelino leva a fundação da Frente Nacional de Libertação e seu braço militar, ALN, em 1954, fundamentais para a derrota do colonialismo francês

Neste ano de 2024, no dia 1º de novembro, completam-se 70 anos do início de uma importante derrota do imperialismo para os países atrasados: a guerra da Revolução Argelina. Uma das mais importantes colônias francesas, os mais de 2,38 milhões de quilômetros quadrados do território argelino eram a principal fonte de recursos a preços módicos para a indústria da França. Petróleo e gás natural, e minérios como ferro, fosfato (muito utilizado na indústria de fertilizantes) e chumbo (amplamente utilizado pela indústria automobilística e de eletroeletrônicos) fartos eram extraídos da colônia, fazendo a fortuna dos capitalistas franceses. O povo, por outro lado, era mantido na miséria e sob uma severa repressão.

Em 8 de maio de 1945, com a rendição da Alemanha e o fim da Segunda Grande Guerra na Europa, cerca de cinco mil argelinos islâmicos foram às ruas da cidade de Sétif celebrar a derrota do nazismo alemão e o fim da guerra. Para eles, a rendição de Berlim aproximava o país da independência, conforme acordo estabelecido entre o governo francês no exílio e a colônia, que, durante a guerra, enviara cidadãos como exército colonial dos franceses. O governo, no entanto, demonstrou assimilar as principais lições do método nazista e respondeu à manifestação com tiros, o que tornou o episódio conhecido como “Massacre de Sétif e Guelma”.

A imprecisão no número de mortos é grande, mas calcula-se entre seis, 20 até impressionantes 45 mil vítimas, um horror que terminaria sendo o estopim para uma insurreição revolucionária, responsável por novas manifestações, que, por sua vez, seriam respondidas com mais violência pela metrópole. Nove anos depois e, em resposta ao contínuo recrudescimento de Paris, é formada a Frente de Libertação Nacional (FNL).

Uma frente única para a luta pela independência do país árabe, a FNL era composta por partidos como o Sociedade dos Ulémas Muçulmanos (SOCSTA, na sigla em francês), organização nacionalista islâmica; Movimento para o Triunfo das Liberdades Democráticas (MTLD), partido nacionalista de tipo reformista, mas que evoluiria para a esquerda durante a luta contra o sistema colonial francês; e a União dos Comunistas Argelinos (UCA).

Ao longo da luta pela independência do país, a FLN torna-se o principal movimento de libertação nacional na Argélia e desempenha um papel central na condução da luta contra o domínio colonial francês. A organização vai atrair ainda nacionalistas oriundos do partido Movimento Nacional Argelino (MNA); o Partido Comunista Argelino (PCA), que, embora não tenha sido parte da FLN inicialmente, tinha muitos de seus membros na Frente; e o Union Démocratique du Manifeste Algérien (UDMA), partido reformista, expulso da FLN inicialmente devido às suas políticas mais moderadas, mas retornando com o agravamento da luta.

À formação da Frente, os partidos que a compunham iniciam também a criação de seu braço militar, o Exército de Libertação Nacional (ALN na sigla em francês), formado na mesma data, recebendo na época a designação de “organização terrorista” pelo governo francês. É verdade, porém, que a ALN, em seus primórdios, chegou a utilizar métodos do tipo terrorista como parte da luta colonial, entre os quais, se destaca o Massacre de Philippeville (atual Skikda).

Ocorrido em 20 de agosto de 1955, é tido como um dos primeiros e mais brutais ataques do ALN contra civis franceses na Argélia. Durante o massacre, os combatentes do ALN atacaram a cidade de Philippeville e mataram centenas de civis europeus. Ainda em 1956, o braço militar da FNL realizou vários ataques a ônibus e outros veículos de transporte na Argélia ocupada pelos franceses, visando soldados e colonos europeus. Esses ataques resultaram em um número significativo de mortes e ferimentos entre os passageiros.

Na capital Argel, em 30 de setembro de 1956, é realizado o Atentado da Cafeteria Milk-Bar, ocasião em que militantes do ALN lançaram bombas em cafés frequentados por colonos europeus na cidade, matando dezenas de pessoas e ferindo muitas outras. Este atentado foi um dos eventos mais notórios da guerra de independência.

Além destes, o ALN também lançou numerosas ofensivas contra postos militares e bases francesas em toda a Argélia, usando táticas como emboscadas, ataques noturnos e bombardeios. Esses ataques visavam enfraquecer a presença militar francesa no país e desestabilizar o controle colonial.

São métodos que, finalmente, fazem parte da luta dos oprimidos pela libertação nacional. Nesse sentido, uma reação à violência brutal dos colonizadores contra a população, respondida à altura pelos bravos guerreiros da ALN.

Três anos após a fundação, a ALN já contava com mais de 40 mil militantes em suas fileiras. A essa altura, a Frente abandona as táticas terroristas e passa a se constituir em um verdadeiro exército guerrilheiro, enfrentando e derrotando a ocupação francesa, sendo amplamente apoiado pela classe trabalhadora em todo o planeta.

Cerca de 1,5 milhão de argelinos morreriam, contra 25,6 mil soldados franceses ao término do conflito. Segundo o Encyclopedia of African History 3-Volume Set. Routledge (Kevin Shillington, 2013) “mais de oito mil vilarejos foram destruídos nos combates” e “cerca de três milhões de pessoas foram deslocadas”. A ocupação nazista dos franceses na Argélia tinha um custo social extremamente elevado, mas enfim, terminava, graças à determinação da vanguarda argelina, que há 70 anos, se insurgia e levantava armas para acabar com a submissão ao colonialismo europeu.

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