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Faixa de Gaza

‘Hamas amigo de Netaniahu’, loucura da esquerda pequeno-burguesa

Mesmo com todas as derrotas israelenses, a Tendência Marxista Internacional segue atacando o Hamas

Quando o Hamas lançou a operação Dilúvio de al-Aqsa em outubro de 2023, quase a totalidade da esquerda demonstrou que havia capitulado frente ao imperialismo. Ao invés de apoiar a luta armada dos oprimidos como foi na Argélia, no Vietnã e na própria Palestina, agora, esse setor da esquerda ou aderiu à campanha do imperialismo de que o Hamas é uma organização terrorista, ou ficou acuada e não se posicionou. Quem foi mais longe nisso foi a International Marxist Tendency, no Brasil, a Organização Comunista Internacionalista. Em seu portal In Defense o Marxism, o grupo publicou, ainda em janeiro, um texto para atacar o Hamas intitulado Hamas and Israel: friends and foes.

O grande problema do artigo, que demonstra que a IMT está totalmente subordinada à política imperialista, é que as fontes usadas são quase todas sionistas. Os pseudo-marxistas suecos ignoram que o sionismo é uma indústria de mentiras e que não deve ser nunca usado como principal fonte de informação. Caso o seja, esse é o resultado, se posicionar contra as organizações de luta dos palestinos, ou seja, atuar a favor do Estado de “Israel”.

O artigo começa reafirmando que o IMT não apoia o Hamas: “qualquer chamado para uma intifada é equiparado ao apoio ao ataque do Hamas em 7 de outubro – algo que está longe da verdade. As tradições revolucionárias e democráticas das intifadas, com seus protestos em massa, boicotes e greves, há muito tempo incomodam as forças de ocupação israelenses. E é precisamente por isso que o Hamas desfruta há muito tempo de apoio político e econômico indireto de Israel“.

Aqui, o autor já se entrega. Primeiro, demonstra que seu posicionamento existe devido ao assédio da imprensa burguesa, que calunia o Hamas incessantemente. Segundo, porque fala de tradição “democrática”, a bandeira da esquerda pró-imperialista.

O artigo, então, conta a história da fundação do Hamas. Ele afirma que, desde o princípio, a organização se opunha à luta nacionalista dos palestinos, liderada pelo Fatá, e que, por isso, tinha algum apoio de “Israel”. Aqui nem vale entrar no mérito, pois o que importa não é o que a organização que existiu há quarenta anos fazia, mas sim a posição que o Hamas ocupa na crise atual. Por esse raciocínio, porque os EUA apoiaram Sadam Hussein na década de 1980, em 2003, quando invadiram o Iraque, foi uma “invasão aliada”. Mas é preciso reafirmar: não se pode acreditar nem na acusação de que o Hamas nasceu como aliado de “Israel”.

Porém, se no início do artigo ainda havia uma tentativa de ser comedido, usar argumentos mais históricos e políticos, logo depois, o IMT se afunda totalmente na política do imperialismo:

“O Hamas cresceu como o principal opositor dos Acordos de Oslo. O terrorismo tornou-se uma parte cada vez mais importante de suas atividades. Em resposta ao massacre de Hebrom em 1994, realizou o primeiro ataque suicida contra civis israelenses. Israel passou a enfatizar cada vez mais a ameaça do Hamas em sua propaganda anti-palestina. Com o bloqueio de Gaza em 2006 e a criação da maior prisão a céu aberto do mundo, foi lançada a última base material para que a organização terrorista se fortalecesse.”

De início, o uso do termo “terrorismo” para ações de uma organização que luta contra o sionismo já é um grande erro. Todos sabem que essa é justamente a forma que o imperialismo e o sionismo utiliza para reprimir todos os povos que se insurgem. Mas não fica só por isso, o IMT considera abertamente o Hamas uma “organização terrorista”! Nesse momento fica claro que essa organização, que tem sua principal sede na Inglaterra, isto é, o segundo país mais importante do mundo no que diz respeito ao apoio ao sionismo, capitulou completamente ante a pressão da burguesia. Qualquer organização que se autoproclama marxista na Inglaterra, país que entrou de cabeça na “guerra ao terror”, deveria ser radicalmente contra a política de “combate ao terrorismo”. É o equivalente no Brasil da esquerda que apoia a “luta contra a corrupção” durante o período do golpe de Estado contra o PT, só que ainda pior.

Neste momento, o IMT começa a utilizar citações dos israelenses para provar que o Hamas é, na verdade, um aliado secreto. O principal problema é que o autor não entende que as acusações de que Netaniahu é aliado do Hamas são, na verdade, uma campanha contra o primeiro-ministro de “Israel”. O imperialismo gostaria de controlar o regime político do país com outro candidato, houve uma enorme investida para tentar trocar o governo israelense entre 2018 e 2022. O imperialismo teve pouco sucesso, Netaniahu ficou de fora por cerca de um ano e meio, mas voltou ao poder.

Assim, o IMT usa citações como: “um dos associados próximos de Netaniahu, Gershon Hacohen, reconheceu isso acidentalmente em uma entrevista de 2019. ‘Precisamos dizer a verdade. A estratégia de Netaniahu é impedir a opção de dois estados, então ele está transformando o Hamas em seu parceiro mais próximo. Abertamente, o Hamas é um inimigo. Secretamente, é um aliado’. Dessa forma, explicou o presidente israelense Ehud Barak em 2019, ‘é mais fácil com o Hamas explicar aos israelenses que não há ninguém para sentar e conversar'”.

Aqui, o ano é crucial: 2019, em meio a campanha para derrubar Netaniahu. Ehud Barak, por exemplo, é um dos principais líderes do trabalhismo, chegou até mesmo a ser presidente de “Israel”. Ao invés de usar declarações de sionistas, o IMT deveria se questionar se faz algum sentido a aliança de Netaniahu com o Hamas. No momento em que o texto foi publicado, cerca de três meses após a operação do Hamas, qual era a situação do primeiro-ministro de “Israel”? O governo Netaniahu está em sua maior crise desde que assumiu em 2009! A campanha imperialista que tirou Netaniahu do governo em 2021 comparada ao que fez o Hamas não é nada. O Hamas está destruindo o regime político israelense. Mas o IMT é totalmente incapaz de compreender como funciona a luta política.

A sua conclusão é a cartilha da esquerda pequeno-burguesa pró-imperialista: “o relacionamento passou por diferentes fases ao longo dos anos, mas o objetivo de Israel tem sido o mesmo: usar o Hamas como um aríete contra os elementos democráticos, seculares, socialistas e comunistas da luta pela liberdade palestina”.

Aqui fica claro o anti-marxismo do IMT. O que importa não é a ideologia do Hamas, o que importa é que ele luta. O Fatá é secular e democrático, esse sim é um aliado direto de “Israel”. Já a FPLP é secular e comunista, ela se opõe ao Hamas? Não. Pelo contrário, está ao lado da organização lutando de armas na mão em Gaza.

Na prática, o IMT usa a “democracia” e o “terrorismo” para se opor ao Hamas. Ignora que a organização lidera hoje a luta dos palestinos pela libertação nacional, que “Israel” está sendo humilhado pelas ações do Hamas. Nada disso importa. O que importa para os pseudo-marxistas é se o cidadão se autoproclama marxista revolucionário, mesmo que isso não tenha relevância nenhuma na luta política. É o mundo mágico da pequena-burguesia. Mais importante um marxista na Universidade de Beirute do que uma milícia de 100 mil soldados xiitas no sul do Líbano. Agora pergunte para um operário libanês o que é mais relevante na luta contra o sionismo. Não é difícil imaginar sua resposta.

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