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Gabriel Araújo

Dirigente Nacional do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Editor da Tribuna do Movimento e do Boletim do Movimento. Militante do Partido dos Trabalhadores e colunista do Voz Operária-Rio de Janeiro.

Coluna

Europa e a desagregação do sistema capitalista – II

Cada vez menos as posições políticas do continente e de seus membros em particular tem tido a relevância de outrora

O continente europeu tem lembrado bastante um rato encurralado. Cada vez menos as posições políticas do continente e de seus membros em particular tem tido a relevância de outrora. Vejamos alguns casos.

Desde 1999 existe a negociação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. A Europa com seu processo de desindustrialização e perda de relevância no cenário internacional, tenta atualmente por meio deste acordo transferir os ônus da crise do neoliberalismo e de sua submissão à Washington, para os países que fazem parte do Mercosul, com imposições prejudiciais à economia desses países.

Recentemente através do presidente francês, Emmanuel Macron (Renascimento), a União Europeia rosnou sobre os termos do possível acordo e Mercosul em resposta virou as costas para os decadentes, tomando a posição de colocar o tal acordo na geladeira.

Conforme destacamos no texto anterior com o exemplo da dívida pública no velho continente é um de seus problemas, tendo em vista a sua incapacidade de possuir liquidez e tendo de valer-se da medida do endividamento em troca de títulos da dívida. Conforme mencionamos, a dívida francesa por exemplo, equivale à 111,8%. Segundo o jornal da burguesia imperialista Financial Times, a dívida pública do Reino Unido cresceu 8 vezes nos últimos 20 anos.

Assim como a saga desesperada do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, para tentar costurar um acordo de cessar fogo na Faixa de Gaza, o mesmo pode ser identificado com líderes europeus, como o ocorrido com o Presidente da Alemanha, Frank Walter Steinmeier. Essa situação, em que os líderes do mundo árabe e mulçumano tem evitado se encontrar com os líderes ocidentais, também aconteceu com Biden, em outubro passado, mas isso já havia ocorrido também em 2022 quando o ocidente tentava contornar a crise inflacionária e econômica, e necessitava controlar o preço do barril de petróleo.

No âmbito da União Europeia, vem surgindo uma barreira de contenção ao apoio a escalada belicista contra a Rússia, com a ascensão de figuras da extrema direita. Se nem todos tem uma posição abertamente contra o conflito na Ucrânia, é evidente que há uma determinada timidez e limpeza de mãos contribuir com os ucranianos. Porque, afinal, esses governantes tem amor à própria pele, sabem que a guerra é antipopular em suas populações, populações essas que foram massacradas pelas medidas neoliberais nos últimos anos, que viram os recursos da assistência social irem parar nos gastos em campos de batalha contra outras nações as quais nunca nem mesmo tiveram algum contato na vida ou nas mãos dos banqueiros internacionais.

A França que tem grande influência política, econômica e militar em vários países do continente africano, viu sua promessa de reprimir os levantes militares nacionalistas ficar no vazio e Macron teve de recuar. O presidente francês não se encontra em uma situação internacional e doméstica favorável para si.

Soma-se a essa questão, as grandes dificuldades que o conjunto dos países imperialistas vem enfrentando dentro da União Europeia e da OTAN, para financiar o regime político ucraniano para prolongar o conflito com a Rússia para evitar uma derrota no plano imediato. Essa situação comprova a enorme debilidade do bloco hegemônico de poder, de características neoliberais mais puro sangue. Todos os lideres com esse perfil, estão com enormes debilidades na sua situação doméstica, porque suas agendas políticas e econômicas internas de austeridade provocam um enormes desgaste com a população, e os bilhões despejados em guerras no exterior não encontram justificativa plausível tendo em vista a retirada de direitos da população.

Os principais países imperialistas do mundo enfrentarão um período de estagnação no crescimento econômico. Isso já era de se esperar tendo em vista os remédios contracionistas utilizados para controlar a subida na inflação nos anos anteriores, como foi o caso da retirada de dinheiro da economia através da sistemática elevação das taxas de juros dos bancos centrais. Porém, a escalada belicista em vários pontos do globo terrestre e a dificuldade de recuperação econômica desde a pandemia de covid-19 por conta da já frágil circunstância produtiva que o mundo se encontra por causa do processo de desindustrialização neoliberal, corroboraram com essa situação.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Alemanha fechou o ano de 2023 com retração de -0,5% no PIB e a previsão para 2024 de crescimento de 0,9%; o Reino Unido teve o crescimento de 0,3% em 2023 e está previsto para crescer 0,6% em 2024; a Itália fechou 2023 com 0,7% e a perspectiva é que continue em 0,7% em 2024; a França cresceu 1,0% e em 2024 espera-se que cresça 1,3%. EUA vai ser de dois anos consecutivos (2022 e 2023) com crescimento de 2,1% e é esperado que vá crescer 1,5% em 2024; o Japão vai sair da elevação do PIB de 2,0% em 2023 e irá para 1,0% no ano de 2024.

Esses resultados demonstram a enorme debilidade do imperialismo e que certamente a situação doméstica poderá atingir graus insurrecionais, com a potencialidade dos acontecimentos exteriores que poderão ser desencadeados nesse ano de 2024.

A Europa dia após dia vem dando claros sinais de sua decadência, situação que corresponde com o evidente processo de desagregação do sistema capitalista de produção. As organizações populares e de trabalhadores, devem trabalhar pela intensificação dessa situação, porque esse é o único caminho para a libertação de toda a humanidade da sistemática exploração e exclusão à que estamos submetidos.

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