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HISTÓRIA DA PALESTINA

Khader Adnan, assassinado por ter feito greve de fome

O último dia 17 foi o Dia dos Prisioneiros Palestinos, data dedicada a protestos contra a arbitrariedade do imperialismo e de “Israel”

O último dia 17 foi o Dia dos Prisioneiros Palestinos, data dedicada a protestos contra a arbitrariedade do imperialismo e de “Israel”, que mantém mais de 9.500 palestinos presos nas masmorras sionistas, inclusos mulheres e crianças, e muitos dos quais sem qualquer julgamento.

Neste dia 2 de maio, completa um ano do martírio de Khader Adnan, outrora porta-voz da Jiade Islâmica Palestina, assassinado na prisão israelense de Ayalon, em Ramla, “Israel”, após a ditadura sionista ter-lhe negado, reiteradamente, atendimento médico.

Adnan nasceu em 24 de março de 1978 e tinha 45 anos quando de seu martírio. Vindo da cidade de Arraba, próximo de Jenin, Cisjordânia, sua atividade política começou quando era estudante de matemática na Universidade de Birzeit. No ano de 1996, se tornou parte dos quadros da Jiade Islâmica, eventualmente se tornando porta-voz do grupo.

Esse trabalho militante de combate a “Israel” e ao sionismo tornou-lhe um alvo dessa ditadura nazista, que o prendeu pela primeira vez em 1999 sob a modalidade “prisão administrativa”, isto é, sem qualquer julgamento. Ficou quatro meses preso arbitrariamente.

Seria preso novamente em 2000, desta vez pela Autoridade Nacional Palestina (AP), um lacaio de “Israel” no território palestino. A razão de sua prisão? Protestar contra o então primeiro-ministro Francês, Lionel Jospin, que havia caluniado o Hesbolá, partido revolucionário libanês, como sendo um grupo terrorista. Nesta segunda prisão, Adnan realizou sua primeira greve de fome, em protesto à arbitrariedade da qual era vítima e à ditadura de “Israel”. A greve durou 10 dias.

A terceira prisão ocorreu no ano de 2002, sendo realizada por “Israel”. Novamente uma prisão arbitrária, de tipo administrativo, ou seja, sem julgamento. Ficou um ano preso, após o qual foi liberto. Contudo, passados apenas seis meses, foi preso novamente. Uma demonstração da perseguição ao qual estava sujeito. Desta vez, o regime israelense manteve-o preso em confinamento solitário. Adnan, então, protestou com uma nova greve de fome, que durou quase um mês (28 dias). 

A perseguição continuou ao longo dos anos 2000. Afinal, Adnan continuou apoiando o povo palestino e as organizações de resistência em sua luta pela libertação nacional da Palestina. Nesse sentido, vale citar que, em 2005, logo após o fim da Segunda Intifada, Adnan “apelou a todos os grupos militantes palestinianos para retomarem os combates com ‘Israel'”, em razão de o Estado sionista ter assassinado militantes da Jiade Islâmica, denunciando, também, a AP por ser capacho de “Israel”. Em razão de sua atividade política, foi preso novamente, agora por um ano e três meses, na prisão de Kfar Yona. Ao ser colocado em confinamento solitário, realizou greve de fome que durou 12 dias.

Em 2008, foi preso novamente por “Israel” por exortar ações da resistência contra a ditadura nazissionista. Mais seis meses de prisão administrativa, sem julgamento. Ao todo, desde 1999, Adnan já havia passado cerca de seis anos preso.

Não bastando, o regime israelense o encarcerou novamente no ano de 2011. Pelo que se sabe, a essa época, ele não era mais porta-voz da Jiade Islâmica, embora jamais tenha deixado de apoiar a luta do povo palestino. Preso no dia 17 de dezembro, quando sua casa foi invadida à noite pelas forças de ocupação, ele iniciou uma greve de fome que durou 66 dias, terminando em 21 de fevereiro de 2012. Em carta entregue a seus advogados à época, ele explicou as razões de sua greve de fome:

“A ocupação israelense foi ao extremo contra o nosso povo, especialmente os prisioneiros. Fui humilhado, espancado e assediado por interrogadores sem motivo, e por isso jurei a Alá que lutaria contra a política de detenção administrativa da qual eu e centenas de meus companheiros de prisão fomos vítimas… A única coisa que posso fazer é oferecer a minha alma a Alá, pois acredito que a retidão e a justiça acabarão por triunfar sobre a tirania e a opressão. Afirmo por este meio que estou a confrontar os ocupantes não pelo meu próprio bem como indivíduo, mas pelo bem de milhares de prisioneiros que estão sendo privados dos seus mais simples direitos humanos enquanto o mundo e a comunidade internacional observam. É tempo de a comunidade internacional e a ONU apoiarem os prisioneiros e forçarem o Estado de ‘Israel’ a respeitar os direitos humanos internacionais e a parar de tratar os prisioneiros como se não fossem humanos.”

Durante esse novo período de encarceramento, “Israel” acentuou os maus tratos e torturas contra Adnan, zombando de sua religião, espancando-o, amarrando-o a uma cadeira em posições extremamente dolorosas e, inclusive, fazendo insinuações sexuais sobre a sua esposa. A nova greve de fome resultou em solidariedade por parte do povo palestino, impulsionando protestos pela sua libertação e de demais prisioneiros, muitos dos quais também iniciaram sua própria greve.

Vários protestos ocorreram no mês de fevereiro. No dia 17, por exemplo, cerca de cinco mil palestinos manifestaram-se na cidade de Gaza entoando a palavra de ordem “somos todos Khader Adnan“, protesto que contou com a participação do Hamas e da Jiade Islâmica. No mesmo dia, centenas de palestinos protestaram em Jenin, Cisjordânia.

Essa greve de fome realizada por Adnan, e os protestos que a sociedade palestina, outros prisioneiros e as organizações da resistência realizaram em solidariedade a ele, lutando por sua libertação, atraiu a atenção de todo o mundo para a arbitrariedade das prisões administrativas de “Israel”. À época, Ismail Hanié declarou em um comício em Gaza que “o povo palestino, com todos os seus componentes e suas facções, nunca abandonará os heróis prisioneiros, especialmente aqueles que lideram esta batalha de greve de fome“.

A repercussão negativa em relação a “Israel” foi tamanha que mesmo a ONG imperialista Human Rights Watch teve de se manifestar condenando a prisão de Adnan, afirmando que “Israel deveria encerrar, hoje, antes que seja tarde demais, sua recusa de quase dois meses em informar Adnan de qualquer acusação criminal ou evidência contra ele”. De forma semelhante, em 18 de fevereiro, a chefe da União Europeia, Catherine Ashton, apelou a “Israel” para preservar a saúde de Adnan e reiterou a preocupação da UE sobre “o uso extensivo por Israel de detenção administrativa sem acusação formal“.

Eventualmente, Adnan foi liberto. Contudo, prenderam-no novamente em 2014, logo ao início da Guerra de “Israel” contra Gaza, prisão à qual ele respondeu com nova greve de fome. À época, Gilan Erdan, primeiro-ministro de “Israel”, declarou intenção de utilizar o método de alimentação forçada contra Adnan: “os prisioneiros de segurança estão interessados ​​em transformar as greves de fome em um novo tipo de ataque suicida que ameaçaria o Estado de Israel. Não podemos permitir que ninguém nos ameace e não permitiremos prisioneiros morram em nossas prisões“.

Após ter sido liberto, foi novamente preso em 4 de maio de 2015, sem acusação. Sua greve de fome contra essa nova prisão durou 56 dias, até ele ser solto, no mês de julho.

Sua última prisão ocorreu em 5 de fevereiro de 2023. Realizou uma greve de fome que durou 87 dias. Durante ela, recebeu visita de médicos da organização Médicos pelos Direitos Humanos de Israel. Ao ser visitado por seu médico dias antes de sua morte, foi denunciado que a condição de saúde de Adnan impunha-lhe “risco de vida”, de forma que era necessário “transferência imediata para o hospital”. Inúmeros pedidos foram protocolados para que Adnan fosse transferido. Mostrando o caráter nazista da ditadura sionista, todos eles foram negados, sendo que, no terceiro recurso ao tribunal militar, o juiz militar decidiu que não havia evidência de urgência na condição médica de Adnan.

Assim, ele morreu em 2 de maio de 2023, aos 45 anos, após 87 dias em greve de fome. Foi o primeiro prisioneiro palestino a ser assassinado por “Israel” desde 1992 por ter feito greve de fome contra sua prisão arbitrária.

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