Na manhã de segunda-feira (6), autoridades do 6° Batalhão da Polícia Militar de São Paulo (BPM/I) reportaram o desaparecimento de armas e munições de suas dependências. Segundo informações divulgadas pelo jornal Folha Santista, foram constatadas a ausência de duas pistolas Glock .40, 12 carregadores compatíveis com armas desse calibre e 210 munições correspondentes, além de dois carregadores de pistola Taurus 9mm de natureza particular, 24 munições desse mesmo calibre privado e uma capa para colete à prova de balas.
O material desaparecido teria sido retirado de um armário interno do batalhão, o qual apresentava sinais de arrombamento, levantando suspeitas de uma possível ação criminosa.
Esse incidente levanta preocupações sobre a segurança das instalações militares e a necessidade de reforçar os protocolos de segurança para evitar futuras ocorrências similares.
O Diário da Causa Operária entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) exigindo uma explicação sobre o caso e questionando se haveria alguma relação com a Operação Verão, que deixou mais de 55 mortos no começo de 2024. Em resposta, a secretaria afirmou:
“A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias do fato. O local foi periciado e diligências são realizadas para identificação da autoria e recuperação de material.”
A Operação Verão, que teve início em dezembro de 2023 e foi encerrada em 1º de abril de 2024, foi marcada por uma ação truculenta da Polícia Militar do estado de São Paulo, resultando em uma verdadeira chacina com a morte de 56 pessoas.
O objetivo da PM durante a Operação Verão era assassinar pessoas, e o governador não demonstrou preocupação em investigar as denúncias de abusos. Essa percepção surge da declaração do Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, sobre os objetivos da operação: “a operação cumpriu os seus objetivos, seja capturar alvos identificados por um trabalho de inteligência conjunta entre as polícias como reduzir os índices criminais na Baixada Santista. Agora, com a ampliação do efetivo, podemos dar continuidade a esse combate, que será constante”.
No início de março, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que não se preocupava com denúncias de abusos na condução da Operação pela Polícia Militar na Baixada Santista. Durante um evento na capital em celebração ao Dia Internacional da Mulher, ele declarou ter “muita tranquilidade com o que está sendo feito”.
Edneia Fernandes Silva, de 31 anos, foi baleada na cabeça enquanto conversava com uma amiga em um banco de praça em Santos, durante uma ação da PM por volta das 18h do dia 27 de março. Ela era cabeleireira, mãe de seis filhos, tinha o sonho de estudar Enfermagem e mudar da região.
Davi Gonçalves Júnior, de 20 anos, e Hildebrando Simão Neto, de 24, eram amigos e foram mortos dentro de casa por policiais do 1º Batalhão de Choque da Rota em 7 de fevereiro. Davi era entregador em uma loja de colchões desde os 13 anos, perdeu o pai aos 18. Hildebrando sofria de uma doença degenerativa chamada “ceratocone bilateral avançado” desde 2016, era cego total de um olho e tinha baixa visão no outro, conforme laudos médicos apresentados pela família e era pai de duas crianças, de 2 e 4 anos.
A falta de transparência e prestação de contas por parte das autoridades responsáveis escancara a indiferença destes e da polícia com relação à vida da população pobre, trabalhadora e oprimida.
É urgente uma campanha pelo fim imediato da polícia e do aparato de repressão estatal, inimigos mortais da classe operária. Os trabalhadores podem e devem organizar comitês de autodefesa para a proteção de suas comunidades, porém não é possível mais tolerar a existência dessa máquina de extermínio em escala industrial em atividade, assassinando pessoas pobres a serviço da classe dominante.