De acordo com reportagem da revista Piauí, o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Murano Derrite anistiou dezenas de policiais com alta letalidade em suas ações, além de trabalhar para desmontar a Corregedoria da Polícia Militar, responsável por investigar a ação dos policiais, em particular ocorrência resultantes em morte.
É uma política para blindar completamente a ação repressiva da PM em São Paulo. Trata-se também, por óbvio, de permitir a ação violenta da polícia e estimulá-la, na medida em que é protegida pelo aparato governamental.
Logo no início da atuação a frente da pasta, janeiro de 2023, Derrite envolveu-se na defesa explicita de uma ação da PM, na qual um carro foi atingido por 28 disparos. Segundo a PM, os ocupantes estavam armados e se preparavam para um assalto. Porém, as imagens de uma câmera de segurança, que mostrou que os policiais da ROTA teriam plantado uma arma para justificar o suposto “confronto” e com as investigações da Polícia Civil, quatro policiais foram indiciados por homicídio doloso. Na ocasião, dois ocupantes do carro foram mortos e um terceiro sobreviveu, por ter se fingido de morto, segundo ele mesmo.
A ação de Derrite ao defender uma ação brutal da PM antes mesmo de qualquer investigação já mostrava a que veio. Em fevereiro de 2023, o secretário cancelou a punição de 15 policiais da Rota, afastados das ruas devido à alta letalidade.
Já no mesmo mês deste ano, a mesma ação cancelou a punição de 50 polícias, afastados das ruas por alta letalidade, Derrite colocou-os de volta as ruas, passando por cima da decisão da Corregedoria. Desde o início de sua gestão, 65 policiais foram afastados por ocorrência com morte voltaram a ativa, trata-se de claro sinal a tropa, que se vê completamente acobertada para realizar uma política repressiva cada vez mais violenta. Uma ação demerara, que coloca a todos em risco de vida.
Derrite também tem atuado na Corregedoria da Polícia Militar, um órgão leniente com os abusos da corporação, que, aliás, faz parte. As investigações que ocorrem após ocorrência com morte estão paralisadas, Comissões de Mitigação de Riscos foram abertas, mas não saíram do papel, todos os polícias que se envolveram em mortes, inclusive os da famigerada geração verão, que deixou pelo menos 56 mortos na Baixada Santistas em cerca de três meses.
Dos 28 inquéritos policiais militares (IPMs) que chegaram a ser feitos, a Justiça Militar mandou refazer dezoito, por estarem mal feitos. Dias depois o secretário substituiu o coronel Edson Luís Simeira no comando da Corregedoria, responsável por refazer os inquéritos, por Fábio Sérgio do Amaral, responsável pelo Comando do Policiamento de Choque e que atuou na matança que deverá agora investigar. Há aqui, no mínimo, um conflito de interesse.
Esses exemplos mostram claramente que existe uma política deliberada da parte do governo do Estado, uma licença para matar implícita, uma política de repressão violentíssima estabelecida como a norma do Estado. Torna evidente que o governo do estado é o responsável direto por todas as mortes realizadas durante a gestão, mortes essas que vem crescimento exponencialmente. É preciso denunciar essa política que coloca em risco toda a população do Estado.