Uma das muitas consequências da operação Dilúvio de al-Aqsa foi por completamente a nu a mentirosa máquina de propaganda de “Israel” para o mundo todo. A crise é tal que o embaixador sionista no Brasil quis em entrevista recente inventar uma operação midiática do Hamas nas redes sociais (todas controladas pelo imperialismo!) para controlar a opinião pública mundial. O Hasbará, “explicação” em hebraico, nome que designa a propaganda pró-sionista de conjunto, está em crise; o acesso aos fatos in loco tem passado com facilidade por cima dos esforços sionistas em mentir descaradamente para cobrir sua monstruosidade exposta.
A realidade é que a batalha pela opinião pública em torno da questão palestina tem sido ajudada pela incompetência dos “israelenses”. Em matéria publicada no sítio sionista Jewish Insider, Michael Oren, antigo embaixador de “Israel” aos Estados Unidos, que tem levado adiante uma campanha em defesa das monstruosidades cometidas em Gaza, disse que havia recebido pouquíssimo apoio do governo sionista.
Segundo Oren, que parece um sionista menos estúpido do que os membros do governo Netaniahu, não basta gritar antissemitismo frente aos desastres de relações-públicas de “Israel”. O problema seria de natureza organizativa: a propaganda “israelense” é levada adiante de uma maneira muito burocrática e ineficiente. Interessante é a seguinte colocação presente na matéria:
“Agora, em que mesmo os maiores apoiadores de Israel questionam as ações do estado judeu na faixa de Gaza, a diplomacia pública ou ‘hasbará’ tem desempenhado um papel cada vez mais central em como as ações do país poderiam se dar tanto em ‘casa’, quanto no campo de batalha e no mundo.”
Trata-se de uma evidente confissão de que o levante da opinião pública contra o Estado de “Israel” fora da Palestina ocupada pode ter consequências importantíssimas dentro da Palestina ocupada. Por diversas vezes, este Diário discutiu o caráter artificial e frágil do projeto sionista, uma relíquia da guerra fria incapaz de sobreviver sem a complacência da burocracia estalinista que asfixiava os movimentos revolucionários do mundo. O próprio inimigo concede a importância da batalha de propaganda; não é à toa ser este o eixo fundamental da campanha pró-Palestina levada adiante pelo PCO: a campanha de propaganda em defesa daqueles que lutam de armas nas mãos para derrotar os fascistas “israelenses”.
Enquanto os “israelenses”, e seus patrões imperialistas, têm dinheiro de sobra para bombardear civis inocentes, aparentemente não há dinheiro para levar adiante a campanha de publicidade em defesa do genocídio. É o que teria dito o carniceiro Netaniahu. Para Jacó Katz, membro sênior do Jewish People Policy Institute e antigo editor em chefe do The Jerusalem Post, o problema seria outro: uma falta de coesão e de unidade na propaganda a ser levada adiante:
“Essencialmente, qualquer um no governo pode e diz o que quiser.”
É verdade, os elementos da ala direita do governo de extrema-direita de Netaniahu contribuem fortemente para o fracasso da propaganda de mascaramento do genocídio. É difícil argumentar, por exemplo, que não se está matando civis propositalmente, quando membros do governo chegaram a publicamente falar em jogar uma bomba atômica em Gaza. A matéria é um tanto longa, e muitos exemplos são discutidos, mas a mensagem é clara: a extrema-direita “israelense” é repugnante de uma maneira que não pode ser consertada para a audiência global.
Trata-se de um problema essencialmente sem solução, um regime de apartheid tem de caminhar de tal maneira, os “trabalhistas israelenses” não conseguem mais controlar a situação na Palestina ocupada. A conclusão é simples: para os povos do mundo não é mais possível justificar a existência de um estado supremacista judeu.