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Lista de livros femininos

Fuvest na política para apagar a cultura nacional

O caráter artificial da lista da Fuvest não deve ser encarado como uma medida progressista

Recentemente, a Fuvest elaborou a relação de obras obrigatórias para leitura destinada a quem quer prestar vestibular da USP. Tal relação foi composta exclusivamente por escritoras, tendo sido deixado de lado todo e qualquer escritor brasileiro, por mais importante que ele tenha sido para a literatura nacional.

Obviamente tal determinação da Fuvest, de caráter abertamente artificial, levou a uma série de críticas, e, por outro lado, apoios, como foi o caso da Folha de S. Paulo e seus colunistas, que se colocaram a favor da medida, dizendo que não existe “caráter militante em escolha de lista exclusivamente feminina”.

A argumentação a favor é que “a Fuvest tenta dialogar com as transformações do cânone literário”, e, claro, “chamar a atenção para a permanente marginalidade das escritoras no ensino médio”. Por outro lado afirmam que de tempos em tempos os integrantes das bancas examinadoras da Fuvest são substituídos, e aí estaria uma das explicações: a caixa preta da Fuvest.
Apesar de reconhecerem que nomes como “Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, José Saramago, Fernando Pessoa, João Guimarães Rosa e tantos outros”, sejam fundamentais, suas ausências não quer dizer “desprestígio”, a ausência de escritoras “apequena as autoras indicadas”.

A caixa preta da Fuvest, que ao determinar a leitura obrigatória de escritoras em detrimento de autores clássicos da literatura brasileira é apontada como um avanço e que se trata de refletir a suposta existência de “novo cânone literário”, que serviria para “incluir uma gama diversificada de vozes e perspectivas, incorporando autores de origens sociais, culturais, étnicas, de gênero e geográficas diversas, com a finalidade de trazer para o debate a riqueza da literatura contemporânea”. Ora, desde quando Paulina Chiziane ou Djaimilia Pereira de Almeida fazem parte de um “novo cânone” literário?

O caráter artificial da lista da Fuvest não deve ser encarado como uma medida progressista que visa dar “visibilidade” para as autoras. Muito pelo contrário. Mais de 100 mil pessoas fazem o vestibular da USP, e é relativamente fácil identificar, de pronto, o interesse comercial de editoras na publicação dos livros de leitura obrigatória para a realização do exame. 

Por outro lado, está relativamente claro que há uma tentativa de apagar o passado literário brasileiro por meio de medidas como estas, que, sob o pretexto de valorizar as mulheres, servem, na verdade, para apagar a história e a cultura brasileira. É a política identitária adotada pela Fuvest, e que já foi amplamente difundida para todos os ramos da atividade política e social da atualidade.

Essa política é um cosmético criado pelo imperialismo para esconder a verdadeira realidade das mulheres, que nada muda, seja com uma lista de de livros de autoras femininas da Fuvest, seja com a indicação de uma mulher para a corte superior, seja com uma nova gerente do Boticário, ou com qualquer outra medida desta natureza. 

“A inovação introduzida não exclui, antes pressupõe, o momento posterior de equilíbrio na construção da lista de leitura obrigatória. Em tal momento, nenhum critério de classificação poderá ser excludente. Afinal, a sociedade é, ela própria, diversificada e múltipla”. E assim, com belas palavras, se apaga um passado literário e cultural riquíssimo do Brasil em troca de uma frivolidade identitária.

A situação da mulher não vai se alterar com medidas iguais às da Fuvest. A falta de creches, de um salário que atenda às suas necessidades; a falta do direito ao aborto e outros direiros democráticos não são resolvidos, por exemplo, com uma lista artificial de autoras para a prova da Fuvest. 

O aumento da quantidade e qualidade literária feminina decorre, invariavelmente, de suas condições sociais para seu surgimento. A tentativa artificial de ocultar esse fato, esse requisito, serve justamente para não resolver esse problema, jogando-o para debaixo do tapete, deixando as mulheres no atual estado completo de opressão.

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