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HISTÓRIA DA PALESTINA

Guerra de Julho: quando Hesbolá derrotou ‘Israel’ no Líbano

Esse acontecimento foi um marco da consolidação do Eixo da Resistência, coalizão antiimperialista e antissionista liderada pelo Irã

Mesmo já tendo feito mais de mil vítimas com seus ataques criminosos ao Líbano desde 7 de outubro, o Estado nazista de “Israel” não consegue subjugar o partido de massas libanês Hesbolá e sua luta revolucionária em defesa do povo palestino.

Desde que a atual etapa da Revolução Palestina foi desencadeada pela Operação Dilúvio de al-Aqsa, liderada pelo Hamas, o Hesbolá vem realizando ações revolucionárias contra posições militares das forças de ocupação no norte de “Israel”, o que já resultou em mais de 2 mil baixas nas fileiras sionistas e na expulsão de mais de 100 mil colonos fascistas daquela região dos territórios ocupados.

Esse sucesso político e militar do Hesbolá contra o sionismo se dá em razão de anos de luta contra “Israel”. Surgido na década de 1980, durante a Guerra do Líbano de 1982, expulsou os sionistas do sul do país no ano 2000. Mas foi com a Guerra do Líbano de 2006, que o Hesbolá mostrou definitivamente que “Israel” jamais conseguiria fazer contra o povo libanês o que fizera entre os anos 70 e 90 (Massacre de Sabra e Chatila, Bombardeio de Beirute etc.). Na mesma época, o Eixo da Resistência, coordenado pelo Irã, começava a ser consolidado.

A Guerra do Líbano de 2006 é também conhecida como Guerra de Julho, por ter se iniciado em 12 de julho daquele ano, quando as forças israelenses de ocupação bombardearam estradas do Líbano e o Aeroporto Internacional de Beirute Rafic. 

Anteriormente à guerra, entre 2000 e 2006, o Hesbolá tinha lutado para expulsar absolutamente todas as tropas sionistas que permaneciam em território libanês. De fato a maioria das forças israelenses de ocupação terem sido expulsas do país em 2000, com o Hesbolá colocando fim a chamada “Zona de Segurança” do Sul do Líbano”, ente político-territorial ao sul do Líbano, que havia sucedida o “Estado Livre do Líbano”, ente fantoche de “Israel”, que existiu entre 1978 e 1984, e estava sob o controle de fascistas cristãos maronitas.

O recuo das tropas sionistas para trás de marco territorial estabelecido pelas Nações Unidas (ONU), para que a derrota de “Israel” não fosse tão humilhante. Contudo, parte do território para qual os sionistas recuaram ainda era território libanês. Fala-se das Fazendas Shebaa, terreno que abrangia parte da fronteira sul libanesa e das Colinas do Golã.

Mapa da guerra do Líbano a partir da segunda invasão sionista em 1982.

Durante esses anos em que o Hesbolá lutou para recuperar para o Líbano o território das Fazendas de Shebaa, seus militantes e combatentes construíram uma vasta rede de túneis na fronteira sul do país, preparando-se para quando os sionistas os atacassem novamente. Da mesma forma, adquiriram do Irã e da Síria equipamentos militares mais avançados daqueles que já possuíam, principalmente foguetes e mísseis.

Uma medida defensiva necessária. Segundo declarou Nabih Berri, líder do parlamento libanês à época, ao comentar sobre violações das tropas sionistas à Linha Azul (fronteira estabelecida pelo imperialismo), “o número de violações israelenses foi 11.782 vezes, por via aérea, marítima e terrestre” entre 2000 e 2006. Uma destas violações foi uma operação do Mossad que resultou no assassinato de Mahmoud al-Majzoub, também conhecido como Abu Hamza, importante membro da Jiade Islâmica Palestina, e político que era um elo de ligação importante entre o Hesbolá e a Guarda Revolucionária do Irã. Seu martírio deu-se em 26 de maio de 2006.

Quando de 12 de julho de 2006, o Hesbolá, após seis anos de luta para recuperar esse território, realizou uma incursão militar, capturando tropas sionistas. A finalidade? Utilizá-los para trocar por prisioneiros libaneses, que estavam encarcerados em “Israel”. Anteriormente, em 2004, o partido já havia conseguido a soltura de 450 prisioneiros libaneses das prisões sionistas, em troca dos corpos de três soldados das forças que haviam sido aniquilados em 2000 e um coronel que havia sido capturado e ainda estava vivo. Contudo, nesta troca “Israel” recusou-se a libertar Samir Kuntar, importante membro da Frente de Libertação da Palestina (ele seria liberto em 2008, graças ao Hesbolá).

Disparos de foguetes Katyusha fizeram parte da nova operação, como distração para um ataque com míssil antitanque que atingiu dois blindados israelenses que patrulhavam o lado “israelenses” da fronteira. Três sionistas foram aniquilados e dois soldados capturados e transportados ao Líbano.

Em entrevista concedida em 2019, Qassem Soleimani, então líder da Força Quds, e arquiteto do Eixo da Resistência, afirmou que essa operação foi coordenada por Imad Mughniyeh, então Chefe do Estado-Maior do Hesbolá. Este Diário já publicou matéria sobre o ele, mas é interessante citar o que Soleimaini dizia sobre Mughniyeh:

“Não sei que título pode descrevê-lo, me pergunto se posso usar o título de General, que se tornou popular hoje. Agora os títulos ‘general’ e ‘brigadeiro-general’ são frequentemente usados ​​no nosso país. Mas ele estava além desses títulos; ele era um general, no verdadeiro sentido da palavra. Ele era um general com características mais semelhantes às de Malik Ashtar no campo de batalha”.

Ante esta nova captura, “Israel” recusou realizar uma troca de prisioneiros, e as forças de ocupação, no mesmo dia, iniciaram seu ataque, bombardearam estradas para impedir o sucesso da captura, o que fracassou. Mostrando a natureza criminosa do Estado sionista, as pistas de pouso do Aeroporto Internacional Rafic Hariri, localizado em Beirute, também foram bombardeadas, um alvo civil. Nestes ataques, quarenta e quatro civis foram assassinados. No sul do país, contudo, mais de cem ataques aéreos foram realizados, sob a justificativa falsa de que estariam atacando simplesmente bases militares do Hesbolá.

A guerra de 2006

Durante a guerra, o Estado nazissionista criou a sua Doutrina Dahia, famoso por ser usada diversas vezesm em Gaza. Essa estratégia que envolve a destruição da infraestrutura civil, para pressionar a população a se voltar contra seu governo ou aqueles grupos que lutam por sua libertação. 

No caso da Guerra do Líbano de 2006, “Israel” tinha o objetivo de fazer a população libanesa se voltar contra o Hesbolá. No total, morreram cerca de 1.300 libaneses. Grave dano foi perpetrado contra a infraestrutura civil do Líbano, e os bombardeios e incursão militar das tropas sionistas resultaram no deslocamento de quase 1 milhão de libaneses. Mas a estratégia de “Israel” não funcionou. Foram aniquilados 165 israelenses e entre 300 mil e 500 mil sionistas também tiveram de se deslocar da região norte de “Israel”.

Da mesma forma que o Partido de Alá surgiu da resistência do povo libanês à invasão sionista na década de 1980, ao longo dos anos consolidando-se como principal representante do povo libanês na luta antiimperialista e antissionista, em 2006 a luta do Hesbolá contra os invasores sionista os consolidou como um dos principais poderes militares do Oriente Próximo. A guerra de guerrilha travada pelo partido fez fracassar a investida de “Israel”, obrigando o Conselho de Segurança da ONU (CSONU) a intervir.

Para salvar a imagem do Estado sionista, mas consolidando a vitória do Hesbolá, um cessar-fogo foi proposto no Conselho e, em 11 de agosto de 2006, a Resolução 1701 foi aprovada, sendo aceita pelo partido e pelo governo libanês em 12 de agosto, e pelo governo israelense no dia 13. 

Ao fim, a guerra durou 33 dias. Mas, ao contrário das guerras rápidas nas quais “Israel” havia se envolvido anteriormente, tais como a Guerra de 1967, nesta o Estado sionista saiu derrotado. 

O Hesbolá, por sua vez, saiu fortalecido, sendo que esse acontecimento na história do Líbano é um marco da consolidação do Eixo da Resistência, coalizão militar e política liderada pelo Irã, que reúne países oprimidos e movimentos de libertação nacional do Oriente Próximo comprometidos na luta contra o imperialismo e contra o sionismo.

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