Previous slide
Next slide

Palestina

Com proposta de cessar-fogo, Hamas pressiona ainda mais ‘Israel’

Segundo Gideon Levy, colunista do Haaretz, um dos principais jornais sionistas, o Hamas “deu um passo brilhante” que deixou "Israel" “envergonhado”

Nessa segunda-feira (6), o Hamas anunciou que aprovou uma proposta de cessar-fogo feita ao partido palestino há dois dias pelos mediadores do Catar e do Egito. Segundo informado em nota, “Ismail Hanié, chefe do birô político do Hamas, telefonou para o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na noite desta segunda-feira, onde informou a ele sobre a aprovação do movimento ao acordo de cessar-fogo proposto que receberam dos mediadores dois dias atrás, e sobre os detalhes do acordo proposto“.

Conforme Khalil Al-Hayya, líder do Hamas em Gaza, em entrevista à emissora catarense Al Jazeera, a proposta “inclui uma retirada completa de Gaza, o retorno dos deslocados e uma troca de prisioneiros”.

Sendo a proposta dividida em três fases, “no primeiro dia da primeira fase do acordo, há um compromisso claro de interromper temporariamente as operações militares”. Ainda nesta fase, “a ocupação se retirará para áreas adjacentes às fronteiras dentro da Faixa de Gaza“.

Apesar do caráter temporário da interrupção das operações militares inicialmente, em sua segunda fase, o acordo inclui “o anúncio direto de uma cessação permanente das operações militares e hostis”. Além disto, o Hamas informa que “não há restrições ao retorno dos deslocados, e isso está claramente estabelecido na proposta do acordo. 

Dessa forma, o Hamas, com este acordo, alcança “os objetivos de um cessar-fogo, o retorno dos deslocados, alívio e um acordo sério de troca de prisioneiros”. Informou ainda à Al Jazeera que os mediadores do Catar e do Egito teriam lhe informado que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estaria comprometido a garantir que o cessar-fogo fosse concretizado. 

Oficialmente, o Departamento de Estado dos EUA, através de seu porta-voz, Matthew Miller, declarou que discutirá a proposta com o Catar, Egito e “Israel”, que qualquer operação em Rafá afetará enormemente a entrega de ajuda humanitária e que “ainda não vimos nenhum plano realmente aplicável para lidar com os civis em Rafá antes de qualquer ação militar”. Além disto, Miller declarou que o diretor da CIA está “literalmente trabalhando nisto [avaliar a proposta] neste momento”, acrescentando que “é algo que é uma prioridade máxima para todos nesta administração, desde o presidente até abaixo”.

Ainda segundo a declaração Khalil Al-Hayya, o partido palestino está aguardando “a resposta da ocupação à nossa aprovação da proposta de cessar-fogo”. “A bola agora está no campo da ocupação israelense”, disse o dirigente do Hamas em Gaza. Ismail Hanié, líder do Hamas, teria dito o mesmo para Hossein Amirabdollahian, ministro das Relações Exteriores do Irã, conforme noticiado pela Al Jazeera.

Diante deste anúncio, os palestinos de Rafá saíram às ruas da cidade para comemorar:

Em Telavive, capital de “Israel”, famílias de prisioneiros israelenses bloquearam a estrada Aylon, exortando o governo a aceitar o acordo, ou então irão “queimar o país”:

“O Hamas concordou com o acordo, e agora é hora de trazê-los para casa, caso contrário, vamos queimar o país.”

O anúncio do Hamas ocorre em um momento em que “Israel”, após mais de um mês ameaçando de invadir Rafá, começou a posicionar suas tropas próximo à cidade e emitiu ordens para que cerca de 100 mil moradores do leste da cidade se desloquem para uma área do campo de refugiados de al-Mawasi, localizada na costa do Mar Mediterrâneo, a oeste de Khan Younis.

Contudo, a invasão ainda não ocorreu, ao mesmo tempo em que os termos aceitos pelo Hamas contêm um cessar-fogo permanente. Ou seja, o Hamas não está negociando com “Israel” para tentar impedir a invasão, caso contrário, aceitaria uma proposta desfavorável para o partido palestino. Trata-se, ao invés disso, de uma pressão contra a ocupação sionista.

Segundo análise de Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), as ameaças de “Israel”, sem nunca invadir, é uma tentativa de forçar o Hamas a aceitar um acordo que seja desfavorável ao partido palestino e, consequentemente, ao povo palestino:

“A invasão de Rafá está sendo uma moeda de troca que os sionistas colocam na mesa de negociação com o Hamas: ‘se vocês não aceitarem o acordo, vamos invadir o Rafá’. Por isso que está nesse ‘vai não vai’”.

Pimenta, apesar de acreditar que as forças israelenses de ocupação possam sim invadir Rafá, destaca que “é preciso prestar atenção que essa ordem de evacuação não é de toda a cidade de Rafá, é de uma parte, o que mostra que eles ainda não estão preparando uma operação geral”, pois é possível que os sionistas não tenham realmente “a segurança de achar que eles vão se dar bem”. Nesse sentido, recentemente, o líder do Departamento de Relações Exteriores do Hamas, Ali Baraka, declarou que as Brigadas de Rafá têm uma surpresa reservada para as forças israelenses de ocupação

Este, então, seria um dos “motivos pelo retardamento da invasão”, segundo Rui Pimenta. “O outro é pela pressão. Na hora que invadir, não vai ter mais negociação”, disse o presidente do PCO. Nesse sentido, Volker Turk, alto comissários da ONU para os direitos humanos, declarou que a ordem de evacuação de Rafá “é desumana” e “contrária aos princípios básicos das leis internacionais humanitárias e de direitos humanos, que têm a proteção efetiva dos civis como a sua principal preocupação“.

Quanto às reações por parte do governo de “Israel”, Itamar Ben-Gvir, o ministro da polícia, publicou em sua página do X (antigo Twitter) a seguinte mensagem:

“Os exercícios e jogos do Hamas têm apenas uma resposta: uma ordem imediata para ocupar Rafá! Aumentando a pressão militar e continuando a derrota completa do Hamas, até a sua derrota total.”

Desde que o Hamas anunciou que aprovou a proposta de acordo, o gabinete de guerra de “Israel” decidiu por unanimidade invadir Rafá, segundo comunicado do gabinete de Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro de “Israel”. Algo que, mais uma vez, não significa que a invasão será levada adiante.

Conforme reconhecido em declaração à Al Jazeera, Gideon Levy, colunista do Haaretz, um dos principais jornais sionistas, afirmou que o Hamas “deu um passo brilhante” que deixou “Israel” “envergonhado”: “o Hamas disse muito claramente: ‘concordamos com um acordo’, cujos detalhes nenhum de nós conhece exatamente, e agora a bola está nas mãos de Israel e Israel tem que decidir”.

Ao fechamento desta edição, “Israel” havia começado a bombardear civis no leste de Rafá. Ao mesmo tempo, enviou equipes para conversar com os mediadores para tentar chegar a um acordo conforme seus interesses. Uma medida desesperada para forçar o Hamas a aceitar um acordo desfavorável.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.