Apesar de toda a campanha da imprensa golpista em defesa do Estado fictício de “Israel” em relação à questão da Palestina, a realidade é que a operação Dilúvio de Al-Aqsa foi um ponto de inflexão, que mudará para sempre a história do povo palestino, senão até mesmo de todos os outros povos oprimidos do Oriente Médio.
Um renomado historiador israelense, Ilan Pappé, autor do livro “A limpeza étnica na Palestina”, crítico do governo de “Israel” no trato para com a povo palestino na região, fez uma declaração um tanto lucida e clara sobre o momento do conflito em que os soldados israelenses estão orquestrando um verdadeiro extermínio na Faixa de Gaza contra a população palestina.
“Eu acho que será escrito como o começo do fim do projeto sionista, e as pessoas que são bons historiadores lembrariam os leitores, que o começo do fim de projetos, como o sionismo. É o mais perigoso capítulo da história em um lugar é quando o regime ou projeto, chame do que quiser, luta por sua existência. É muito cruel, é implacável, é violento, mais do que nunca. Então as pessoas diriam que este foi o momento mais sombrio provavelmente na história da Palestina. Mas foi a escuridão do amanhecer, eu acho que é isso que as pessoas chamariam. E eu acho que eles olhariam para este momento e diriam, sim, estes foram anos difíceis, mas eles levaram a algo muito maior que nunca pensamos que aconteceria. Mas provavelmente vai acontecer” (sic). Afirmou Ilan Pappé.
Durante sua tradicional Análise Política de Terça (12/03), Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária, declarou:
“É o que temos dito desde o começo, que é o começo do fim. Nós caracterizamos a ação do Hamas no dia 7 de outubro dessa maneira, porque tinha sido um ponto de inflexão na situação palestina e mundial. E é interessante ver que o Ilan Pappé falou a mesma coisa porque ele é um historiador muito sério, é uma pessoa que se opõe ao sionismo por muito tempo e ele fez um trabalho – não é o único que fez – de desmascaramento do sionismo. A expressão limpeza étnica na Palestina é dele, escreveu um livro extraordinariamente bom, e acho que ele está bem posicionado para fazer essa declaração. Corrobora o que temos dito, também acho, acho que é o começo do fim, não vai sobreviver.”
É importante esclarecer que apesar de toda a matança deliberada que estamos assistindo em tempo real na Faixa de Gaza, existem muitos contrapontos que esclarecem esse “fim do projeto sionista” destacados nas duas citações acima. Uma das questões principais é que a resistência armada tem sido implacável contra os nazisionistas, seja ela na própria Palestina, sob a liderança do Hamas, seja através das ações do Hesbolá, no Líbano, e do Ansar Alá, no Iémen.
Nesse sentido, nesta segunda-feira (11) a emissora Al Mayadeen destacou que “a Resistência Islâmica no Líbano – O Hesbolá realizou várias operações, em apoio ao resiliente povo de Gaza e à sua Resistência contra locais israelitas, reuniões de soldados e equipamento ao longo da fronteira entre a Palestina e o Líbano. No dia 11 de março de 2024, a Resistência Islâmica conduziu oito operações contra a ocupação israelita, confirmando ataques diretos“.
O vice-secretário-geral do Hesbolá, durante a cerimônia em memória dos três mártires da aldeia de Blida, no sul do Líbano, o Xeique Qassem, afirmou que a Resistência estava preparada para conter qualquer expansão da agressão, enfatizando que está mais preparada para apoiar Gaza até que cesse a agressão israelense na Faixa. Acrescentando que não está preocupado com qualquer declaração israelita sobre uma invasão terrestre do Líbano, seja ela um exagero ou uma declaração.
Nesta terça-feira (12) a imprensa israelense confirmou também que o Hesbolá disparou dezenas de foguetes contra Al-Jalil ocupada e o Golã. A imprensa ainda confirmou que este foi o maior ataque desde 8 de outubro. Foram cerca de 100 mísseis, detalhando ainda que foram disparados em dois lotes consecutivos, 70 foguetes no primeiro e 30 no segundo. Esse ataque seria uma retaliação à agressão a Baalbeque na noite anterior.
Outro ponto que chama atenção, também esclarece o ponto de que a iniciativa do Hamas pode ser decisiva para o fim do Estado fictício de “Israel” é um relatório da de inteligência dos Estados Unidos. De acordo com Kimberly Halkett da Al Jazeera, o relatório abrange conclusões de 18 agências de inteligência diferentes dos EUA e mostra que, ao contrário do que pensavam as lideranças israelenses, o conflito vai durar ainda muito tempo e não será curto.
O relatório diz: “A desconfiança na capacidade de Netanyahu para governar aprofundou-se e alargou-se entre o público, a partir dos já elevados níveis anteriores à guerra”. E complementa: “Israel irá provavelmente enfrentar uma resistência armada persistente do Hamas nos próximos anos, e os militares terão dificuldade em neutralizar a infraestrutura subterrânea do Hamas, que permite aos insurgentes esconderem-se, recuperarem forças e surpreenderem as forças israelenses”.
Há também informações que dão conta que a economia de “Israel” caminha a passos largos para uma crise. O jornal russo Sputnik publicou uma matéria informando que a economia do Estado “Israel” teria encolhido em quase 20% desde a operação Dilúvio. O norte-americano The Wall Street Journal publicou uma matéria informando que o principal motor da economia israelense, o setor de tecnologia, está em baixa e sob risco de entrar em colapso.
Sendo assim, fica claro a necessidade desse pontapé inicial da resistência armada palestina contra os nazissionistas de “Israel” e todo o imperialismo de conjunto, que há mais de 100 anos martiriza, rouba e ataca a população palestina. Somando-se a isto, a opinião pública mundial tem cada dia mais se dado conta que se trata de um genocídio como o que ocorreu na Alemanha nazista, de forma que as mobilizações por todo o planeta em defesa dos Palestinos são gigantescas. Por outro lado “Israel” segue cada vez mais isolado no cenário mundial.