Após abdicar da luta contra os bolsonaristas na defesa da Palestina e pelos interesses dos trabalhadores, a esquerda dedicou-se a celebrar a perseguição política contra lideranças da extrema direita brasileira, entre os quais o próprio ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL). “Toc toc toc” virou uma celebração nos meios esquerdistas, em referência à chegada da Polícia Federal às residências do líder e dos demais expoentes do bolsonarismo, reproduzindo um padrão de comportamento muito observado durante a fase da perseguição à esquerda promovida pelos lavajatistas.
Por mais desagradável que seja, é esperado, no entanto, que direitistas exibam um comportamento de torcedores entusiastas das arbitrariedades cometidas pelo Judiciário brasileiro, ao contrário da esquerda, a quem caberia o papel de expressar o repúdio das massas populares e trabalhadoras contra a opressão estatal. Isso conforme uma tradição centenária, porém abandonada no atual estágio de degradação e submissão política dos dirigentes da esquerda nacional, que, em maior ou menor grau, aliam-se ao pior inimigo do povo trabalhador: o imperialismo.
Foi este setor da direita que organizou a operação golpista Lava Jato, o golpe de Estado de 2016, a prisão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ainda um novo golpe de Estado em 2018, quando Lula fora proscrito, o que se revelou fundamental para que Bolsonaro fosse colocado no Palácio do Planalto na época. Finalmente, até aqui, o bolsonarismo agia com total consentimento da ditadura mundial que hoje os persegue.
Ao comemorar os desmandos do Judiciário, é a este setor da direita que as direções das organizações de esquerda do Brasil emprestam a autoridade política que ainda têm junto aos trabalhadores, levados, assim, a apoiar os verdadeiros fascistas, sob o pretexto de combater o fascismo.
A despeito das considerações fantasiosas dos esquerdistas, o que estão ajudando a fazer é criar um ambiente no qual as poucas garantias contra o arbítrio estatal nada valem. Tudo bem prender um presidente de um partido por uma desculpa esfarrapada. Tudo bem organizar um processo judicial maluco para prender uma liderança política que, na última disputa presidencial, teve dezenas de milhões de votos. E se tamanha parcela da população fica alijada de seus direitos políticos, tudo bem também, desde que uma ínfima e oportunista camada de dirigentes esquerdistas ganhe um caminho mais favorável aos cargos pelo qual tanto anseiam, custe o que custar.
Na luta política, ter a cabeça no lugar é fundamental. A falta de uma orientação adequada quanto às consequências do que se faz está fortalecendo os articuladores do imperialismo, que através da perseguição sionista ao Partido da Causa Operária e militantes do PT como o jornalista Breno Altman, deixam claro quem são os inimigos fundamentais da burguesia.
O caminho seguro para derrotar o bolsonarismo onde a esquerda pode ser fortalecida é através da mobilização popular, contra as arbitrariedades do Judiciário – independente dos alvos do aparelho de repressão – e contra outras expressões da opressão, como a barbárie israelense contra o povo palestino. O povo na rua é o que pode derrotar o bolsonarismo, porém no atual estágio de submissão política dos dirigentes esquerdistas, até isso eles temem, tal qual seus senhores imperialistas, os verdadeiros fascistas.
