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Oriente Médio

É o Hesbolá quem dita as regras no Norte, e não ‘Israel’

O Hesbolá não realizou nenhuma operação nos últimos dias durante o Eid al-Adha, pois os libaneses no sul do país estão celebrando o feriado islâmico

Com informação da Al Mayadeen

 

Segundo Or Heller, correspondente de assuntos militares da emissora israelense Canal 13, o ritmo dos acontecimentos na frente norte ao longo da fronteira com o Líbano diminuiu drasticamente nos últimos dois dias. O repórter do canal sionista afirma que os colonos israelenses no norte da Palestina ocupada estão muito irritados, pois a calmaria indica que o Hesbolá está impondo suas regras ao regime.

O Canal 13 informou que o exército israelense estima que os combates no Norte serão retomados na quarta-feira, após o feriado do Eid al-Adha, que os libaneses no sul do Líbano estão celebrando.

Shimon Kamri, ex-vice-prefeito de Kiryat Shmona, sarcasticamente agradeceu “ao primeiro-ministro do Norte”, referindo-se ao Secretário-Geral do Hesbolá, Sayyed Hassan Nasseralá, por dois dias de calmaria na frente norte.

O Hesbolá não realizou nenhuma operação nos últimos dias durante o Eid al-Adha, pois os libaneses no sul do país estão celebrando o feriado islâmico em suas cidades e vilas, desafiando as ameaças israelenses.

“Graças ao feriado deles, tivemos paz ontem e hoje, e estamos vivendo normalmente”, disse ele.

Kamri observou que a parte ocidental de Kiryat Shmona está totalmente queimada, indicando que o norte está em crise em meio à ausência do governo israelense, ministros, membros do Knesset (parlamento sionista) ou do primeiro-ministro.

A imprensa sionista informou que 76.500 dunans (unidade de área) de terra adequada para pastagem de vacas no norte da Palestina ocupada foram incendiados pela Resistência Islâmica no Líbano desde que os confrontos na fronteira entre a Resistência Libanesa no Líbano e “Israel” começaram.

Durante uma vista ao redor de Kiryat Shmona, Benny Gantz, que deixou o Gabinete de Guerra israelense na semana passada, indicou que a situação no Norte deve ser resolvida através de um acordo ou uma escalada militar.

Ele enfatizou que todos os colonos “devem estar de volta até 1º de setembro, para que não percamos outro ano [de combates] no Norte”.

‘Israel’ continua sua agressão no sul do Líbano

Enquanto isso, segundo correspondente da emissora libanesa Al Mayadeen, a artilharia militar israelense bombardeou, na segunda-feira (17), várias cidades do sul do Líbano.

O correspondente informou que a artilharia israelense alvejou as cidades de Kfar Kila, Aitaroun, Odaisseh e Kfar Hamam, assim como al-Khiam, Shebaa, Kfar Chouba, Mays al-Jabal, Chihine e al-Jibbain.

Ele acrescentou que as forças de ocupação israelenses também realizaram um ataque aéreo em Ayta al-Shaab, Mays al-Jabal e Shaqra, onde um civil ficou levemente ferido.

Aviões de guerra israelenses também quebraram a barreira do som sobre os céus da cidade de Tiro, no sul do Líbano, e suas áreas ao redor.

O correspondente da Al Mayadeen mencionou que um drone israelense alvejou um veículo na cidade de Selaa, no distrito de Tiro, matando o combatente da Resistência Mohammad Mustafa Ayoub (Jalal), que o Hesbolá lamentou.

Anteriormente, o PM Hassan Fadlallah, membro do bloco Lealdade à Resistência no Parlamento Libanês, apontou a firmeza dos libaneses apesar dos confrontos em andamento com a ocupação israelense.

Fadlallah disse à Al Mayadeen que a Resistência está sendo incentivada pelo povo libanês, que se mobilizou em grande número para participar das orações do Eid al-Adha em suas cidades no Sul do Líbano e vilas perto da fronteira libanesa-palestina.

Ele enfatizou que as ameaças e ações da ocupação israelense não afetariam a Resistência, afirmando que a Resistência “não enfraquece, acovarda ou teme [uma agressão israelense], e está pronta para se sacrificar e pagar o preço [de defender o Líbano]”.

O jornal israelense Maariv descreveu a situação no norte da Palestina ocupada como “desastrosa”, apontando que muitos israelenses não retornarão às suas colônias e que o sistema educacional no Norte está em processo de “desintegração”.

“É claro que o Norte não voltará a ser o que era antes”, afirmou o jornal.

Porta-voz dos EUA: não queremos escalada no norte com o Líbano

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou que os Estados Unidos não querem que outra frente seja aberta, nem querem uma escalada no norte com o Líbano

Em uma coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (17), Kirby foi questionado se os EUA ainda acreditam que uma guerra total com o Líbano pode ser evitada. Ele respondeu que Hochstein foi enviado à região por esse motivo específico.

“Se tivéssemos tanta certeza disso, provavelmente não teríamos Amos viajando para lá. Estamos obviamente preocupados com isso”, respondeu Kirby, referindo-se a Amos Hochstein, assistente sênior do presidente dos EUA, Joe Biden, que está em Jerusalém ocupada para conversar com funcionários do governo israelense para, supostamente, tentar impedir uma escalada adicional no Norte.

“Não queremos ver uma escalada, uma segunda frente na guerra de ‘Israel’, e estamos preocupados com isso”, reiterou.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, por sua vez, afirmou mais tarde: “nosso nível de preocupação não mudou muito; continua sendo algo que nos preocupa“.

Dias atrás, um funcionário de alto nível do governo dos EUA expressou profunda preocupação de seu país em relação a uma escalada na frente norte com o Líbano, enfatizando que “Washington realizou várias conversas de emergência [indiretas] entre Líbano e ‘Israel’ para evitar uma guerra em grande escala”.

Vale destacar que Miller reiterou em 13 de junho, em uma coletiva de imprensa: “mas, novamente, um cessar-fogo em Gaza seria a melhor maneira, em nossa avaliação, de avançar uma resolução significativa no norte de ‘Israel’ ao longo daquela fronteira”.

Em outra ocasião, Kirby disse que, após a saída de Gantz, ele não tinha certeza de que Netaniahu tinha muitas opções no Gabinete de Guerra.

Os comentários de Kirby refletem a divisão crescente dentro de “Israel”, que está se tornando cada vez mais aparente à medida que o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu anunciou a dissolução do gabinete de guerra no domingo (16), conforme relatado na segunda-feira (17), algo que já era esperado após a saída de Benny Gantz do governo.

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