Segundo informações da emissora libanesa Al Mayadeen, em reunião do Fórum da Zona de Conflito de “Israel”, representantes dos assentamentos israelenses do norte da entidade sionista decidiram anunciar o estabelecimento do Estado da Galileia, separado e independente de “Israel” (“Israelis in the North seek to partition, become ‘State of Galilee’”, 9/5/2024). O órgão libanês cita o sítio sionista Walla como fonte da notícia, prevista para ser anunciada no que é considerado o “dia da Independência de ‘Israel’”: 14 de maio, data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a ocupação criminosa da Palestina.
Ainda baseado em informações do israelense Walla, Al Mayadeen informa que “a decisão foi tomada após a resposta desdenhosa do primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu à pergunta de Benny Gantz sobre o retorno dos colonos para o ano letivo, dizendo: ‘O que aconteceria se eles voltassem alguns meses depois de 1º de setembro?”’ Desde o 7 de outubro, 28 comunidades localizadas no norte de “Israel” foram evacuadas pelo governo: Ghajar, Dishon, Kfar Yuval, Margaliot, Metula, Avivim, Dovev, Ma’ayan Baruch, Bara’m, Manara, Yiftach, Malkia, Misgav Am, Yir’on, Dafna, Arab al-Aramshe, Shlomi, Netu’a, Ya’ara, Shtula, Matat, Zari’t, Shomera, Betzet, Adamit, Rosh HaNikram, Hanita e Kfar Giladi. Todas localizadas no estado da Galileia.
Conforme Walla, a decisão ocorreu após os membros do fórum publicarem anúncios de protesto no início de abril, nos quais solicitavam propostas para “localizar o governo israelense”. Os anúncios, informa Al Mayadeen, traziam dizeres como “um concurso público para localizar um governo em Israel!” e. também, “o Fórum da Zona de Conflito convida propostas a serem submetidas a um governo alternativo em Israel, conforme detalhado nos documentos do concurso.”
Outro mais emblemático do estado de desespero dos colonos israelenses desalojados dizia: “todos os detalhes do concurso podem ser encontrados nos hotéis evacuados e nos apartamentos de acomodação dos deslocados em todo o país, com os proprietários de empresas que faliram no norte, nas áreas de turismo mortas no norte e nos escritórios das autoridades no norte.”
A agitação dos colonos dos assentamentos abandonados inclui ainda manifestações programadas para o próximo dia 16, em al-Quds (nome árabe da cidade ocupada de Jerusalém) e Haifa. Segundo Al Mayadeen, os manifestantes devem defender um acordo do governo sionista com o Hesbolá e pedir que a segurança seja trazida de volta à região abandonada. “Isso ocorre”, conclui a matéria do órgão libanês, “em um momento de operações intensificadas e sem precedentes realizadas pela Resistência Libanesa em apoio à Resistência Palestina na Faixa de Gaza.”
Na última quarta-feira (8), o partido revolucionário libanês anunciou o lançamento de várias operações contra as forças de ocupação de “Israel” na região abandonada. Dezenas de edifícios usados pelos militares sionistas foram atingidos. O sucesso do apoio libanês aos palestinos levou o jornal israelense Maariv a publicar, na terça-feira (7), um artigo opinativo caracterizando o dirigente do Hesbolá, Sayyed Nasseralá, como organizador do que chamou de “um novo equilíbrio de terror com o qual ‘Israel’ não pode conviver nem mesmo por uma ‘única hora’” (“Nasrallah’s terror balance that ‘Israel’ can’t confront: Israeli media”, Al Mayadeen, 8/4/2024).
Segundo a imprensa do enclave imperialista, “200.000 israelenses foram deslocados internamente na atual guerra entre Israel e Hamas, após o massacre do grupo terrorista em 7 de outubro no sul de Israel, e em meio à escalada de conflitos na fronteira com o Líbano, ao norte, com o grupo terrorista Hesbolá e facções palestinas aliadas”, informou o sítio The Times of Israel (“About 200,000 Israelis internally displaced amid ongoing Gaza war, tensions in north“, 23/10/2023).
O deslocamento se deve aos temores suscitados pela ação do partido revolucionário libanês Partido de Alá (“Hesbolá”, na sigla em árabe), apoiadores históricos da luta palestina. Ainda em 18 de dezembro de 20023, Yoav Gallant, ministro da Defesa sionista, disse em coletiva de imprensa que “mais de 80.000 cidadãos foram deslocados, vivendo como refugiados em seu próprio país… Traremos de volta os residentes do norte para suas casas na fronteira depois que a segurança total for restaurada”. Cinco meses depois, no entanto, nenhuma solução fora encontrada pelo regime.
Falastrão, Netaniahu chegou a declarar que “se o Hesbolá decidir iniciar uma guerra total, então, com suas próprias mãos, transformará Beirute e o sul do Líbano, que não estão longe daqui, em Gaza e Khan Younis”. A frase foi dita aos soldados israelenses no início de dezembro, durante uma viagem a uma base próxima à fronteira, porém fornece outra evidência da desmoralização do líder sionista, que longe de transformar Beirute em uma Gaza, se vê seriamente ameaçado.
A situação dos colonos desalojados do norte do país artificial é mais um fator de crise com potencial explosivo para a ocupação sionista da Palestina enfrentar. Graças à ação enérgica dos militantes do Hesbolá, o norte de “Israel” fora transformado em um deserto, com praticamente toda a população da região abandonando-a.
Ainda no começo da ofensiva palestina pela libertação de companheiros presos, ocorrida no dia 7 de outubro e detonador de toda a sequência de crises desde então.
Além de impedir as forças militares israelenses de se concentrarem totalmente em Gaza, os ataques com foguetes realizados pelos libaneses acabaram desencadeando um apoio extra à luta do povo palestino, na medida em que a situação causada pela ação do Hesbolá intensifica a crise de características terminais vivida por “Israel”. A fratura política no interior da sociedade israelense é mais uma importante barreira para a manutenção da política criminosa do Estado sionista, que vê as tensões internas se multiplicarem sem conseguir resolvê-las, aproximando assim, a vitória final do heroico povo palestino e dos povos árabes de conjunto.