O Hesbolá, partido mais popular do Líbano, possui tanto uma ala política, que atua no parlamento, quanto militar, que está em guerra com “Israel”. Mohamed Raad, chefe do Bloco Parlamentar da Lealdade à Resistência, bloco do Hesbolá, em um discurso afirmou que a ocupação israelense inevitavelmente encontrará seu fim, afirmou com todas as letras: “estamos na fase anterior à da vitória”.
O discurso foi proferido em um evento em memória dos comandantes mártires do Hesbolá na aldeia libanesa de Jebshit. Ele ainda afirmou que, dia após dia, “Israel” está revelando seu racismo e sua incapacidade de conviver com outros seres humanos. Saudando os mártires, Raad ainda assegurou que o legado deles está vivo com milhares de combatentes da resistência que ainda enfrentam a ocupação israelense e protegem o país.
Ele também comentou os últimos ataques de “Israel” ao sul do Líbano que mataram 11 pessoas em 24h, incluindo mulheres e crianças. Raad enfatizou que a dor infligida pelos israelenses ao povo libanês será retribuída e que a resistência “atingirá o inimigo onde dói”. Ainda concluiu: “somos uma nação resoluta e poderosa diante do inimigo”.
Os grandes ataques israelenses lançados na quarta-feira (14) assassinaram 11 civis, incluindo pelo menos 4 crianças e 3 mulheres, e feriram muitos outros. Três dos assassinados eram uma mãe e dois de seus filhos, com idades de 12 anos e 6 meses, mortos no bombardeio de sua casa em Souané.
O discurso de Nasseralá
Mas o discurso de Mohamed Raad não foi o único importante. Na sexta-feira (16), o próprio secretário-geral do Hesbolá, Hassan Nasseralá, se pronunciou em um discurso a nação. Sobre os ataques israelenses ao sul do Líbano, ele afirmou “o inimigo pagará o preço pela morte de nossas mulheres e crianças com sangue. O preço desse sangue será sangue, não locais, dispositivos de espionagem e veículos, e eu deixarei a questão para o campo de batalha”.
O dirigente máximo do Hesbolá ainda comentou outras questões sobre a guerra contra “Israel”. Respondendo aqueles que pedem que a organização pare de atacar “Israel” ele afirmou: “alguns estão falando sobre o custo da resistência e suas consequências no Líbano, e essas pessoas estão nos pedindo para nos render. A verdade é que estamos diante de duas escolhas – resistência ou rendição – e o preço da rendição é alto, perigoso e muito crítico. Render-se significa submissão, humilhação, escravidão e desprezo por nossos idosos, nossos filhos, nossa honra e nossa riqueza. O preço da rendição no Líbano significaria a hegemonia política e econômica de ‘Israel’ sobre nosso país.”
“A batalha principal é em Gaza”
Logo depois ele abordou a importância da luta na Faixa de Gaza: “apesar de tudo o que o inimigo e os sionistas estão cometendo na Cisjordânia e em Gaza, os norte-americanos e israelenses devem entender que, na Palestina, estão enfrentando pessoas que não recuarão”. Ou seja, está prevendo a vitória militar dos palestinos. Logo depois elogiou a resistência do Iêmen contra os EUA e a Inglaterra e exaltou sua ação de bloqueio do Mar Vermelho em apoio a Palestina: “a batalha principal é em Gaza”.
Nasseralá ainda deixou claro que o principal culpado pelo genocídio na Faixa de Gaza não são os israelenses, mas a força maior por detrás deles, o Estado Unidos: “os EUA são primariamente responsáveis por cada gota de sangue derramada na região. Sem o apoio militar americano, a guerra israelense em Gaza poderia ter sido interrompida imediatamente. Apesar de receber todos os dólares da ajuda ocidental, ‘Israel’ falhou em alcançar seus objetivos declarados na guerra de Gaza e continuará a fazê-lo.”
“É impossível descrever a resistência lendária de Gaza”
O dirigente do Hesbolá ainda afirmou que o objetivo do Estado de “Israel” é “deslocar os palestinos e estabelecer um Estado puramente judeu” e que o objetivo do cerco à Faixa de Gaza era “levá-la à morte em silêncio e sem abalar o mundo”. E destacou que a resistência do Líbano e da Palestina “quebrou o equilíbrio da dissuasão israelense, despedaçou sua imagem e criou um equilíbrio de dissuasão e proteção”. E por fim concluiu: “não importa o que digamos e expliquemos, nossas palavras serão incapazes de descrever a resistência lendária em Gaza e a resistência lendária do povo de Gaza.
Ambas as colocações do mais importante dirigente político do país e de outro importante dirigente revelam a situação em que se encontra o Estado de “Israel”. O sionismo está sendo derrotado pela resistência armada dos árabes. O Hesbolá e as organizações palestinas são os principais grupos, dada a sua localização, que derrotaram militarmente o sionismo. A situação pode parecer crítica para os que não entendem muito de política, mas para os mestres como Hassan Nasseralá, que luta contra “Israel” a mais de quarenta anos, a vitória nunca esteve tão próxima.